Confirmada pena de 16 anos a capitão do Costa Concordia
13 de maio de 2017
Decisão é definitiva e não permite apelação. Francesco Schettino, que aguardava processo em liberdade, se apresenta às autoridades para começar a cumprir a sentença. Naufrágio na costa italiana deixou 32 mortos em 2012.
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O tribunal de última instância da Justiça italiana confirmou nesta sexta-feira (12/05) a condenação a 16 anos de prisão do ex-capitão Francesco Schettino por sua participação no naufrágio do navio Costa Concordia, que deixou 32 pessoas mortas perto da ilha de Giglio em janeiro de 2012.
Schettino foi considerado culpado em fevereiro de 2015, mas a defesa recorreu da decisão. As apelações se esgotaram nesta sexta-feira com a confirmação definitiva da sentença. O advogado de defesa Saverio Sanese disse que vai recorrer agora ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
O ex-capitão, que permaneceu em liberdade durante todo o processo, se apresentou momentos após o veredicto à penitenciária Rebibbia, em Roma, para dar início ao cumprimento de sua pena.
O réu foi condenado por homicídio culposo, por ter causado um naufrágio, abandonado o navio e não ter informado imediatamente as autoridades portuárias sobre o acidente.
O advogado alemão Hans Reinhard, que representa dezenas de sobreviventes e familiares das vítimas em diferentes processos judiciais, declarou que "ninguém jamais vai esquecer este caso". "O nome Schettino está ligado à imagem do navio naufragado", disse o jurista à agência de notícias DPA.
O naufrágio
O acidente aconteceu na noite de 13 de janeiro de 2012. Durante uma manobra arriscada diante da ilha italiana de Giglio, o Costa Concordia colidiu contra uma rocha e naufragou. Em meio à incerteza e sem qualquer orientação do capitão, os passageiros começaram a abandonar a embarcação.
Schettino disse que a manobra, na qual o navio "saúda" a ilha e os passageiros podem admirar a costa, tinha motivos comerciais. Além disso, ele queria fazer um agrado a um membro da tripulação, natural da ilha, bem como prestar uma homenagem a um amigo que também é oriundo de Giglio.
O capitão foi um dos primeiros a abandonar o navio, que transportava mais de 4.200 pessoas. Além de Schettino ter provocado o naufrágio, a Promotoria alegou que, se ele tivesse ordenado a evacuação logo que o navio se chocou contra o rochedo, teria havido tempo para todos se salvarem.
O acidente provocou a morte de 32 pessoas, deixando ainda 64 feridos. Além disso, a embarcação ficou encalhada na costa italiana durante dois anos. Para retirá-la, foi necessária uma intensa operação de resgate. Um mergulhador espanhol acabou morrendo durante os trabalhos.
EK/afp/ap/dpa/efe/dw
A última viagem do Costa Concordia
Desde o acidente, há dois anos e meio, o navio de cruzeiro Costa Concordia está encalhado em frente à ilha italiana de Giglio. Agora, a última etapa da operação de resgate e remoção está prestes a ser completada.
Foto: dapd
Quase como se nada tivesse acontecido...
..., o Costa Concordia voltou a flutuar no Mar Mediterrâneo nesta segunda-feira (14/07). A chamada flutuação – a fase mais delicada da operação de resgate e remoção – começou. Lentamente, os dois contêineres à esquerda e à direita do navio vão ser preenchidos com ar, para elevar a embarcação em cerca de dois metros.
Foto: Laura Lezza/Getty Images
Pronto para a última viagem
Em seguida, o navio deverá ser rebocado 30 metros mar adentro, onde especialistas o prenderão a outros objetos de sustentação. O plano, então, é elevar em mais dez metros o navio e transportá-lo até Gênova , onde será demolido. Dez embarcações vão acompanhar a embarcação na viagem, que deve durar quatro dias.
Foto: Reuters
Fase delicada
A preparação para o reboque foi planejada para durar cerca de uma semana. A flutuação é um dos últimos grandes desafios dessa fase de resgate, pois o navio danificado corre risco de se partir e liberar poluentes no mar, como petróleo, por exemplo.
Foto: Reuters
Evitar todo e qualquer risco
O processo complexo de elevação do navio é controlado 24 horas por dia por uma equipe de engenheiros numa sala de controle. Câmeras e microfones foram instalados dentro do Costa Concordia para detectar alterações nas suas paredes.
Foto: picture-alliance/dpa
Estação final: Gênova
Na cidade no norte da Itália, o navio de luxo será desmontado, e 80% dele devem ser reciclados. O desmonte deve durar mais de um ano e custar 100 milhões de euros. Na Turquia, os custos seriam de 40 milhões de euros, mas Gênova foi escolhida devido à distância. A rota mais curta evita danos ambientais.
Foto: picture-alliance/dpa
Em pé novamente
Em setembro de 2013, o navio de 290 metros de comprimento foi colocado novamente na posição vertical, depois de ficar mais de 20 meses deitado no Mar Mediterrâneo. Numa operação de 19 horas, o Costa Concordia foi virado milímetro por milímetro.
Foto: Andreas Solaro/AFP/Getty Images
Espetáculo para curiosos
Muitos moradores e visitantes da ilha de Giglio acompanharam atentamente a operação. O navio precisou ser deslocado em 65 graus para voltar à posição vertical, com a ajuda de um complexo sistema de roldanas, contrapesos e enormes correntes. Também nessa etapa, o navio corria risco de se romper.
Foto: Reuters
Resgate sem precedentes
Os técnicos deslocaram o navio milímetro por milímetro para estabilizá-lo. Depois, ele foi posicionado sobre uma base submarina, uma espécie de andaime fixado no fundo do mar, em que o Costa Concordia estava apoiado até agora.
Foto: Reuters
O dia fatal
No dia 13 de janeiro de 2012, aproximadamente às 21h45, a embarcação bateu numa rocha próxima à ilha de Giglio. O navio navegou por algumas centenas de metros, até virar e afundar na costa italiana.
Foto: AP
Evacuação tardia
A bordo estavam 4.229 pessoas, entre elas, cerca de mil tripulantes. Uma grande parte dos passageiros estava jantando na hora do acidente. Inicialmente, o capitão falou sobre um problema com o abastecimento de energia elétrica. Somente às 22h30 foi dado o sinal para evacuar o navio.
Foto: picture-alliance/dpa
Nem todos sobreviveram
O Costa Concordia foi enchendo de água até virar. O acidente deixou 32 mortos, tendo o corpo de uma das vítimas nunca sido encontrado. A maioria dos passageiros conseguiu ser resgatada com barcos e helicópteros. Outros pularam no mar e nadaram até a costa.
Foto: REUTERS
Processo judicial contra o capitão
O capitão do navio, Francesco Schettino, foi preso logo após o acidente. O italiano de 52 anos está sendo julgado por homicídio culposo, imprudência, naufrágio e abandono do navio.
Foto: REUTERS
Turismo com vista para os destroços
A população de Giglio vive do turismo. Após o acidente, o setor expandiu 30%. Mas aumentou somente o número de turistas que passam o dia na ilha – e quase não trazem lucro para os nativos. Por isso, é grande o desejo de que a embarcação seja, finalmente, removida da costa.