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Justiça pede prisão do médium João de Deus

14 de dezembro de 2018

Pedido de prisão preventiva foi feito por dois procuradores que investigam denúncias de abusos sexuais atribuídos ao médium durante sessões espirituais. MP recebeu 330 mensagens.

Médium João de Deus em seu "centro de cura", escoltado por seguidor
Médium João de Deus (esq.) foi acusado de cometer abusos sexuais em sessões individuaisFoto: Getty Images/AFP/E. Sa

A Justiça do Estado de Goiás aceitou nesta sexta-feira (14/12) o pedido do Ministério Público estadual e determinou a prisão do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, de 76 anos, por suspeita de ter praticado abusos sexuais contra mulheres durante consultas espirituais. Como o processo tramita em segredo de Justiça, o MP-GO não vai se manifestar.

Até esta quinta-feira, a força-tarefa criada pelo Ministério Público estadual para apurar as acusações de abusos sexuais contra João de Deus havia recebido 330 mensagens e contatos por telefone de mulheres que afirmam ser vítimas de crimes sexuais praticados pelo médium.

Promotorias de Justiça Criminais do Ministério Público de outros estados também estão recebendo denúncias e auxiliando o Ministério Público de Goiás na apuração, colhendo os depoimentos das denunciantes que não moram em Goiás.

O médium fundou, em 1976, a Casa Dom Inácio de Loyola no município goiano de Abadiânia, de 12 mil habitantes, a cerca de 110 quilômetros de Brasília e à mesma distância de Goiânia.

João de Deus está em local desconhecido. O advogado Alberto Toron, que defende o médium, protocolou na quinta-feira pedido para que o tribunal autorizasse João de Deus a continuar os atendimentos na Casa Dom Inácio Loyola, em Abadiânia.

As denúncias começaram a vir a público na sexta-feira 7 de dezembro, quando a TV Globo divulgou as primeiras denúncias de abuso sexual durante o programa de entrevistas Conversa com Bial.

A partir daí, outras mulheres que afirmam ser vítimas do médium começaram a procurar as autoridades e a imprensa. Nesta quarta-feira, em sua primeira aparição pública, o médium disse que é inocente e está à disposição da Justiça brasileira. O pedido de prisão preventiva de João de Deus foi feito pelos dois procuradores que investigam os supostos crimes, relatados por pelo menos 200 mulheres.

João de Deus, de 76 anos, realiza cultos espirituais desde 1976, sendo responsável por supostas "curas milagrosas" na Casa Dom Inácio de Loyola, uma espécie de templo que se tornou ponto de peregrinação de milhares de pessoas todos os meses.

A reputação do médium ultrapassou as fronteiras do Brasil. Em 2012, por exemplo, ele foi visitado pela então apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey. Os dois últimos presidentes brasileiros, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e o atual chefe de Estado, Michel Temer, também procuraram as consultas espirituais de João de Deus por questões de saúde.

RK/abr/lusa/ots

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Correção: 18/12/2018

Uma versão anterior desta reportagem afirmava que o médium João de Deus é seguidor da doutrina espírita, fundada em meados do século 19 pelo francês Allan Kardec. Na realidade, João de Deus se declara católico e não prega a doutrina kardecista na Casa Dom Inácio de Loyola. O respectivo parágrafo foi removido.

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