Ex-presidente da CBF é considerado culpado pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraude financeira e organização criminosa envolvendo contratos da Copa América, Libertadores e Copa do Brasil.
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Um tribunal de Nova York condenou nesta sexta-feira (22/12) o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin, de 85 anos, pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraude financeira e organização criminosa envolvendo contratos da Copa América, Libertadores e Copa do Brasil.
O brasileiro foi acusado de aceitar propinas no valor de 6,5 milhões de dólares de empresas de marketing esportivo entre 2012 e 2015, quando esteve à frente da CBF, filiada à Fifa. Em troca, as empresas recebiam os direitos de transmissão e marketing de campeonatos. Marin foi inocentado de uma acusação de lavagem de dinheiro na Copa do Brasil.
A pena para os seis crimes pelo quais foi condenado, que será estipulada num julgamento posterior, pode chegar a 120 anos de prisão. Marin deve recorrer da condenação.
Além de Marin, o ex-presidente da Conmebol Juan Angel Napout foi condenado no mesmo julgamento. O paraguaio foi considerado culpado de três acusações: organização criminosa e fraude financeira em contratos da Copa América e da Libertadores.
Escândalo de corrupção na Fifa
Em 2015, a Justiça americana revelou o maior escândalo de corrupção na história do futebol. Em maio daquele ano, às vésperas de um congresso anual da Fifa, a polícia suíça prendeu, em Zurique, sete altos dirigentes do futebol mundial, entre eles Marin.
A operação foi realizada a pedido do Departamento de Justiça americano. O grupo era acusado nos EUA de ter recebido milhões de dólares em propina ao longo das últimas décadas.
A Justiça dos Estados Unidos acusou os cartolas de lavagem de dinheiro, fraude e extorsão em esquemas que estariam em funcionamento desde a década de 1990. Para justificar a extradição dos detidos, o Ministério suíço da Justiça afirmou que os crimes teriam sido acertados nos EUA, e os pagamentos foram realizados através de bancos americanos.
Marin, que presidiu o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, no entanto, só aceitou ser extraditado para os EUA no final de outubro de 2015. Desde então, ele cumpria prisão domiciliar em seu apartamento de luxo em Manhattan.
CN/afp/rtr/ots
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O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.