Kindergarten, o modelo alemão de educação infantil
Karina Gomes
9 de março de 2018
Jardim de infância idealizado por pedagogo alemão prioriza desenvolvimento por meio da convivência social e atividades lúdicas. Aprender alfabeto e a escrever próprio nome ficam de fora das prioridades.
Anúncio
Crianças precisam ser cultivadas e cuidadas como plantas de um jardim. Foi esse o princípio que guiou o pedagogo alemão Friedrich Wilhelm August Fröbel na criação, em 1840, do primeiro Kindergarten do mundo, na cidade de Bad Blankenburg, no leste da Alemanha.
A palavra alemã para jardim de infância foi incorporada a outros idiomas, como o inglês, e expressa a ideia de que a aquisição de conhecimento deve ficar em segundo plano na infância.
Para Fröbel, o essencial para os pequenos é aprender sobre valores como justiça, responsabilidade e iniciativa por meio da vivência. Brinquedos, trabalho manual e contato com a natureza seriam os principais instrumentos para um aprendizado lúdico, que coloca a criança como protagonista, e não um simples receptor de conteúdo.
Ainda hoje, a teoria de Fröbel continua moderna. Para as crianças que frequentam o jardim de infância na Alemanha, a fórmula carteira-lousa-professor em pé-alunos sentados-dever de casa praticamente não existe. O principal objetivo do Kindergarten é ajudar a criança a se expressar e se desenvolver.
Os Kindergärten são frequentados por crianças até os seis anos de idade. Os jardins de infância alemães são instituições independentes das escolas e podem ser mantidos pelos estados da federação, igrejas ou entidades privadas.
Os ambientes são espaçosos para atividades individuais e em grupo, com muitas cores e brinquedos. As crianças aprendem algumas letras do alfabeto e como escrever o próprio nome para facilitar a transição para o ensino infantil, mas na maior parte do tempo elas estão concentradas em atividades lúdicas, como passeios na cidade e na floresta, experimentos com diferentes materiais e cultivo de pomar.
Alguns jardins de infância oferecem as atividades em uma segunda língua, como o inglês e o português. Em geral, pode-se optar por pelo número de horas que a criança permanece no Kindergarten. E os pais são bem-vindos para participar de algumas atividades.
Uma mensalidade é cobrada pelo jardim de infância. Os valores dependem de uma série de fatores, como o período em que a criança fica no local e os métodos de cobrança adotados pelo estado alemão e pela cidade. O preço é geralmente definido pelo salário dos pais. Os valores aumentam caso o Kindergarten ofereça educação musical, um cardápio especial ou atividades complexas de artesanato.
Escolher o Kindergarten não é uma tarefa fácil. É sempre recomendável fazer uma visita prévia para checar o perfil da instituição. E muitas mães entram na fila para o registro da criança no Kindergarten logo depois do parto, devido à escassez de vagas no país.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.
_______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
Como crianças veem o mundo daqui a 50 anos
As mudanças climáticas preocupam não só os adultos. A DW pediu a crianças com entre seis e 12 anos de idade que desenhassem como acham que será o planeta do futuro.
Foto: DW/I. Banos
Um mundo afundando
Samuel, de apenas dez anos de idade, tem uma visão clara quanto aos efeitos das mudanças climáticas para o planeta: o nível da água aumentará tão fortemente que as pessoas que vivem perto do mar terão que pedir ajuda. "E por que isso acontece?" Ele fica sério e responde: "Por causa da poluição extrema!"
Foto: DW/I. Banos
O último pôr do sol?
Daniel, de sete anos, adora admirar o Sol. Ele teme, porém, que o astro não exista mais em 50 anos. A esperança do menino é que ele mude apenas um pouco, de forma que o nascer e o pôr do sol continuem tão lindos quanto hoje. Enquanto isso, Daniel apela aos pais para que reciclem mais. Afinal, o que está em jogo é seu futuro.
Foto: DW/I. Banos
Carros voadores
Num futuro próximo, os carros poderão voar, mas continuarão tão poluentes quanto hoje em dia. O céu será mais cinza que azul por causa da poluição. A humanidade terá esquecido completamente a importância da natureza. Mesmo as últimas árvores terão sido derrubadas. E, na opinião de Paloma, de dez anos, isso não vai demorar 50 anos, mas apenas 15.
Foto: DW/I. Banos
Fuga do calor
Emma, de sete anos, recentemente viajou com a mãe pelo Sudeste Asiático. Ela estava maravilhada com a região, mas só não gostou do calor. A mãe dela explicou que a cada ano a Terra está um pouco mais quente. Por isso, não é de admirar que Emma imagine assim o futuro do planeta: o sol vai queimar quase tudo e os humanos terão de deixar a Terra. Em foguetes, claro.
Foto: DW/I. Banos
Morar em Marte
Linus, de 12 anos, acha que assim será a vida em Marte. Em 50 anos, a Terra terá virado um caos tão grande que os seres humanos terão que procurar outro lugar para viver. Mas também em Marte as pessoas vão destruir tudo. "Não há muita esperança para o nosso futuro próximo, não é, Linus?" "Bem, ainda podemos impedir!"
Foto: DW/I. Banos
O futuro é tecnologia
"A natureza terá pouca importância no futuro", diz Yann, de 12 anos. Mas ele não acha isso ruim, pois nossa tecnologia será muito avançada e teremos muitas "coisas voadoras". Assim ele vê o nosso planeta em 50 anos: cheio de infraestrutura moderna e máquinas revolucionárias.
Foto: DW/I. Banos
O perigo do carbono
Astrid, de seis anos, tem uma ideia muito abstrata da Terra: os rios correm, pessoas se movimentam e o ar flui. Todos se movem na mesma direção e enfrentam a mesma ameaça: uma gigantesca pegada de carbono. Só que, em vez de um pé, a pequena Astrid se confundiu e desenhou uma mão coberta de riscos coloridos, com pontos pretos.
Foto: DW/I. Banos
Deixe-nos sobreviver!
Nem todos os jovens artistas nos forneceram uma interpretação clara do que queriam dizer em seus desenhos. Aqui, Miguel, de dez anos, ofereceu duas opções: o robô pode representar as mudanças climáticas que nos ameaçam. Ou também a inteligência artificial, que pode ficar fora de controle e se tornar mais forte que nós. Em qualquer um dos casos, é preciso começar a tomar providências já.
Foto: DW/I. Banos
Invasão da Terra
Judith, de sete anos, fica bem séria quando fala sobre o futuro do planeta. Ela está convencida de que todos poderemos estar mortos até 2067, inclusive nossos animais de estimação. Os extraterrestres então teriam oportunidade de invadir a Terra. No caso de isso não acontecer, é preciso economizar recursos. Começando pelo papel, desenhando no verso de folhas usadas.