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Crise na Líbia

2 de março de 2011

Organizações de direitos humanos dizem que milhares de pessoas já morreram devido a tumultos na Líbia. EUA posicionam dois porta-aviões e centenas de soldados no Mediterrâneo. Kadafi diz que lutará até "último homem".

Kadafi fala na TV líbiaFoto: dapd

A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) anunciou em Paris, nesta quarta-feira (02/03), que o número de mortos devido aos tumultos na Líbia poderia chegar a 3 mil. Diplomatas estimam esse número entre 1,5 mil e 2 mil.

Devido à brutalidade usada contra os manifestantes, uma sessão plenária da Assembleia Geral da ONU decidiu na noite da terça-feira excluir a Líbia do Conselho dos Direitos Humanos, com sede em Genebra. Mais de dois terços dos 192 países-membros da ONU votaram pela exclusão da Líbia. Essa é a primeira vez que as Nações Unidas agem dessa forma diante de um país-membro.

Em votação bastante controversa, há apenas um ano a Líbia se tornara parte do grêmio formado por 47 membros. Sua exclusão foi apoiada pelos países da Liga Árabe e da União Africana. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou à comunidade internacional para que "cumpra sua obrigação", protegendo o povo líbio da violência dos militares.

Ativistas líbios de direitos humanos levantam ainda acusações contra o Chade, país que faz fronteira com o sul da Líbia. Segundo os ativistas, mercenários chadianos estariam exercendo um importante papel a serviço de Muammar Kadafi. "Dois generais do Chade comandam os mercenários", disse um porta-voz dos ativistas.

Brega e Ajdabiya

Enquanto isso, na manhã desta quarta-feira, oposicionistas conseguiram repelir um ataque das forças de Kadafi na estratégica cidade de Brega, no leste do país. Em uma grande contraofensiva, soldados do ditador atacaram a cidade com tanques e artilharia pesada, numa tentativa de recuperar o controle sobre uma importante instalação petrolífera e uma pista de pouso na costa.

Artilharia antiaérea oposcionista em BenghaziFoto: dapd

Jatos líbios também bombardearam a cidade de Ajdabiya, localizada a 40 quilômetros de Brega e controlada pelos rebeldes. No entanto, os ataques não surtiram efeito e a cidade continua nas mãos dos oposicionistas, cujo domínio da parte oriental da Líbia até Brega se mantém firme.

A maior parte da capital, Trípoli, continua sendo controlada por Kadafi e suas forças de segurança. Na cidade de Benghazi, oposicionistas submetidos a treinamento militar em acampamentos improvisados disseram que planejam marchar sobre a capital líbia.

Ameaças de Kadafi

Devido aos tumultos na Líbia, os EUA posicionaram dois porta-aviões e centenas de soldados no Mediterrâneo, perto da Líbia. De lá, caso seja necessário, será possível prestar ajuda humanitária e apoiar as evacuações, anunciou o secretário norte-americano da Defesa, Robert Gates, nesta terça-feira.

Apesar de todos os apelos internacionais, a forma como Muammar Kadafi age contra as revoltas populares se assemelha cada vez mais a uma guerra civil. O ditador líbio advertiu que, no caso de uma intervenção militar da Otan ou dos EUA, "milhares de líbios" serão mortos.

Kadafi anunciara, anteriormente, que ele pretende lutar até o "último homem e última mulher" para defender seu país. Os campos de petróleo e os portos líbios estariam "seguros" e "sobre controle", acresceu o ditador.

Resgate de refugiados

Egípcios que trabalham na Líbia fogem do paísFoto: AP

Nesta quarta-feira em Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, anunciou a União Europeia (UE) triplicou o montante de sua ajuda humanitária à Líbia. A Europa disponibiliza 10 milhões em vez de 3 milhões de euros, disse. "Pressupomos a existência de pelo menos 140 mil refugiados", sublinhou Barroso. No momento, a ajuda da UE é composta de medicamentos, alimentos e barracas, que estão sendo espalhadas pela fronteira da Líbia com o Egito e a Tunísia.

O Reino Unido, França e 57 Estados-membros da Organização da Conferência Islâmica também iniciaram ações próprias de resgate de refugiados.

Esses países reagem assim a um apelo do Comitê para Eliminação da Discriminação Racial da ONU de que, em meio aos tumultos, pessoas negras, mas também estrangeiros e outras minorias poderiam se envolver em uma crise humanitária de rápido desenvolvimento.

Principalmente africanos de países subsaarianos estariam ameaçados, já que é de lá que Kadafi recruta os mercenários de suas tropas. Os africanos de pele negra poderiam ser vítimas da ira popular contra os mercenários do ditador, explicou o comitê da ONU.

CA/dpa/epd/ap/rtr/afp
Revisão: Augusto Valente

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