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Peru decreta prisão de Keiko Fujimori no caso Odebrecht

1 de novembro de 2018

Filha do ex-presidente Alberto Fujimori é acusada de comandar um esquema de lavagem de dinheiro com recursos ilícitos recebidos da empreiteira brasileira. Juiz ordena prisão preventiva de 36 meses. Ela nega as acusações.

Líder opositora peruana Keiko Fujimori deixa tribunal em Lima escoltada por policiais
Líder opositora saiu presa do tribunal em Lima nesta quarta-feiraFoto: Reuters/Courtesy of Justice Palace

A Justiça do Peru decretou nesta quarta-feira (31/10) a prisão preventiva, por três anos, da líder opositora Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, acusada de liderar um esquema de corrupção do partido Força Popular com a empreiteira brasileira Odebrecht.

O juiz Richard Concepción Carhuancho afirmou que há "elementos suficientes" para indicar que ela comandou uma organização criminosa dentro do partido para lavar o dinheiro ilegal recebido da construtora, que financiou a campanha de Fujimori à presidência do Peru em 2011.

"[Keiko] era a maquinista, autora de uma estrutura de poder para que outros cometessem os delitos. Ou seja, era a mulher que comandava este aparato", afirmou o magistrado.

Carhuancho ordenou que a líder opositora fique em regime de prisão preventiva por 36 meses enquanto as acusações contra ela são investigadas. Ele justificou que há risco de fuga, já que Fujimori tem cidadanias americana e japonesa, bem como de obstrução de provas e de testemunhas por parte da acusada.

O juiz mencionou, no texto da decisão, as declarações de testemunhas que afirmam que Fujimori se reuniu com o ex-juiz César Hinostroza, atualmente em prisão provisória na Espanha, para que este lhe favorecesse em processos judiciais.

Hinostroza, acusado de liderar uma quadrilha na Justiça peruana, presidia a Segunda Sala Penal Transitória da Corte Suprema de Justiça do Peru, que julgaria dois recursos apresentados pela líder opositora para arquivar a investigação sobre lavagem de dinheiro.

Fujimori, de 43 anos, recebeu a decisão nesta quarta-feira com relativa calma e deu um abraço em seu marido, Mark Vito Villanella, que estava entre lágrimas. Ela deixou o tribunal escoltada por vários agentes de polícia e foi levada ao Instituto Penitenciário Nacional peruano. A advogada dela, Giuliana Loza, apelou imediatamente contra a decisão judicial.

"O que eu quero dizer para a minha mulher é: eles podem nos fazer sofrer como fizeram hoje, mas nós nunca vamos desistir", disse Villanella, que também é investigado. "O que vimos hoje é uma clara demonstração de parcialidade judicial. Não há base para prisão preventiva."

Fujimori foi presa em 10 de outubro por suspeita de lavagem de dinheiro, com base numa ordem de detenção preliminar do mesmo juiz Carhuancho, mas foi libertada oito dias depois.

A filha do ex-presidente e seu marido, Villanella, são investigados por lavagem de dinheiro por doações recebidas em campanhas eleitorais em 2011 e 2016. Num financiamento irregular, a Odebrecht teria entregue 1 milhão de dólares para a campanha de 2011 em troca de favorecimento na contratação para a execução de obras públicas.

O partido teria financiado ainda campanhas com supostos coquetéis, nos quais seus apoiadores pagavam quantias elevadas para participar da festa.

Tanto o ex-presidente da construtora brasileira Marcelo Odebrecht como seu ex-representante no Peru Jorge Barata disseram aos promotores peruanos que a empresa forneceu recursos para a campanha de Keiko Fujimori.

A líder do Força Popular nega as acusações da Justiça peruana e alega que o juiz Carhuancho e o promotor José Domingo Pérez estão obcecados em "aniquilar" sua carreira política. Se condenada, ela pode receber uma pena de 10 a 16 anos de prisão.

Seu pai, que governou o país entre 1990 e 2000, também é alvo da Justiça. Alberto Fujimori, de 80 anos, foi condenado em 2009 pela autoria indireta dos massacres de 25 pessoas em 1991 e 1992, realizados por um grupo militar secreto, e pelo sequestro de duas pessoas em 1992. O governo de Fujimori é considerado o mais corrupto da história do Peru.

No início de outubro, a Suprema Corte peruana revogou o indulto humanitário concedido ao ex-presidente no ano passado e ordenou que ele termine de cumprir os 15 anos de pena que ainda lhe restam. Atualmente ele está sob custódia num hospital em Lima.

EK/dpa/efe/ots

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