Líder norte-coreano recebe delegação da Coreia do Sul
5 de março de 2018
Representantes do governo sul-coreano fazem visita histórica para pedir que Pyongyang retome diálogo sobre programa nuclear. É a primeira vez que Kim Jong-un se reúne com delegação do país vizinho.
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O líder norte-coreano, Kim Jong-un, recebeu nesta segunda-feira (05/03) uma delegação sul-coreana de alto nível em Pyongyang. De acordo com o escritório presidencial de Seul, o grupo foi ao país pedir ao regime da Coreia do Norte que retome o diálogo sobre seu programa nuclear.
É a primeira vez que Kim, que herdou o cargo de seu pai quando este faleceu em 2011, reúne-se com representantes de um governo sul-coreano. Foi também a primeira visita em mais de dez anos de uma delegação da Coreia do Sul de alto nível ao país vizinho.
Kim afirmou que a visita da delegação sul-coreana mostra seu desejo verdadeiro de estreitar os laços intercoreanos e escreve uma "nova história da reunificação nacional", segundo a agência de notícias estatal KCNA.
A agência afirmou ainda que a delegação e o líder norte-coreano conversaram sobre meios para aliviar a tensão na península coreana e retomar o diálogo, a cooperação e o intercâmbio. Kim recebeu ainda uma mensagem do presidente sul-coreano Moon Jae-in.
Segundo um comunicado de Seul, Kim jantou com a delegação na capital norte-coreana. O grupo é liderado por Chung Eui-yong, chefe do escritório presidencial sul-coreano de Segurança Nacional, e inclui outros quatro delegados – entre eles o diretor do Serviço Nacional de Inteligência (NIS), Suh Hoon – e cinco funcionários de apoio.
"Vamos transmitir o desejo do presidente Moon Jae-in de promover a desnuclearização da península da Coreia e a paz permanente, estendendo a boa vontade e a melhora das relações intercoreanas criadas nos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang", afirmou Chung, antes da partida.
Ao desembarcar no aeroporto internacional de Sunan, ao norte de Pyongyang, a delegação sul-coreana foi recebida por Ri San-gwon, diretor da agência do regime que se encarrega de tramitar os assuntos intercoreanos.
Seul assegurou que a missão buscará ampliar a aproximação conseguida no marco dos recentes Jogos Olímpicos de Inverno e que tratará o início de um possível diálogo entre Washington e o isolado país asiático com a última meta para conseguir a desnuclearização da península.
Nos Jogos de Olímpicos de Inverno em PyeongChang, que terminaram em 25 de fevereiro, as duas Coreias desfilaram sob a bandeira da unificação. O evento esportivo foi marcado por acontecimentos políticos: da presença da irmã de Kim –a primeira visita de um membro do clã Kim à Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953 – ao anúncio de Seul, durante a cerimônia de encerramento, de que Pyongyang estaria disposto a conversar com os Estados Unidos.
CN/efe/lusa/rtr
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Coreia do Norte nas lentes de um instagrammer
Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”