Comediante francês condenado por apologia ao terrorismo
18 de março de 2015
Após atentados em Paris, Dieudonné causou polêmica ao postar no Facebook que se sentia como "Charlie Coulibaly", numa referência ao ataque ao jornal "Charlie Hebdo" e ao terrorista Amedy Coulibaly.
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O comediante francês Dieudonné foi condenado nesta quarta-feira (18/03), em Paris, condenado por apologia ao terrorismo. O motivo foi uma frase declarada por ele em janeiro passado, na esteira dos atentados extremistas que deixaram 17 mortos na capital francesa.
Dieudonné, que já tinha passagens pela Justiça francesa por declarações antissemitas, publicou em sua página no Facebook: "Esta noite, eu me sinto como Charlie Coulibaly". A frase é uma referência ao popular slogan Je suis Charlie, em homenagem às vítimas do ataque ao jornal Charlie Hebdo, e também ao terrorista Amedy Coulibaly, que matou quatro pessoas num mercado kosher e uma policial.
De acordo com a sentença, Dieudonné não precisará cumprir na prisão a pena de dois meses a que foi condenado, mas ficará sujeito a determinadas exigências estabelecidas por um juiz. Ele corria risco de ser condenado a sete anos de regime fechado e a pagar multa de até 100 mil euros.
"O sentimento de hostilidade perante a comunidade judaica que Dieudonné mostrou diante de um público atraído por seu carisma aumenta sua responsabilidade", afirmou o tribunal. O humorista não esteve presente na corte e seu advogado não comentou a sentença.
Dieudonné já foi condenado sete vezes por insulto e declarações antissemitas, e suas apresentações estão proibidas em algumas cidades francesas por representarem ameaça à ordem pública. O artista ficou conhecido, entre outras coisas, por ter popularizado um gesto que se assemelha à saudação nazista.
Em janeiro passado, durante a semana dos atentados extremistas, ele havia sido preso com outras 53 pessoas por apologia ao terrorismo e ameaças de atos terroristas. À época, as prisões inflamaram um debate sobre a liberdade de expressão no país.
"Toda vez que eu falo, vocês não tentam entender o que estou tentando dizer, vocês não querem me escutar. Vocês estão procurando um pretexto para me proibir. Vocês me veem como Amedy Coulibaly, quando não sou diferente de Charlie", protestou Dieudonné à época de sua mais recente prisão, numa carta aberta ao ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve.
A França tem leis rigorosas contra o discurso de ódio, antissemita e de apologia ao terror. Este último crime pode levar a até sete anos de prisão.
MSB/rtr/ap/lusa/afp
Marchas mundo afora homenageiam vítimas de Paris
Após atentados que deixaram 17 mortos, além da capital francesa, cidades como Buenos Aires, Madri, Londres, Istambul e Tóquio são palco de manifestações contra o terrorismo e o ataque ao jornal "Charlie Hebdo".
Foto: AFP/Getty Images/B. Kilic
Paris
No epicentro dos acontecimentos, estima-se que até 3 milhões de pessoas tenham saído às ruas neste domingo (11/01). O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou que a marcha "sem precedentes" reuniu tantas pessoas, que era impossível contá-las. Segundo o ministro, esta foi a maior manifestação da história da França.
Foto: Reuters/Platiau
Berlim
Cerca de 18 mil pessoas reuniram-se em frente à embaixada francesa na capital alemã, próxima ao Portão de Brandemburgo. Muitos trouxeram flores, lápis e cartazes com os dizeres "Je suis Charlie", em referência ao jornal satírico "Charlie Hebdo", alvo de um ataque que deixou 12 mortos.
Foto: picture-alliance/dpa/Jensen
Londres
Na famosa Trafalgar Square, cerca de 2 mil pessoas se reuniram em solidariedade aos mortos nos atentados na França. As cores da bandeira francesa, vermelho, branco e azul, foram projetadas na fachada da National Gallery, assim como nos monumentos London Eye e Tower Bridge.
Foto: picture-alliance/dpa/Arrizabalaga
Viena
Em tributo às 17 vítimas dos ataques na França, cerca de 12 mil pessoas protestaram em frente ao gabinete presidencial na capital austríaca.
Foto: REUTERS/H.-P. Bader
Bruxelas
Na capital da Bélgica, cerca de 20 mil pessoas marcharam em silêncio pelo centro da cidade em protesto contra o atentado ao jornal satírico francês "Charlie Hebdo" e contra o terrorismo.
Foto: picture-alliance/dpa/Jensen
Madri
Centenas de muçulmanos reuniram-se na estação de trem Atocha, palco do pior ataque terrorista já ocorrido na Espanha, em 2004. Os manifestantes carregavam cartazes com mensagens em defesa do islã.
Foto: REUTERS/J. Medina
Buenos Aires
Na capital da Argentina, manifestantes marcharam rumo à embaixada da França em tributo às vítimas dos ataques que chocaram o país e o mundo, carregando bandeiras francesas e cartazes com os dizeres "Je suis Charlie".
Foto: REUTERS/E. Marcarian
Estocolmo
Cerca de 3 mil pessoas enfrentaram a neve e saíram às ruas da capital da Suécia para protestar a favor do respeito e da paz. A marcha foi organizada pela organização Repórteres Sem Fronteiras e por cartunistas suecos.
Foto: REUTERS/H. Montgomety
Tóquio
Algumas centenas de pessoas, a maioria franceses que vivem no Japão, reuniram-se no pátio do Instituto Francês da capital do país. Foi feito um minuto de silêncio em memória das vítimas dos atentados desta semana.
Foto: AFP/Getty Images/T. Kitamura
Sydney
Na maior cidade da Austrália, centenas de pessoas foram à praça Martin Palce, onde um seguidor do grupo radical "Estado Islâmico" fez 18 reféns em dezembro de 2014. Mais de 500 australianos e franceses seguravam cartazes com dizeres como "Je suis Charlie" e "Freedom" (liberdade).
Foto: AFP/Getty Images/P. Parks
Jerusalém
Centenas de pessoas reuniram-se numa cerimônia na prefeitura da cidade israelense, em solidariedade à França e à comunidade judaica. Quatro das vítimas dos ataques desta semana eram judeus.
Foto: AFP/Getty Images/G. Tibbon
Istambul
Dezenas de manifestantes foram ao centro da cidade turca, onde a grande maioria da população é muçulmana. Numa marcha silenciosa, cerca de 120 pessoas caminharam em direção ao consulado francês.