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Justiça mexicana acusa prefeito de envolvimento no sumiço de jovens

23 de outubro de 2014

Segundo procurador-geral, casal, ligado ao narcotráfico, teria ordenado que estudantes fossem barrados no caminho para a cidade. Sede da prefeitura do município é incendiada por manifestantes.

José Luis Abarca e a esposa María de los Angeles PinedaFoto: picture-alliance/AP Photo/Alejandrino Gonzalez

O prefeito da cidade mexicana de Iguala, José Luis Abarca, e a esposa estão entre os mentores do desaparecimento de 43 alunos no sul do México, disse nesta quarta-feira (22/10) o procurador-geral da República do país, Jesús Murillo. O sumiço dos jovens vem sacudindo o país e colocou em xeque a estratégia de segurança do governo para combater o crime organizado.

Abarca e a mulher, María de los Angeles Pineda, queriam impedir que o protesto dos estudantes, em 26 de setembro, interferisse num ato de Pineda naquele dia, quando divulgou um relatório como chefe de um órgão de assistência a menores, segundo Murillo.

De acordo com o procurador-geral, o casal, que trabalhava em conluio com o grupo criminoso ligado ao narcotráfico Guerreros Unidos, envolvendo também a polícia municipal, ordenou barrar os estudantes que seguiam por uma estrada rumo a Iguala, no estado de Guerrero, após terem se apoderado de vários ônibus e protestar a favor de mais verbas para a escola onde estudavam.

"O que aconteceu em 26 de setembro em Iguala foi uma repressão violenta por parte da polícia de Iguala e Cocula [município vizinho], liderada por um grupo criminoso com o objetivo de dissuadir um grupo de pessoas a fazer presença no evento que o prefeito e sua esposa estavam realizando naquela noite em Iguala", disse Murillo.

Conforme Murillo, quando os estudantes chegaram a Iguala, que está a cerca de 120 quilômetros da escola, policiais reportaram a chegada ao centro de controle policial. Segundo o depoimento de alguns presos, a ordem de detê-los foi dada por uma pessoa identificada como A5, "senha usada para identificar o prefeito de Iguala".

A Procuradoria Geral da República emitiu um mandado de prisão para Abarca, a esposa e os chefes de polícia em Iguala e Cocula, conforme relatou Murillo. O prefeito, que pediu licença do cargo alguns dias depois do incidente, está foragido.

Manifestantes atearam fogo à prefeitura de IgualaFoto: picture-alliance/dpa

A ação do grupo criminoso

Sidronio Casarrubias Salgado, líder do Guerreros Unidos detido na semana passada, confessou que os policiais envolvidos entregaram os estudantes aos membros da organização criminosa. Casarrubias contou que o mandatário do grupo, inicialmente, acreditou que se tratava de integrantes de uma gangue rival conhecida como Los Rojos.

Os membros do Guerreros Unidos levaram os jovens numa caminhonete branca rumo ao lugar onde, uma semana depois, foram encontradas várias valas clandestinas com 30 corpos queimados, que, segundo as primeiras perícias, não são dos estudantes. Entretanto, ainda faltam os resultados do exame feito pela Equipe Argentina de Antropologia Forense, segundo Murillo.

Protestos no país

Nesta quarta-feira, em várias partes do México, houve manifestações estudantis em universidades, marchas e outras ações de solidariedade aos desaparecidos. Pessoas encapuzadas incendiaram a prefeitura de Iguala e saquearam lojas para exigir o aparecimento com vida dos 43 jovens.

"Este prédio já não serve mais. Todo o aparato que estava aqui estava a serviço do narcotráfico", gritou um manifestante com o rosto coberto. Em Chilpancingo, capital do estado de Guerrero, colegas dos estudantes invadiram escritórios do Governo Federal e queimaram uma fotografia do presidente Enrique Peña Nieto.

Dez pessoas foram detidas em Iguala pelos atos de vandalismo e saques. A Comissão Nacional de Segurança divulgou um comunicado informando que indivíduos alheios à mobilização "aproveitaram o ato de protesto para realizar danos e saques em locais comerciais".

NM/dpa/rtr

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