Kermani recebe Prêmio da Paz pedindo intervenção na Síria
18 de outubro de 2015
Alemão filho de imigrantes iranianos, escritor defende ação de potências internacionais para acabar com conflito, em discurso em tradicional cerimônia de premiação, que marca encerramento da Feira do Livro de Frankfurt.
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O escritor e orientalista Navid Kermani recebeu neste domingo (18/10), na Feira do Livro de Frankfurt, o Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão com um discurso em que apelou para que as potências intervenham para acabar com a guerra na Síria.
Alemão, filho de imigrantes iranianos muçulmanos, Kermani afirmou, diante de um público de quase mil pessoas, que a comunidade internacional não pode assistir ao conflito e que é necessário "dar passos decisivos em termos diplomáticos e, se possível, também militares".
Ele considera que, para acabar com o conflito, é preciso intervenção de "todos aqueles poderes que estão por trás ou apoiam as partes", que em sua opinião, incluem os países do Golfo, Irã, Turquia, Rússia e o Ocidente. "Possivelmente também cometeremos erros lá", ele continuou, ressaltando, que o maior erro seria, porém, "não fazer nada", enquanto ocorre um "genocídio nas portas da Europa", executado tanto pelo regime de Bashar al-Assad, como pelos jihadistas do "Estado Islâmico" (EI). Kermani é uma das vozes mais representativas do Islã progressista na Alemanha.
O escritor, de 47 anos, emocionou a plateia, em um discurso em que lembrou as grandezas do Islã, a comercialização de que este é objeto e dos crimes que são cometidos em seu nome, baseados em um "Corão instrumentalizado" por interpretações radicais.
Kermani nasceu em Siegen, na Alemanha, filho de uma família de imigrantes iranianos, e tem dupla nacionalidade. Em seus livros não ficcionais, o especialista em islã trata do Corão e do misticismo islâmico. Já em seus romances, aborda questões centrais da existência humana, como amor e sexualidade, espiritualidade e morte.
O Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão é entregue desde 1950 e é uma das mais importantes distinções literárias do país. Entre as personalidades que receberam a homenagem estão Albert Schweitzer (1951), Hermann Hesse (1955), Astrid Lindgren (1978), Siegfried Lenz (1988), Mario Vargas Llosa (1996), Martin Walser (1998), Jürgen Habermas (2001), Orhan Pamuk (2005) e David Grossman (2010).
MD/efe/dpa/afp
Passeio pela maior feira de livros do mundo
Livros e e-books, papel e aparelhos digitais – tudo isso está presente na Feira do Livro de Frankfurt, a maior do planeta. Escritores de todos os continentes apresentam ali suas publicações. Porém o evento é muito mais.
Foto: Reuters/Ralph Orlowski
Tradição e modernidade
Na maioria dos estandes da Feira de Frankfurt ainda estão expostos livros – para surpresa de alguns. Afinal, há um bom tempo o evento com cerca de 7 mil expositores se tornou uma grande loja de artigos variados. O estande da Reclam exibe os livrinhos amarelos típicos da tradicional editora. Eles fizeram e continuam fazendo parte inseparável da vida de milhões de estudantes na Alemanha.
Foto: DW/J. Kürten
Mundos digitais em Frankfurt
Andando-se pelos pavilhões da feira, logo fica claro por que ela se transformou numa grande loja de artigos variados. Há anos o mundo digital se impôs em Frankfurt, pois nem todo o mundo que quer ler hoje em dia procura necessariamente um livro, recorrendo, antes, a leitores de e-book e tablets. Não é de admirar, portanto, que os grandes conglomerados digitais estejam presentes.
Foto: DW/J. Kürten
Finlândia: fria, porém legal
O pavilhão de país convidado é uma das principais atrações. A Finlândia mostra sua literatura num ambiente decorado de azul e branco, onde se nota que os designers se esmeraram. Seu slogan é "Finland.Cool" – um jogo de palavras entre os dois sentidos de "cool": "fria" e "descolada". Mas os finlandeses se apresentam de uma forma que, longe de ser fria, transmite muita cordialidade e bom humor.
Foto: DW/J. Kürten
25 anos da queda do Muro de Berlim
Há um quarto de século, caia o Muro de Berlim. O acontecimento, que também teve grande impacto cultural, é outro grande tema presente na feira deste ano. Muitos autores abordaram e seguem abordando esses evento, como mostram numerosas editoras em Frankfurt. O Trabant, obsoleto modelo de carro que virou símbolo da Alemanha Oriental, é exibido num dos estandes.
Foto: DW/J. Kürten
Muito mais do que livros
A Feira do Livro de Frankfurt não atrai somente os bibliófilos, mas todo tipo de curiosos e interessados. Como numa grande livraria, a quantidade de livros impressos em papel é estonteante. Mas de vez em quando o visitante não acredita no que vê: afinal, estamos numa feira literária ou numa quermesse?
Foto: DW/J. Kürten
Grande prazer da leitura
Por muitos anos, a maior feira literária do mundo se limitou aos pavilhões do centro de convenções em Frankfurt. Nos últimos anos, no entanto, ocorrem cada vez mais eventos também do lado de fora, no grande pátio entre os prédios. Em 2014, São Pedro não ajudou, e chove. Isso não incomoda os visitantes da grande tenda de leitura, no coração da feira, porém, que escutam atentos – e bem secos.
Foto: DW/J. Kürten
Aprendizado em um mundo digital
Livros e educação são duas coisas inseparáveis. A grande área dedicada à pedagogia é uma tradição da Feira de Frankfurt, e a seção atrai bastantes jovens. Em tempos de revolução digital, os fabricantes apostam nos novos recursos, já que computadores e software no lugar de livros já são padrão na sala de aula moderna.
Foto: DW/J. Kürten
Educação tradicional vive
Entretanto, como constatam repetidamente professores e educadores, os meios digitais não são tudo.Muitas vezes não basta ver o que está na tela do computador ou smartphones: é preciso pôr mãos à obra. Portanto a educação clássica continua em voga. Na Feira de Frankfurt, crianças e adolescentes também têm a oportunidade de aprender vivenciando e experimentando.
Foto: DW/J. Kürten
LIvro e computadores lado a lado
Um dos temas do evento em 2014 é o convívio entre livros e equipamentos digitais. Fato é que a tão anunciada morte do livro não passa de uma meia verdade. As salas de aula modernas podem não ser exatamente como desta, montada num estande da feira, mas as escolas ainda continuam empregando o bom e velho livro para ensinar seus alunos.
Foto: DW/J. Kürten
Obra de peso
O volume mais pesado da feira foi apresentado pelo editor Christian Döring: "Tausend und ein Tag – Morgenländische Erzählungen" (Mil e um dias – Contos orientais) pesa 4,4 quilos. No lançamento, uma atriz leu um dos capítulos da obra. Trata-se de um artigo para colecionadores, pois só serão impressos alguns milhares de exemplares.
Foto: DW/Jochen Kürten
Uma outra biblioteca
"Mil e um dias" é publicado por Die Andere Bibliothek, cujo estande chama a atenção por seu belo design multicolorido. A editora, fundada em 1984 pelo autor alemão Hans-Magnus Enzensberger, lança um livro por mês. Entre eles, estão obras inéditas e muitas descobertas históricas. Atualmente, cada livro é projetado por um designer diferente.
Foto: DW/J. Kürten
Um independente entre gigantes
Este homem de longa barba também tem motivos para comemorar. Há 20 anos Klaus Schöffling publica, e a editora que leva o seu nome continua independente – uma façanha, nesse setor dominado por gigantes como Random House e Amazon. A segunda década da empresa foi comemorada com leituras realizadas por 16 autores da editora, dentro da feira e em 12 livrarias de Frankfurt.
Foto: DW/J. Kürten
Ex-premiê é atração
Quando o ex-chefe de governo alemão Helmut Kohl apresentou seu livro, o estande da editora Droemer quase não deu vazão ao enorme interesse. Esse é um dos charmes da Feira do Livro de Frankfurt: escritores e políticos, intelectuais e personalidades da TV e de outros meios comparecem e apresentam pessoalmente seus livros.