Justiça britânica barra ampliação do Aeroporto Heathrow
27 de fevereiro de 2020
Tribunal argumenta que construção de terceira pista é incompatível com compromissos ambientais voltados ao combate do aquecimento global. Decisão representa vitória para ativistas.
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Um tribunal de apelação no Reino Unido barrou nesta quinta-feira (27/02) o controverso projeto de ampliação do aeroporto Heathrow, em Londres. A decisão representa uma vitória para ativistas que entraram na Justiça contra a construção de uma terceira pista, devido a seu enorme impacto ambiental.
O tribunal aceitou um recurso apresentado por vários grupos de ativistas ambientais, como o Greenpeace, e apoiado pelo prefeito de Londres, Sadiq Khan, que alegavam que a ampliação do aeroporto mais movimentado da Europa aumentaria, além da poluição sonora, as emissões que causam o aquecimento global.
Segundo os ambientalistas, com o aumento do tráfego aéreo, o projeto iria contra o compromisso assumido pelo governo britânico em alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
Na decisão, o tribunal considerou haver incompatibilidade com os compromissos britânicos assumidos no Acordo de Paris, de redução das emissões de gases com efeito de estufa, como o CO2, e argumentou que, quando a expansão foi aprovada em 2018, o governo deveria ter levando em conta as disposições estabelecidas no pacto internacional para combater as mudanças climáticas.
O juiz Keith Lindblom afirmou que a falha de levar em consideração os compromissos em relação ao combate às mudanças climáticas foi "legalmente fatal" para os planos de construção de uma terceira pista no local.
Ambientalistas comemoraram a decisão. "Este julgamento tem implicações mais amplas para manter as mudanças climáticas no centro de todas as decisões de planejamento", disse Will Rundle, diretor jurídico da rede Amigos da Terra Internacional.
A Holdings Heathrow Airport, proprietária do aeroporto, anunciou que pretende apelar da sentença junto ao Supremo Tribunal. "Acreditamos que podemos vencer e, enquanto isso, trabalharemos com o governo para encontrar uma solução para o problema", afirmou um porta-voz do consórcio.
O governo britânico, por sua vez, deu sinais de que não pretende recorrer da decisão, levantando questões sobre o futuro da ampliação. O primeiro-ministro Boris Johnson é um dos maiores opositores ao projeto, que foi aprovado durante a gestão de sua antecessora, Theresa May. Na época, ele prometeu se deitar na frente dos tratores para impedir a obra.
A continuidade do projeto depende do apoio do governo, que ainda não se posicionou sobre o assunto. "Levamos a sério nossos compromissos com o meio ambiente, o ar puro e a redução de emissões de carbono. Vamos examinar cuidadosamente esse complexo julgamento e estabelecer nossos próximos passos no seu devido tempo", disse o Ministro dos Transportes, Grant Shapps.
Os defensores da ampliação alegam que, com a saída do Reino Unido da União Europeia, a terceira pista é fundamental para garantir o aumento do comércio da região com outros países.
Com a terceira pista, o maior aeroporto do Reino Unido passaria a ter capacidade para receber 130 milhões de passageiros por ano. Atualmente, circulam no Heathrow 78 milhões de viajantes. Prevista para começar em 2022 e terminar em 2028, a obra é estimada em 16,4 bilhões de euros. O projeto seria financiado pelo consórcio de investidores proprietário do local, que inclui fundos soberanos da China, Cingapura e Catar.
As companhias aéreas mais antigas ainda em operação
A indústria da aviação é cheia de adversidades e, ao longo da história, muitas empresas deixaram de existir. Confira as dez aéreas mais antigas do mundo ainda em atividade. Somente uma latino-americana figura na lista.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/B. Stanley
#10: LOT, da Polônia
A LOT foi criada em 29 de dezembro de 1928 pelo governo polonês, assumindo as aéreas existentes Aerolot (fundada em 1922) e Aero (1925). A era do jato foi introduzida na Polônia em 1968, quando o primeiro dos cinco Tupolev Tu-134 adquiridos pela LOT pousou em Varsóvia. Com uma frota com cerca de 70 aeronaves, entre elas o Boeing 787 Dreamliner (foto), a empresa voa para mais de 110 destinos.
Foto: Reuters
#9: Iberia, da Espanha
A empresa foi fundada em 28 de junho de 1927. Sua primeira rota nacional foi de Madrid para Barcelona (1927); a internacional, para Lisboa (1939); e a intercontinental, para Buenos Aires (1946). Em 2011, a empresa fez uma fusão com a British Airways para formar a International Airlines Group (IAG). No entanto, cada empresa opera ainda com seu próprio nome. No Brasil, ela voa para São Paulo e Rio.
Foto: picture-alliance/dpa/NurPhoto/A. Widak
#8: Air Serbia, da Sérvia
Fundada em 17 de junho de 1927, a Aeroput começou a voar regularmente entre Belgrado e Zagreb em 1928. A 2ª Guerra interrompeu as operações e, em 1947, a tradição da Aeroput foi continuada pela Aerolíneas Iuguslavas (JAT). Em 2013, a Etihad comprou 49% da empresa junto ao governo sérvio e a rebatizou de Air Serbia. Ela voa para 61 cidades com 19 aeronaves, entre jatos da Airbus e turboélices ATR.
Foto: ANDREJ ISAKOVIC/AFP/Getty Images
#7: Delta Airlines, dos EUA
Com o nome de Huff Daland Dusters, a aérea começou como uma empresa de pulverização de lavouras em 30 de maio de 1924. Somente em 1928 ela adotou o nome Delta e se tornou uma das maiores do mundo em número de passageiros ao comprar a Pan Am, em 1991, e fazer uma fusão com a Northwest Airlines, em 2008. Com mais de 300 destinos em ao menos 50 países, no Brasil ela voa para São Paulo e Rio.
Foto: dapd
#6: Finnair, da Finlândia
A empresa foi fundada com o nome de Aero em 1º de novembro de 1923. Seu voo comercial inaugural levou 162 kg de correio de Helsinque para Talín. Durante seu primeiro ano, a Aero transportou 269 passageiros. Ela oferece as ligações aéreas mais curtas entre Europa e Ásia devido à localização geográfica da Finlândia. São 19 destinos na Ásia, oito na América do Norte e mais de cem na Europa.
Foto: Imago Images/Aviation-Stock/M. Mainka
#5: Czech Airlines, da República Tcheca
A empresa foi fundada em 6 de outubro de 1923 pelo governo da antiga Tchecoslováquia. Seu primeiro voo foi na rota entre Praga e Bratislava, 23 dias depois de sua fundação. As operações foram interrompidas durante a 2ª Guerra, e a companhia foi mais tarde reintegrada pelo governo comunista pós-guerra. Atualmente ela voa para mais de 30 destinos na Europa, Oriente Médio e Ásia.
Foto: picture-alliance/dpa
#4: Aeroflot, da Rússia
A Aeroflot foi fundada em 17 de março de 1923 e seguiu a tendência, após a 1ª Guerra, de usar a aviação para fins pacíficos ao transportar passageiros, correio e carga, operando aviões de guerra reequipados. Em 1956, ela introduziu o Tupolev Tu-104, o primeiro avião civil a jato da Rússia. De seu hub no terminal Sheremetyevo, em Moscou, ela operou 159 rotas em 54 países no verão europeu de 2019.
Foto: Reuterrs/M. Shemetov
#3: Qantas, da Austrália
Em novembro de 1920, os veteranos da 1ª Guerra Paul McGinness e Hudson Fysh conceberam um serviço aéreo que ligasse a Austrália ao mundo. O primeiro serviço regular, entre Charleville e Cloncurry, começou em 1922. Em 1947, o governo comprou a companhia e a transformou na aérea de bandeira nacional. Na década de 1990, ela foi reprivatizada e voa atualmente para mais de 80 cidades em 20 países.
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#2: Avianca, da Colômbia
A empresa foi fundada em 5 de dezembro de 1919 por imigrantes alemães e com o nome de SCADTA. Em 1920, a companhia mais antiga das Américas fez seu primeiro voo entre as cidades colombianas de Barranquilla e Puerto Berrío. Em 1972, ela se tornou a primeira companhia latino-americana a operar um Boeing 747. A Avianca possui 189 aeronaves e voa para 108 destinos em 26 países, inclusive o Brasil.
Foto: Imago/Rüdiger Wölk
#1: KLM, da Holanda
A KLM foi fundada em 7 de outubro de 1919 e é a companhia mais antiga do mundo que ainda opera sob seu nome original. Seu primeiro voo, porém, foi realizado em 1920, entre Londres e Amsterdã. Em 1946, ela se tornou a primeira a ligar a Europa continental aos EUA. Em 2004, se juntou com a Air France para formar um dos maiores grupos europeus. No Brasil, voa para São Paulo, Rio e Fortaleza.