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Justiça alemã nega clemência a "contador de Auschwitz"

17 de janeiro de 2018

Oskar Gröning, ex-membro de tropa de elite nazista, de 96 anos, foi condenado por cumplicidade na morte de 300 mil pessoas em campo de extermínio.

Oskar Gröning
Durante o processo, Oskar Gröning admitiu ter "culpa moral"Foto: Reuters/A. Heimken

A promotoria da cidade alemã de Lüneburg negou nesta quarta-feira (17/01) o pedido de clemência feito por Oskar Gröning, ex-membro da Waffen-SS (tropa de elite nazista) conhecido como "contador de Auschwitz", de 96 anos.

O alemão foi condenado, em 2015, pelo Tribunal Regional da cidade de Lüneburg a quatro anos de prisão por cumplicidade no massacre de 300 mil pessoas no campo de extermínio nazista de Auschwitz. Gröning serviu no local em 1942 e 1943, durante a ocupação nazista na Polônia.

No fim de dezembro passado, o Tribunal Constitucional alemão, sediado em Karlsruhe, rejeitou um recurso dos advogados de Gröning e confirmou que ele terá de cumprir a pena de quatro anos. A defesa argumentou que seu cliente não estava em condições de ir para a prisão devido à sua idade avançada e seu estado de saúde.

O tribunal ressaltou que os problemas de saúde do condenado podem ser tratados com os tratamentos médicos devidos. Sublinhou, entretanto, que "caso sejam registradas mudanças negativas consideráveis no estado de saúde dele, durante sua estada na prisão, sempre há a opção de interromper parcialmente a pena de encarceramento pela de liberdade condicional".

A única possibilidade que resta ao nonagenário para tentar evitar a prisão é recorrer à secretária de Justiça da Baixa-Saxônia, Barbara Havliza.

Destaque entre julgamentos tardios

Durante os dois anos em que trabalhou em Auschwitz, Gröning confessou ter reunido dinheiro de pessoas presas pelo regime e enviado para Berlim. Sua função era administrar dinheiro, joias e outros objetos de valor dos deportados – o que lhe valeu o apelido de "contador de Auschwitz", dado pela mídia alemã.

Gröning também cuidava da bagagem dos prisioneiros, quando eles chegavam ao campo de concentração. "Nosso objetivo era evitar roubos", afirmou o nonagenário. "Não tínhamos nada a ver com a vigilância de prisioneiros."

A promotoria o acusou de ocultar indícios de assassinato em massa ao ajudar a dar sumiço à bagagem dos prisioneiros. Também o acusou de, como contador, separar o dinheiro e objetos de valor das vítimas, encaminhando-os, mais tarde, para Berlim, mesmo sabendo que Auschwitz servia para o assassinato em massa durante o Holocausto.

Apesar de afirmar que as mortes no campo de extermínio não tinham relação com sua área de trabalho, Gröning admitiu no processo ter "culpa moral" nos assassinatos. Ele expressou seu arrependimento e pediu perdão aos sobreviventes e familiares das vítimas.

O processo contra o ex-membro da SS foi destaque entre os julgamentos tardios de criminosos de regime nazista. Estes foram iniciados após o precedente aberto pelo caso do ucraniano John Demjanjuk, condenado em 2011 a cinco anos de prisão por cumplicidade nas mortes do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada.

Promotores de Hannover, responsáveis pelo caso de Gröning, devem convocar o idoso em breve para que ele comece a cumprir a pena na prisão.

LPF/dpa/afp/ap/efe

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