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CriminalidadeBrasil

Rio reabrirá caso contra deputado brasileiro dos EUA

3 de janeiro de 2023

George Santos é acusado de estelionato por fazer compras com cheques roubados. Eleição nos Estados Unidos revelou paradeiro do investigado.

Deputado George Santos
George Santos é ainda investigado nos Estados UnidosFoto: George Santos campaign/REUTERS

O Ministério Público do Rio de Janeiro vai reabrir uma investigação contra George Santos, filho de imigrantes brasileiros que se elegeu em novembro para a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, segundo uma reportagem publicada nesta segunda-feira (03/01) pelo jornal americano The New York Times (NYT).

Santos, de 34 anos, foi indiciado por estelionato. O inquérito sobre o caso foi suspenso por ele ter desaparecido e as autoridades não conseguirem encontrá-lo por quase uma década. De acordo com o NYT, em 2008, aos 19 anos, Santos teria usado cheques roubados para comprar artigos numa loja de roupas de Niterói. Usando identidade falsa, teria pago R$ 2.144 pelos produtos, com o talão de cheques roubado.

Em 2011, ele foi acusado de estelionato. O processo, no entanto, foi arquivado em 2013, depois de as autoridades verem frustradas suas tentativas de encontrar o deputado.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o Ministério Público informou que, com a eleição de Santos, seu paradeiro foi identificado e será feito um pedido formal ao Departamento de Justiça dos EUA para que ele seja notificado das acusações.

Na última semana de 2022, numa entrevista ao New York Post, Santos negou ter cometido crimes no Brasil ou nos Estados Unidos. Porém em 2009 teria admitido à polícia o roubo do talão de cheques, de um antigo patrão de sua mãe.

Após a notificação oficial, Santos pode optar por não se manifestar. Se não apresentar defesa, será julgado à revelia e pode ser condenado a cinco anos de prisão.

Currículo carregado de mentiras

A acusação de estelionato contra Santos veio à tona numa reportagem do NYT publicada em dezembro. O jornal descobriu que o deputado mentiu sobre uma série de dados que constavam de seu currículo, como ao afirmar que em 2010 teria se diplomado em Finanças pelo Baruch College de Nova York, e que atuara no Citigroup Bank e no Goldman Sachs Investment Bank.

As três entidades declararam ao New York Times não ter encontrado nenhum registro de Santos em seus arquivos. Após a reportagem, ele confessou que mentira sobre possuir diploma universitário e sobre ter trabalhado nos bancos.

O jornal também lançou dúvidas sobre o funcionamento da associação de proteção Friends of United Animals, que teria sido criada pelo republicano, e classificou sua empresa de consultoria financeira, Devolder Organization, como "uma espécie de mistério".

Em sua declaração de contas apresentada em setembro à Câmara dos Representantes, Santos garantiu que a empresa lhe pagou um salário de 750 mil dólares (quase 4 milhões de reais) e dividendos entre 1 milhão e 5 milhões de dólares.

Mas, segundo o NYT, o formulário não incluía "qualquer informação sobre clientes que possam ter contribuído para tais depósitos, numa aparente violação da exigência de divulgar qualquer compensação acima de 5 mil dólares de uma única fonte".

Mandato em risco

Alvo de vários pedidos de renúncia, feitos até por membros do próprio Partido Republicano, Santos assume nesta terça-feira e ainda não demonstrou a intenção de abrir mão do cargo. Procuradores de Long Island, no estado americano de Nova York, iniciaram uma investigação sobre ele.

Fiel apoiador do ex-presidente Donald Trump, Santos se colocou como um candidato republicano nada tradicional: jovem, descendente de imigrantes nascido em uma "família pobre" no Queens e homossexual. Porém ele afirma rejeitar rótulos, que não "fariam diminuir os impostos dos eleitores".

Nas eleições de novembro, Santos derrotou o democrata Robert Zimmerman. Este chegou a denunciar as falsidades do filho de brasileiros, mas sem conseguir prejudicar a campanha dele. Após as revelações na imprensa, o candidato derrotado afirmou que Santos é inapto a ocupar o cargo e pediu sua renúncia, de modo a permitir a realização de novas eleições distritais.

cn/av (ots)

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