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Kim atravessará fronteira a pé para encontro histórico

26 de abril de 2018

Esta será a primeira vez desde o fim da Guerra da Coreia que um líder norte-coreano pisará em território do país vizinho. Kim e Moon participarão de cerimônias para marcar reaproximação entre as duas Coreias.

Estudantes erguem cartaz com imagem dos líderes das duas Coreias em ato de apoio à aproximação entre os dois países em Seul
Estudantes erguem cartaz com os líderes das duas Coreias em ato de apoio à aproximação entre os dois países em SeulFoto: Reuters/J. Silva

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, atravessará a pé a fronteira com a Coreia do Sul, para um encontro histórico com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, nesta sexta-feira (27/04), anunciaram autoridades sul-coreanas.

A travessia da fronteira com o país vizinho será carregada de simbolismo, uma vez que Kim será o primeiro líder norte-coreano a pisar em solo sul-coreano desde o armistício que encerrou o conflito militar entre os dois países, em 1953. Ambos permanecerão na zona desmilitarizada na fronteira entre os dois países, mas do lado sul-coreano.

Leia também: Coreia do Sul desliga alto-falantes na fronteira

Segundo informou o chefe de gabinete sul-coreano, Im Jong-seok, Moon receberá Kim após ele cruzar a demarcação de concreto da fronteira entre os dois países. Ambos caminharão juntos por cerca de dez minutos até uma praça onde farão uma inspeção da guarda de honra sul-coreana.

Após a assinatura no livro de visitas e uma sessão de fotos na Casa da Paz, o local da reunião, serão iniciadas as conversações formais, que devem ter como tema central o programa nuclear norte-coreano. Mais tarde, os dois líderes plantarão um pinheiro na área de fronteira, utilizando terra e água de rios dos dois países. A árvore, bastante popular nas duas Coreias, é datada de 1953, o ano do fim da guerra.

Junto ao pinheiro será colocada uma placa de pedra com os dizeres "a paz e a prosperidade estão plantadas" e a assinatura dos dois líderes. Logo após, Kim e Moon caminharão juntos até uma passarela com um sinal da linha de demarcação militar, informou o chefe de gabinete.

Os líderes se reunirão novamente à tarde e depois participarão juntos de um banquete. O norte-coreano deverá ser acompanhado de nove membros do alto escalão do governo de Pyongyang, incluindo a irmã Kim Yo-jong. Seul espera que a esposa de Kim, Ri Sol-ju, esteja presente em algumas partes do encontro, mas sua presença ainda não foi confirmada.

A reunião desta sexta-feira e o planejado encontro entre Kim e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que deverá ocorrer em maio ou junho, se tornaram possíveis após o líder norte-coreano se colocar à disposição para abrir negociações sobre seu programa nuclear, depois de um ano de tensões internacionais envolvendo testes de mísseis balísticos e nucleares.

Nos últimos meses, Kim iniciou uma série de esforços diplomáticos para diminuir o isolamento de seu país, com o envio de uma delegação de atletas para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, em fevereiro, e ao se reunir com o presidente da China, Xi Jinping, em Pequim, no mês de março.

Colapso do local de testes nucleares

Geologistas chineses revelaram que a montanha localizada sobre o principal local de testes nucleares da Coreia do Norte entrou em colapso. Os especialistas pediram que a região seja monitorada para avaliar possíveis vazamentos de radiação.

A conclusão dos cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia da China pode ter revelado um dos motivos que levaram Kim a anunciar recentemente a suspenão dos testes nucleares, antes dos encontros com Moon e Trump.

Segundo os cientistas, a enorme quantidade de calor e energia liberadas pelo maior teste nuclear norte-coreano, realizado em setembro do ano passado, teria danificado o local a ponto de deixá-lo instável.

A explosão teria provocado quatro terremotos nas semanas seguintes. O primeiro deles, segundo os pesquisadores, ocorreu oito minutos e meio após a explosão, gerando um colapso próximo ao local dos testes, seguido de outros tremores.

Os chineses afirmam que não foram detectados riscos de vazamento de radiação após o recolhimento de amostras coletadas ao longo da fronteira.

RC/ap/efe

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