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Kohl planejou se livrar de metade dos imigrantes turcos

2 de agosto de 2013

Pouco depois de assumir o poder, em 1982, o então chanceler federal Helmut Kohl confidenciou à primeira-ministra Margaret Thatcher que pretendia mandar metade dos turcos que viviam na Alemanha de volta para casa.

Foto: Keystone/Getty Images

"O chanceler federal Kohl disse que […] ao longo dos próximos quatro anos será necessário reduzir o número de turcos em 50% – mas ele ainda não podia dizer isso abertamente", escreveu o site alemão Spiegel Online nesta quinta-feira (01/08). A citação foi retirada de um documento do Arquivo Nacional britânico, que registra uma conversa entre o chanceler federal alemão Helmut Kohl e a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher em 1982, em Bonn, na então Alemanha Ocidental.

Encerrado um período de 30 anos de sigilo, o dossiê PREM 19/1036, que registra o encontro, pôde agora ser acessado pela Spiegel Online. Na ocasião, o então chanceler federal teria dito que era impossível assimilar o total de turcos presentes na Alemanha, cita o portal de notícias alemão .

Por isso, metade deles teria de deixar o país. Para aqueles que ficassem, Kohl previa treinamentos especiais. Entre outras coisas, eles deveriam aprender o idioma alemão.

Segundo a Spiegel Online, estavam presentes no encontro apenas Kohl, seu conselheiro Horst Teltschik, Thatcher e seu secretário pessoal, A.J. Coles, que escreveu o dossiê. A conversa entre o chanceler-federal e a primeira-ministra teria ocorrido em 28 de outubro de 1982, cerca de quatro semanas após Kohl ter assumido o cargo.

Para Kohl, turcos eram caso especial

"A Alemanha não tem problemas com os portugueses, os italianos e até mesmo os cidadãos do sudeste asiático, porque essas comunidades se integraram bem", disse Kohl, segundo as anotações de Coles. Mas os turcos vinham de uma cultura muito diferente, teria dito o chanceler federal.

Como exemplos para o "choque de duas culturas distintas", Kohl teria citado os casamentos forçados e o trabalho ilegal dos turcos. A Alemanha integrara 11 milhões de cidadãos do Leste Europeu, mas, por serem europeus, eles não criavam problemas, declarou Kohl, de acordo com o documento. Além disso, ele pretendia pagar uma indenização aos que deixassem o país.

Em seu mandato como chanceler federal, de 1982 a 1998, Kohl enfatizou diversas vezes que a Alemanha não era um país de imigrantes. Em 1982, havia cerca de 1,5 milhões de turcos no país. Hoje, cerca de 3 milhões de pessoas de origem turca vivem na Alemanha, das quais mais da metade tem a cidadania alemã.

Kohl reviu suas posições sobre os turcos e imigrantes ao longo dos anos 1990. Além disso, sua nora é turca. Em 2001, seu filho Peter casou-se com a banqueira Elif Sözen em Istambul. Foi Kohl quem, em nome do filho, pediu a mão da nora em casamento ao pai da jovem.

Em resposta à divulgação do conteúdo do encontro, a assessoria do ex-chanceler federal divulgou uma curta nota, afirmando apenas que o plano era parte do amplo debate sobre política migratória, então existente na sociedade alemã.

LPF/dpa/rtr/ape

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