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Justiça argentina divulga íntegra da denúncia de promotor

21 de janeiro de 2015

Alberto Nisman, que foi encontrado morto, acusa Cristina Kirchner de acobertar suspeitos iranianos de atentado. Publicação na internet foi possível graças à revogação do segredo de Estado ordenada pela presidente.

Foto: REUTERS/Marcos Brindicci/Files

O Supremo Tribunal de Justiça da Argentina divulgou nesta terça-feira (20/01) a íntegra da denúncia que o promotor Alberto Nisman apresentaria contra a presidente do Cristina e Kirchner e políticos ligados ao governo nesta segunda-feira. O promotor foi encontrado morto no dia anterior.

No documento, publicado no site do Centro de Informação Judicial, o promotor afirma que a presidente, juntamente com o ministro do Exterior, Héctor Timerman, o deputado federal Andrés Larroque e outros líderes do governo participaram de um "plano criminoso que visava a impunidade dos acusados de nacionalidade iraniana" de realizar um atentado a um centro judaico em 1994.

"A decisão deliberada de encobrir os acusados de nacionalidade iraniana foi tomada pela chefe do poder Executivo, a Dra. Cristina Elisabeth Fernandéz de Kirchner, e executada, principalmente, pelo ministro do Exterior, Héctor Marcos Timerman", diz a denúncia de Nisman.

O promotor também afirmou que o acordo de investigação firmado com o Irã é "a peça central de um plano de impunidade" elaborado pelas autoridades argentinas. O acordo, assinado em 2013, previa a revisão completa da documentação da investigação judicial, a possibilidade de que os autores do atentado fossem interrogados em solo iraniano e a criação de uma "Comissão da Verdade".

"A assinatura e ratificação de tal documento implica a destruição definitiva de provas contra os acusados de nacionalidade iraniana", denunciou Nisman.

Alguns trechos do documento já haviam sido publicados por jornais argentinos. Na última quarta-feira, Nisman havia apresentado à imprensa um resumo de sua investigação, mas o promotor evitou expor o conteúdo completo para não violar o segredo de Estado.

As informações divulgadas pelo Supremo Tribunal deveriam ter sido apresentadas por Nisman nesta segunda-feira a um grupo de deputados. A divulgação da denúncia na internet só foi possível, após, na sequência da morte do promotor, a presidente revogar a lei que previa o sigilo desse tipo de investigação.

Nisman foi encontrado morto no banheiro do seu apartamento, em Buenos Aires. O corpo apresentava um ferimento de bala na cabeça, e ao lado do cadáver foi encontrada uma pistola calibre 22. Nesta terça-feira, a promotora encarregada do caso confirmou que exames de perícia não revelaram a existência de pólvora nas mãos do promotor.

CN/dpa/rtr

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