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Kraftwerk celebra quatro décadas de carreira em shows 3D

Augusto Valente6 de janeiro de 2015

Pais do electropop retornam a Berlim depois de dez anos. Série de concertos dedicada a oito de seus principais álbuns também marca fechamento para reformas do museu de arte contemporânea Neue Nationalgalerie.

Foto: imago/United Archives

Um ícone da música eletrônica acompanha a despedida temporária de um ícone da arquitetura moderna: de 6 a 13 de janeiro, a banda alemã Kraftwerk realiza oito concertos na Neue Nationalgalerie de Berlim. Em seguida, a galeria de arte contemporânea instalada no paralelepípedo de vidro projetado pelo célebre arquiteto Mies van der Rohe (1886-1969) entra em recesso por pelo menos quatro anos, para saneamento geral.

"Se esta é uma ideia visionária, utópica de edifício, então o Kraftwerk representa uma ideia visionária, utópica de música", comparou Udo Kittelmann, diretor da Neue Nationalgalerie, ao anunciar a série de concertos em 3D Der Katalog - 1 2 3 4 5 6 7 8.

Nela, com animações de computador, efeitos de luz e robôs no palco, o quarteto revisita oito de seus principais álbuns em ordem cronológica, de Autobahn (1974) a Tour de France (2003). A estreia de Katalog foi em 2012, no Museu de Arte Moderna de Nova York, seguida de turnês por Londres, Tóquio, Sydney e Düsseldorf, a cidade natal dos músicos. Estas são as primeiras apresentações do Kraftwerk em Berlim desde 2004.

Neue Nationalgalerie, apoteose moderna do vidro, ficará fechada por vários anosFoto: picture-alliance/chromorange

Emoção das máquinas

Ralf Hütter e Florian Schneider fundaram o quarteto experimental em 1970, dentro do espírito de revolta juvenil da Alemanha do pós-Guerra. Na contramão dos estilos da época, com textos minimalistas e computadores, a meta era ilustrar a progressiva interconexão entre homem e máquina. O resultado é um som robótico, de precisão absoluta, ao mesmo tempo pré e super-humano. E no processo – afirmam seus fãs e seguidores – os quatro músicos descobriram e liberaram a emoção das máquinas.

Considerados os pais do electropop, sua influência se estende a músicos tão diversos como Giorgio Moroder, Depeche Mode, Pet Shop Boys e Yazoo, passando pela new wave, pelo hip-hop e pelo techno de Detroit. Já em 1997, o New York Times classificava o grupo como "os Beatles da música eletrônica para dançar".

Mais do que uma banda, o Kraftwerk se define como "projeto multimídia", que desde o início concebe seus shows como performances audiovisuais, combinando som e animação. Ironicamente, desse modo os pioneiros da estética ultramoderna acabam por reeditar uma obsessão germânica já secular: o ideal do gesamtkunstwerk, a "obra de arte total".

Kraftwerk na Muffathalle de Munique, em 2004Foto: imago/Stefan M Prager

Ressalvas acústicas

Para um grupo tão obcecado pela perfeição sonora, é curioso que a já lendária turnê berlinense venha antecedida por uma ressalva técnica. Em entrevista à rádio RBB, o secretário de Cultura da capital alemã, Tim Renner, expressou dúvidas quanto à adequação acústica da sala escolhida para o evento.

"Do ponto de vista puramente técnico, estou cético, pois – graças à espetacular arquitetura de Mies van der Rohe, a Neue Nationalgalerie tem, acima de tudo, uma coisa: um monte de vidro. E quem tem muito vidro em sua sala de estar sabe que isso é ruim para a música."

Seja como for, o político de 50 anos e, desde adolescente, admirador dos eletrônicos de Düsseldorf não pretende perder a oportunidade única de assistir Der Katalog - 1 2 3 4 5 6 7 8 em Berlim. Se o Kraftwerk fará ou não jus à fama de magos dos sons, perfeccionistas absolutos: a última palavra caberá aos fãs.

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