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Katrina afeta balanços das seguradoras

(gh)30 de agosto de 2005

Furacão que atingiu EUA deve afetar balanços das seguradoras internacionais. Münchener Rück arca com cerca de 400 milhões de euros, mas não corrige sua previsão de lucros. Aumento do preço do petróleo preocupa alemães.

New Orleans devastada pelo furacãoFoto: AP


O furacão Katrina, que causou a morte de dezenas de pessoas e destruiu cerca de 1,3 milhão de casas e prédios comerciais e industriais nos Estados do Mississipi, Alabama e Luisiana (sul dos EUA), deve ter efeitos negativos também sobre os próximos balanços das grandes seguradoras internacionais.

"Calculamos que o prejuízo de mercado coberto por seguros vai oscilar entre 15 e 20 bilhões de dólares", disse um porta-voz da maior resseguradora do mundo, a Münchener Rück, nesta terça-feira (30/08). A empresa sediada em Munique prevê, com base em estimativas bastante cautelosas, que terá de arcar com até 400 milhões de euros dos prejuízos totais da catástrofe.

Pior do que Andrew?

Inundação causada pelo furação em New Orleans (EUA)Foto: AP

As primeiras estimativas divulgadas nos EUA apontam danos da ordem de 9 a 26 bilhões de dólares. Se forem confirmados esses números, o Katrina teria causado menos estragos do que o furacão Andrew, que em 1992 deixou um saldo de 52 mortos, 100 mil casas destruídas na Flórida e em Luisiana, e prejuízos de 30 bilhões de dólares (24,5 bilhões de euros).

A Münchener Rück informou que não pretende corrigir suas previsões de lucros, uma vez que havia previsto efeitos de furações em seu orçamento para 2005. A empresa planeja conceder neste ano dividendos de 12% aos acionistas. Com base nos últimos balanços parciais, seu lucro líquido deverá chegar a 2,6 bilhões de euros contra 1,9 bilhão em 2004.

A Allianz, maior seguradora alemã, quer apresentar nos próximos dias uma previsão do impacto do Katrina sobre suas contas. "Nossos dados internos divergem tanto que não faz sentido publicá-los. A região atingida ainda está pacialmente isolada, o que dificulta cálculos mais precisos", disse um porta-voz da empresa ao jornal Financial Times Deutschland.

Ventos fortes derrubaram árvores e postes de luz, interditando estradasFoto: AP

Segundo analistas do Banco do Estado da Renânia-Palatinado, considerando o tamanho das seguradoras alemãs que atuam nos EUA, o impacto financeiro do furacão será maior sobre a Hannover Rück, seguida pela Münchener Rück e Allianz.

Enquanto o Katrina perdia força nos Estados Unidos, nesta terça-feira, seus ventos sumiram do pregão. As ações do setor de seguros voltaram a subir na Bolsa de Valores de Frankfurt, um dia após sofrerem significativas quedas decorrentes da esperada catástrofe nos EUA.

Preocupação com o preço do petróleo

O que ainda não se dissipou é a preocupação, não só dos consumidores alemães, com o preço do petróleo. O Katrina chegou a paralisar quase a metade da produção petrolífera norte-americana, provocando uma elevação recorde dos preços dos combustíveis, que já haviam atingido níveis estratosféricos bem antes de o furacão se formar sobre o Atlântico.

E isso afeta não só a indústria e os proprietários de veículos, que nesta terça-feira estavam pagando 1,32 euro pelo litro da gasolina na Alemanha. Cerca de 6,5 milhões de lares alemães têm calefação à base de óleo combustível e esperam – até agora em vão – que o preço do petróleo caia, para abastecerem os tanques para o próximo inverno.

Nos últimos 12 meses, o preço do óleo combustível aumentou 40% na Alemanha. Em média, uma família precisa desembolsar 1900 euros para encher o tanque de combustível destinado à calefação, 630 euros a mais que no ano anterior. A situação tende a piorar: em 1º de outubro próximo, as empresas fornecedoras de energia iniciam uma nova rodada de reajuste dos preços.

Se persistir, a alta do petróleo pode abafar também as tímidas perspectivas de recuperação da economia alemã para 2006. O economista-chefe do Banco Estadual da Baviera, Jürgen Pfister, disse em entrevista à DW-TV que espera preços entre 55 e 60 dólares o barril para o ano que vem, "mas a insegurança quanto à evolução ao preço do petróleo continua grande. Muitas empresas ainda não embutiram os efeitos dessa alta em seus custos, pensando que ela seria passageira. Quanto mais ela persistir, tanto mais o consumidor será castigado".

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