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Kenyatta toma posse no Quênia em meio a protesto da oposição

28 de novembro de 2017

Reeleito após conturbado processo eleitoral, presidente assume segundo mandato e promete governar para todos quenianos. Oposição não reconhece posse, e líder opositor diz que assumirá presidência em duas semanas.

Kenia Amtseinführung Präsident Kenyatta
Kenyatta venceu as eleições em outubro com mais de 98% dos votos, mas um baixo comparecimento às urnasFoto: Reuters/T. Mukoya

O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, tomou posse nesta terça-feira (28/11) para um segundo mandato como chefe de Estado, marcando o fim de um conturbado processo que contou com intervenção da Justiça, nova eleição e protestos violentos num país mergulhado em instabilidade.

Em discurso, Kenyatta prometeu governar para "todos os quenianos" e trabalhar com os líderes de outros partidos para garantir uma nação unida. "O caminho para um futuro melhor é a unidade. Acredito numa nação onde possamos viver em paz como irmãos e irmãs", afirmou.

"Prometo ser o guardião dos sonhos de todos e das aspirações daqueles que votaram em mim e daqueles que não votaram. Todos os quenianos merecem nossa atenção", completou.

O líder ainda lamentou a instabilidade vivida no país desde a primeira eleição, em 8 de agosto, afirmando que foram "tempos difíceis", mas saudou os quenianos por terem "demonstrado sua resistência ao acalmar suas paixões". Também elogiou o trabalho da Comissão Eleitoral, que "atuou com independência", mesmo estando "sob enorme pressão".

Por fim, Kenyatta ainda pediu aos cidadãos do país africano que rejeitem "as políticas de divisão, ódio e violência" e, no lugar delas, adotem "o caminho de trabalhar juntos pelo Quênia".

A cerimônia de posse foi realizada no estádio de Kasarani, em Nairóbi, com capacidade para 60 mil pessoas. Segundo a imprensa local, o evento custou aos cofres públicos um total de 300 milhões de xelins quenianos (cerca de 9,3 milhões de reais).

Estiveram presentes 13 chefes de Estado, entre eles os de Botsuana, Sudão do Sul, Uganda, Ruanda, Zâmbia e Gabão. Além disso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é aguardado para eventos posteriores à posse.

Polícia dispersa manifestantes convocados pela oposiçãoFoto: Reuters/B. Ratner

Protestos

A oposição, no entanto, continua se recusando a reconhecer Kenyatta como presidente. A Super Aliança Nacional, principal coalizão opositora do país e que boicotou a reedição do pleito presidencial, convocou protestos para esta terça-feira, contrariando um alerta da polícia de Nairóbi de que o único evento público a ser realizado nesta data seria a cerimônia de posse.

Policiais chegaram a dispersar os manifestantes, que protestavam justamente contra a brutalidade policial durante o processo eleitoral. Segundo a Super Aliança Nacional, 54 simpatizantes da oposição morreram em confrontos com as forças de segurança entre 17 e 21 de novembro.

Além disso, nos arredores do estádio de Kasarani também houve momentos de tensão quando os policiais dispersaram, com gás lacrimogêneo, um grupo de manifestantes que tentou entrar nas instalações onde ocorria a posse, lançando pedras contra os agentes.

Apesar de Kenyatta ter assumido a presidência, o líder da oposição, Raila Odinga, anunciou que tomará posse como presidente do Quênia no próximo dia 12 de dezembro, segundo informou a imprensa local.

"Uhuru Kenyatta não é o presidente do Quênia. Não reconhecemos as eleições de 26 de outubro, foram uma farsa. 83% da população as boicotou", afirmou Odinga num comício realizado em Nairóbi, minutos depois da posse presidencial.

"Vocês sabem que Raila Odinga não é um covarde. Na semana passada, [Emmerson] Mnangagwa foi empossado. Faremos como ele: tomou posse do seu cargo e foi ao palácio presidencial", acrescentou, referindo-se ao novo presidente do Zimbábue, que assumiu o poder na semana passada após a renúncia de Robert Mugabe. Mnangagwa era vice e havia sido destituído do cargo.

Em outubro, a Comissão Eleitoral do Quênia confirmou a reeleição de Kenyatta com 98,26% dos votos. O novo pleito foi realizado por ordem judicial após a anulação da primeira votação, em agosto. Do total de 19,5 milhões de eleitores convocados às urnas, apenas 38,84% votaram, o que mina a credibilidade de Kenyatta para o novo mandato de cinco anos.

Antes de assumir a presidência, em 2013, Kenyatta foi vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças do país. O pai dele, Jomo Kenyatta, foi o primeiro presidente, de 1964 a 1978, e desempenhou um importante papel na transição de uma colônia britânica para uma república independente.

EK/efe/lusa/rtr/ap/dpa/dw

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