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Líder chavista comemora vitória em bloqueio de ajuda

25 de fevereiro de 2019

Ao lado de generais, presidente da Assembleia Constituinte afirma que regime não se renderá. Após confrontos, governo venezuelano acusa oposição por violência nas fronteiras e incêndio em caminhões.

Cabello discursou ao lado de militares na fronteira com a Colômbia
Cabello discursou ao lado de militares na fronteira com a Colômbia Foto: AFP/F. Parra

O presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello, comemorou neste domingo (24/02) como "vitória" o bloqueio da ajuda humanitária internacional nas fronteiras da Venezuela. As tentativas de ingresso no país causaram confrontos entre a população e militares.

"Hoje consolidamos a vitória de ontem. Amanhã consolidaremos ainda mais esta vitória. Nem um único caminhão com ajuda humanitária passou", declarou Cabello, num ato na cidade venezuelana de San Antonio del Táchira, na fronteira com a Colômbia, ao lado de generais leais ao regime de Nicolás Maduro.

O líder chavista assegurou que o governo segue firme e não se renderá. "Nós mostramos a eles, não caímos no que queriam, não demos os mortos que eles queriam, agimos de forma muito inteligente até a vitória", ressaltou.

Além de cantar vitória, os chavistas responsabilizaram o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, pelo caos nas fronteiras do país com o Brasil e a Colômbia. O ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodríguez, culpou a oposição pela violência e por incendiar caminhões que transportavam a ajuda humanitária.

"Foi realizado pelos mesmos criminosos que estavam no caminhão. É possível ver claramente que são lançados coquetéis molotov para incendiar o caminhão. Naqueles caminhões não havia nada, eles estavam predestinados a serem queimados", alegou Rodríguez.

O ministro acusou ainda os Estados Unidos e o presidente colombiano, Iván Duque, de tentarem desestabilizar a Venezuela. "Não havia intenção de trazer ajuda humanitária, o que estavam tentando era uma agressão contra um país que defende sua soberania e sua democracia", acrescentou.

A ajuda humanitária, em grande parte oriunda dos EUA, tornou-se o foco do impasse político entre Maduro e Guaidó, o líder da Assembleia Nacional que se declarou presidente interino venezuelano há cerca de um mês.

Alegando tratar-se de um "cavalo de Troia" de Washington, o regime em Caracas reprimiu duramente neste sábado as tentativas de comboios para ingressarem no país, a partir da Colômbia e do Brasil, com carregamentos de assistência humanitária, com o apoio de Guaidó.

Houve confrontos entre manifestantes antichavistas e forças governamentais, que reforçaram bloqueios montados na fronteira colombiana, onde caminhões foram incendiados.

Devido às dificuldades e à violência, os oposicionistas liderados por Guaidó ordenaram o retorno dos veículos carregados aos centros de armazenamento. Maduro anunciou o rompimento de todas as relações com Bogotá, ordenando a retirada dos funcionários diplomáticos colombianos do país.

Segundo relatos da oposição, pelo menos oito pessoas, uma delas de 14 anos, morreram durante confrontos com paramilitares chavistas. Na sexta-feira, dois manifestantes indígenas já haviam sido mortos por forças do regime na vila venezuelana de Kumarakapay. O número de feridos, em parte por armas de fogo, é calculado em torno de 300.

Nos confrontos com os que protestavam nas fronteiras colombiana e brasileira, no decorrer do sábado, militares venezuelanos empregaram gás lacrimogêneo e balas de borracha. Alguns manifestantes atiraram coquetéis molotov contra um posto da Guarda Nacional Bolivariana.

O dia de tensão foi também marcado por deserções de mais de cem militares venezuelanos, que buscaram refúgio na Colômbia, vários deles declarando apoio a Guaidó.

CN/afp/dpa

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