1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Kremlin nega ter envenenado opositor de Putin

3 de setembro de 2020

Moscou refuta envolvimento no caso Navalny, que foi alvo de tentativa de assassinato por agente tóxico desenvolvido na antiga União Soviética. Crime aumenta pressão para Merkel cancelar projeto de gasoduto com a Rússia.

Ativista e político de oposição russo Alexei Navalny durante passeata em Moscou, em fevereiro de 2020
O agente neurotóxico usado para envenenar Navalny faz parte da mesma série usada contra o ex-espião Sergei SkripalFoto: Reuters/S. Zhumatov

O governo da Rússia rechaçou nesta quinta-feira (03/09) as alegações de possível envolvimento no caso Alexei Navalny, um dos principais opositores do Kremlin, que foi envenenado e atualmente está sendo tratado na Alemanha.

Na quarta-feira, a Alemanha havia divulgado a comprovação "de modo inequívoco" da presença de um agente químico neurotóxico do grupo de agentes novichok no corpo de Navalny.

"Não há razão para censurar o Estado russo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência russa Tass. Segundo Peskov, o caso não beneficiaria ninguém. "Eu não acho que isso [o envenenamento de Navalny] seja útil para ninguém, se você olhar sobriamente para o que aconteceu."

O porta-voz do governo russo afirmou não ver razão para eventuais sanções contra Moscou ou contra o projeto do gasoduto Nord Stream 2 (entenda) no Mar Báltico, uma parceria entre Rússia, Alemanha e outros países europeus.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, está sob crescente pressão doméstica para abandonar o apoio ao projeto. O Partido Verde pediu à chefe de governo que use o gasoduto para pressionar o Kremlin a esclarecer o envenenamento de Navalny, que Merkel chamou de um crime com objetivo de "silenciar" o opositor russo.

"Essa tentativa escancarada de assassinato por meio das estruturas de estilo mafioso do Kremlin não deveria apenas nos preocupar, mas precisa ter consequências reais", disse Katrin Göring-Eckardt, copresidente dos verdes no Parlamento alemão. "Nord Stream 2 não é mais algo que podemos apoiar em conjunto com a Rússia."

Os países da União Europeia (UE) começaram a discutir uma resposta ao envenenamento de Navalny, mas alertaram que ainda é muito cedo para impor sanções até que uma investigação identifique culpados.

Berlim comunicou os outros 26 Estados-membros da UE sobre o estado de Navalny e as descobertas em relação ao agente neurotóxico. O porta-voz da diplomacia da UE, Peter Stano, pediu uma investigação transparente por parte de Moscou, que se disse disposta a cooperar.

"Queremos que os responsáveis sejam levados à Justiça, mas para isso a investigação precisa ser lançada e deve trazer resultados", disse Stano, em Bruxelas, quando questionado se poderia haver sanções em retaliação. "Ainda não chegamos lá, então é difícil falar em punição se não tivermos o responsável."

O agente químico neurotóxico usado para envenenar Navalny faz parte da mesma série de agentes novichok desenvolvidos pela União Soviética e usados, por exemplo, contra o ex-agente duplo Serguei Skripal, envenenado na Inglaterra em 2018.  

Navalny, de 44 anos, é um dos maiores críticos do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Aliados do opositor afirmam que o Kremlin quer eliminar o político.

Navalny adoeceu enquanto voava de Moscou para a cidade siberiana de Tomsk, em 20 de agosto. A aeronave precisou fazer um pouso de emergência, e o ativista foi levado a um hospital. Ele estava a caminho de Tomsk para realizar pesquisas para seu fundo anticorrupção, mas também para acompanhar as eleições regionais.

Em 22 de agosto, ele foi transportado para a Alemanha a pedido de sua família. Navalny está em coma induzido, mas em estado considerado estável, no Hospital Universitário Charité, em Berlim.

Inicialmente, os médicos russos haviam vetado o traslado do ativista, alegando que seu estado crítico de saúde não permitia a remoção. Apoiadores de Navalny denunciaram a recusa como uma tentativa do governo russo de protelar a transferência até que indícios de envenenamento não pudessem mais ser rastreados em seu corpo. 

PV/dpa/afp

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque