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Kerry pressiona Iraque para inspecionar aviões vindos do Irã

24 de março de 2013

Em visita a Bagdá, secretário norte-americano de Estado afirma que aeronaves iranianas cruzam espaço aéreo iraquiano com armas e soldados destinados às tropas do governo sírio.

Foto: Reuters

Os Estados Unidos acusam o Iraque de fazer vista grossa com relação às aeronaves iranianas que sobrevoam o país em direção à Síria. Em visita surpresa ao Iraque neste domingo (24/03), o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, afirmou que em vez do alegado transporte de ajuda humanitária ao país regido por Bashar al-Assad, os aviões vindos do Irã estariam transportando armas e soldados.

"Eu deixei muito claro que, para todos nós que estamos fazendo esforço para ver o presidente Assad renunciar, qualquer ato de apoio a ele é muito problemático", afirmou Kerry após encontro com o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki. Caso não haja a possibilidade de banir todos os voos iranianos, o governo norte-americano cobra que os aviões sejam obrigados a pousar e sejam inspecionados no país. Além disso, o resultado dessa busca deve ser divulgado.

No ano passado, a antecessora de Kerry, Hillary Clinton, havia assegurado das autoridades do Iraque a promessa de que todos os aviões do Irã que cruzassem o espaço aéreo iraquiano seriam inspecionados. Desde então, porém, apenas duas aeronaves foram revistadas no país, segundo informações dos EUA. A guerra civil entre tropas de Assad e rebeldes já dura dois anos e deixou, até agora, um saldo de 70 mil mortos.

John Kerry ainda lamentou a renúncia do líder da oposição na Síria, Mouaz al-Khatib, anunciada neste domingo. O secretário norte-americano, no entanto, reforçou que isso não afetará os esforços dos EUA pela saída de Assad do poder. Al-Khatib era apoiado pelos países ocidentais, porém, alegou sua retirada por não contar com suficiente apoio internacional.

Tratamento a sunitas

Outro tema tratado entre Kerry e al-Maliki foi o tratamento dispensado à minoria sunita no Iraque, governado pela maioria xiita. Os Estados Unidos temem que, diante da insatisfação dos sunitas, grupos de militantes radicais como o Al Qaeda ganhem influência em províncias de predomínio sunita.

Por isso, o secretário norte-americano tentou dissuadir o primeiro-ministro iraquiano da decisão de adiar as eleições nas províncias sunitas de Anbar e Nineveh, marcadas inicialmente para o dia 20 de abril. Um adiamento seria um "sério retrocesso" nas relações entre sunitas e xiitas, disse o porta-voz do governo norte-americano.

Menos influência dos EUA

A visita de Kerry acontece justamente três dias após a data que marcou o início da Guerra do Iraque. Há dez anos os EUA atacaram o sul de Bagdá, em uma tentativa frustrada de matar o então líder iraquiano Saddam Hussein. A guerra, que custou um bilhão de dólares aos cofres dos EUA, é considerada por críticos um grande fracasso estratégico que deixou 4,5 mil soldados norte-americanos e 100 mil iraquianos mortos.

Em dezembro de 2011 os Estados Unidos iniciaram a retirada de suas tropas do Iraque. Desde então o governo em Washington vem expressando preocupação de que o Irã aumente sua influência na região. O número de soldados norte-americanos atualmente é de 10,5 mil homens, e deve ser reduzido para 5,1 mil até o fim deste ano.

MSB/afp/ap/rtr

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