Nasser Al-Khelaifi, que ganhou fama com a compra de Neymar pelo valor recorde de 222 milhões de euros, teria subornado ex-secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke para obter direitos sobre as próximas Copas do Mundo.
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Promotores suíços afirmaram nesta quinta-feira (12/10) que investigam o presidente do clube de futebol Paris Saint-Germain, Nasser Al-Khelaifi, por fraudes na compra de direitos de transmissão das próximas Copas do Mundo.
O Ministério Público suíço revelou que a investigação, aberta em março, que também envolve o ex-secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke, inclui acusações de suborno, fraude e falsificação de documentos.
Segundo os promotores, o catariano Al-Khelaifi, é investigado por ações tomadas em nome do grupo de mídia beIN, do qual é presidente, e não como gestor do PSG. Ele é suspeito de conceder vantagens indevidas a Valcke para obter os direitos de transmissão das Copas de 2018, 2026 e 2030.
O beIN negou em comunicado ter cometido qualquer irregularidade e disse estar à disposição para colaborar com a Justiça. O grupo de mídia confirmou que as autoridades francesas realizaram buscas nos escritórios da empresa em Paris, a pedido da Justiça suíça.
A carreira de Al-Khelaifi no mundo do futebol ganhou destaque nos últimos meses, culminando com a compra do jogador brasileiro Neymar pelo PSG no valor recorde de 222 milhões de euros. O clube parisiense foi adquirido pela empresa Qatar Sports Investiments em 2011.
Valcke, que era o braço direito do ex-presidente afastado da Fifa, Joseph Blatter, negou as acusações. Em entrevista ao jornal esportivo francês L'Equipe,ele afirma jamais ter havido qualquer tipo de transação entre ele e Al-Khelaifi.
Após denúncias de corrupção, Valcke foi afastado da Fifa em 2015 e, no ano passado, foi banido do futebol por um período de 12 anos. Ele é alvo de outra investigação das autoridades suíças envolvendo irregularidades na instituição.
RC/afp/dpa
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.