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Kerry exige fim de voos sobre zonas de conflito na Síria

21 de setembro de 2016

Em discurso no Conselho de Segurança da ONU, secretário de Estado dos EUA pede que cessar-fogo seja retomado e que a Rússia assuma responsabilidade por ataque a comboio humanitário.

John Kerry no Conselho de Segurança da ONU
Foto: Reuters/L. Jackson

Dois dias após o ataque a um comboio de ajuda humanitária na Síria, o secretário de Estado americano, John Kerry, exigiu nesta quarta-feira (21/09) que a Rússia e o regime sírio parem imediatamente de sobrevoar zonas de conflito no país em guerra, numa tentativa de restabelecer o cessar-fogo.

"Para restaurar a credibilidade no processo [de paz], devemos avançar para tentar imediatamente deixar em terra todos os aviões que sobrevoam essas áreas-chave para diminuir as tensões e dar uma chance para a livre circulação da ajuda humanitária", disse Kerry, em discurso no Conselho de Segurança da ONU.

O secretário ressaltou que ainda há esperanças de uma retomada do cessar-fogo e de negociações de paz, mas deixou claro que os Estados Unidos consideram que isso só pode acontecer após os aviões do presidente Bashar al-Assad pararem de bombardear regiões habitadas por civis.

Kerry criticou as diversas versões de Moscou sobre o recente bombardeio aos caminhões das Nações Unidas e do Crescente Vermelho. O diplomata destacou que uma testemunha relatou ter visto aviões militares no céu no momento do ataque ao comboio. Em nota, a Rússia afirmou que os caminhões pegaram fogo.

O secretário pediu que os governos russo e sírio admitam o ataque, assim como os EUA fizeram no último fim de semana, após a coalizão internacional liderada pelo país ter bombardeado tropas de Bashar al-Assad – supostamente por engano, ao tentar atingir alvos do "Estado Islâmico" (EI). O incidente acirrou as tensões entre Washington e Moscou, aliado do regime sírio.

O chefe da diplomacia americana avaliou que o ataque ao comboio de ajuda humanitária foi um golpe duro nos esforços de paz na Síria e colocou em dúvida se as obrigações negociadas por EUA e Rússia em Genebra serão colocadas em prática, referindo-se ao acordo de cessar-fogo que entrou em vigor na semana passada. A trégua foi declarada encerrada pelo Exército sírio nesta segunda-feira, antes do ataque ao comboio.

"O futuro da Síria está por um fio e peço a este Conselho que não desista, que apoie os passos estipulados pelos EUA e pela Rússia em Genebra", concluiu.

Caminhões levando medicamentos e alimentos ficaram destruídos em ataqueFoto: Getty Images/AFP/O. Haj Kadour

Rússia pede investigação

Kerry discursou após um pronunciamento do ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov. Nele, o representante de Moscou pediu que os envolvidos não se deixassem levar por reações emocionais e exigiu uma investigação independente para indicar os responsáveis pelo ataque ao comboio

Lavrov ressaltou ainda que todos os envolvidos precisam tomar passos simultâneos para o fim da guerra síria e acusou os opositores do regime de usar a trégua no confronto para se reagruparem.

"Se concordamos com uma abordagem abrangente, multifacetada e integrada, as chances de um cessar das hostilidades sobreviver e ter sucesso serão melhores", disse Lavrov.

O ataque ao comboio humanitário na segunda-feira atingiu 18 caminhões que levavam alimentos e medicamentos para 78 mil civis na cidade de Urum al-Kubra. O incidente deixou cerca de 20 mortos.

Apesar das acusações americanas, a Rússia, assim como Assad, negam a autoria do bombardeio. Moscou afirmou ainda que um drone americano estava sobrevoando a região no momento do ataque e teria deixado o local meia hora depois do incidente.

CN/rtr/efe/lusa/afp

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