Kim Jong-un pede que norte-coreanas tenham mais filhos
4 de dezembro de 2023
Com taxa de natalidade em queda na última década, país tem problemas para manter economia funcionando. Coreia do Sul também enfrenta desafio semelhante.
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O líder norte-coreano Kim Jong-un pediu às mulheres do seu país que tenham mais filhos, informou nesta segunda-feira (04/12) a agência de notícias estatal KCNA.
"Parar o declínio nas taxas de natalidade e proporcionar bons cuidados e educação às crianças são todos assuntos de família que devemos resolver juntamente com as nossas mães", disse Kim durante um discurso no Encontro Nacional de Mães.
Baixas taxas de natalidade
A Coreia do Sul estimou que as taxas de natalidade da Coreia do Norte têm diminuído na última década. O Fundo de População das Nações Unidas afirma que a taxa de natalidade da Coreia do Norte é de 1,8 nascimento por mulher em 2023, o que está abaixo da taxa de referência de reposição populacional de 2,1 dos países desenvolvidos.
A Coreia do Norte depende fortemente do trabalho físico para manter a sua economia funcionando, em um momento em que os laços comerciais estão praticamente cortados com o Ocidente devido a sanções.
Acredita-se que o país tenha tido uma diminuição da fertilidade na década de 1990 devido à fome, tendo o Instituto de Investigação Hyundai, da Coreia do Sul, afirmado em agosto que as baixas taxas de natalidade poderiam, em última instância, prejudicar o setor industrial da Coreia do Norte.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse em agosto que muitos norte-coreanos "parecem estar enfrentando fome extrema".
No seu discurso, Kim Jong-un expressou gratidão às mães da Coreia do Norte por elevarem o moral nacional.
"Eu também penso sempre nas mães quando tenho dificuldade em lidar com o partido e com o trabalho do Estado", disse Kim, referindo-se ao governista Partido dos Trabalhadores da Coreia.
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Poucos nascimentos também na Coreia do Sul
A Coreia do Sul também enfrenta uma crise de natalidade, embora por razões diferentes das do seu vizinho comunista. A Coreia do Sul registrou 0,78 nascimento por mulher em 2022, o índice mais baixo do mundo.
As más condições do mercado de trabalho para os jovens, a falta de habitação acessível em grandes cidades, como Seul, e a longa jornada de trabalho estão entre as razões para a baixa taxa de natalidade. Além disso, as mulheres que tiram licença para criar os filhos enfrentam, às vezes, estigma no escritório devido à cultura hipercompetitiva e conservadora da Coreia do Sul.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, no início deste ano, classificou o problema da baixa taxa de natalidade no país como uma "agenda nacional crucial".
Nos últimos anos, a Coreia do Sul pagou às famílias com recém-nascidos um subsídio mensal, mas não está claro se esta política terá algum impacto a longo prazo na no número de nascimentos.
md/le (Reuters, AP)
Guerra da Coreia, 70 anos depois
Combates na península coreana duraram mais de três anos. De um lado, o sul, apoiado pela ONU. Do outro, o norte, reforçado por China e URSS. Guerra acabou em 1953, com milhões de mortos e a divisão das Coreias cimentada.
Foto: AP
Fronteira da Guerra Fria
Em 27 de julho de 1950, as tropas da comunista Coreia do Norte atravessam o Paralelo 38, iniciando uma verdadeira campanha de ocupação. Em poucos dias, praticamente todo o país estava sob seu controle. É o início de uma guerra que durará 37 meses, custando 4,5 milhões de vidas humanas, segundo certas estimativas.
Foto: AFP/Getty Images
Antecedentes
Depois de ser ocupada pelo Japão de 1910 a 1945, a Coreia estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O território acima do 38º paralelo norte ficou sob controle soviético, o do sul, na mão dos EUA. Em agosto de 1948, Seul proclama a República da Coreia. Em reação, o general Kim Il-sung cria no norte a República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro do mesmo ano.
Foto: picture-alliance / akg-images
Reforço da ONU
Seguindo o avanço dos norte-coreanos sobre o Paralelo 38, a partir de julho de 1950 as Nações Unidas decidem dar apoio militar à Coreia do Sul, por pressão dos EUA. São enviados para a península 40 mil soldados de mais de 20 países, entre os quais 36 mil norte-americanos. A sorte parece ter virado: logo os Aliados conseguem ocupar quase todo o país.
Foto: AFP/Getty Images
Codinome Operação Chromite
Em 15 de setembro de 1950, tropas ocidentais sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcam perto da cidade portuária de Incheon, no sudoeste, capturando uma base central de suporte do Norte. Pouco depois, Seul está novamente na mão dos Aliados, que em outubro também ocupam Pyongyang. O fim da guerra parece próximo. Mas aí a China envia tropas de apoio aos norte-coreanos.
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Ajuda de Mao
Em meados de outubro iniciava-se a intervenção chinesa. De início, a ajuda parte apenas de unidades de pequeno porte. No final do mês ocorre a primeira mobilização em grande escala na Coreia do Norte do "exército de voluntários" de Mao. Em 5 de dezembro, Pyongyang – única capital comunista ocupada por tropas ocidentais durante a Guerra Fria – está novamente nas mãos de norte-coreanos e chineses.
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Pró e contra a bomba atômica
Em janeiro de 1951 começa uma grande ofensiva da Coreia do Norte, com apoio chinês. Cerca de 400 mil chineses e 100 mil norte-coreanos forçam as tropas aliadas a recuar fortemente. Em abril, o general MacArthur é destituído de seu posto, depois que o presidente Harry Truman lhe ordenara usar bombas atômicas contra a China. Seu sucessor é o general Matthew B. Ridgway.
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Guerra de exaustão
Em meados de 1951, mais ou menos na altura da linha de demarcação que separava o Norte e o Sul antes da guerra, as forças oponentes chegam a um impasse. A partir daí, começa uma encarniçada guerra de exaustão, que durará até o fim das operações de combate, dois anos mais tarde – embora as negociações de paz já tivessem sido iniciadas em julho de 1951.
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Batalha de ideologias
O conflito entre as Coreias é considerado a primeira "guerra por procuração" entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista. A maior parte dos soldados lutando nas tropas da ONU vinha dos Estados Unidos. No lado oposto, os norte-coreanos contaram com o reforço de centenas de milhares de chineses e russos.
Foto: AFP/Getty Images
Coreia do Norte em ruínas
Desde o início, foi uma guerra de ataques aéreos e bombardeios. Durante os três anos de combates, as forças aéreas das Nações Unidas realizaram mais de 1 milhão de operações. Ao todo, os americanos lançaram cerca de 450 mil toneladas de bombas, inclusive de napalm, sobre a Coreia do Norte. A destruição foi extensa: ao fim da guerra, quase todas grandes cidades estavam arrasadas.
Foto: AFP/Getty Images
Estimativas conflitantes
Quando, em 1953, as tropas aliadas se retiram da península coreana, o saldo é de milhões de mortos. Os dados sobre o número de soldados caídos são conflitantes. Calcula-se que morreram cerca de meio milhão de militares coreanos, assim como 400 mil chineses. Os Aliados registram 40 mil vítimas, 90% delas americanos.
Foto: Keystone/Getty Images
Troca de prisioneiros
Ainda durante os combates, de meados de maio a início de abril de 1953, ocorreu a primeira troca de presos entre os dois lados. Até o fim do ano, mais detentos seriam repatriados. A ONU devolveu mais de 75 mil norte-coreanos e quase 6.700 chineses. O outro lado soltou 13.500 pessoas, entre as quais 8.300 sul-coreanos e 3.700 soldados dos EUA.
Foto: Keystone/Getty Images
Cessar-fogo
Após mais de dois anos, as negociações de cessar-fogo iniciadas em 10 de julho de 1951 culminam no Armistício de Panmunjom. A divisão da península está sedimentada: o 38º paralelo norte é definido com fronteira entre as Coreias do Norte e do Sul. Mas como um tratado de paz nunca foi assinado, do ponto de vista do direito internacional os dois países se encontram até hoje em estado de guerra.
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Terra de ninguém
O idílio na cidade fronteiriça de Panmunjom é enganoso. Até hoje, a fronteira ao longo do Paralelo 38 é a mais rigorosamente vigiada do mundo. Ao longo da linha estipulada no acordo de armistício de 1953, o Norte e o Sul são separados por uma zona desmilitarizada de cerca de 250 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura. Aqui, soldados de ambos os lados se defrontam diariamente.