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Líder oposicionista russo Alexei Navalny é preso

26 de dezembro de 2019

Fundação de crítico do governo Putin também foi alvo de operação de busca. Ação ocorre após um aliado do político ser recrutado à força pelo Exército e enviado para uma ilha no Ártico. 

Russland Moskau | Alexei Nawalny, Oppositionspolitiker
Navalny se tornou conhecido na Rússia e no exterior a partir de 2011, quando passou a criticar o governo russo em seu blogFoto: Getty Images/AFP/Y. Kadobnov

O político russo Alexei Navalny foi preso mais uma vez nesta quinta-feira (26/12) após uma batida policial em sua fundação anticorrupção. A ação ocorre três dias após um dos membros do grupo de Navalny ter sido recrutado à força pelas Exército russo e enviado para uma base militar no Ártico.

"Alexei foi detido e levado à força. Ele não resistiu. Os advogados ainda estão na Fundação Anticorrupção (FBK), e há uma busca em andamento", escreveu no Twitter Kira Yarmysh, porta-voz de Navalny.

Ainda segundo Yarmysh,  ele foi solto pouco depois.

Em entrevista à DW, Yarmysh disse que a polícia parecer ter planejado a batida para coincidir com as filmagens de um episódio do programa de Navalny no YouTube, o "Navalny Live".

Ela ainda disse que o episódio da semana passada – que abordou um tiroteio do lado de fora do prédio dao Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) e uma coletiva de imprensa do presidente Vladimir Putin – registrou quase 1,5 milhão de visualizações, um "número recorde".

O arquipélago de Novaya Zemlya, no Oceano ÁrticoFoto: picture-alliance/dpa/Ria Novosti/R. Sitdikov

"Eles não gostaram desse sucesso", disse ela à DW, acrescentando: "Se eles realizarem buscas em nossos escritórios, podem apreender equipamentos técnicos. Assim não haverá mais o programa ".

Yarmysh disse que operações de busca nos escritórios da oposição se tornaram "parte do cotidiano".

Em setembro e outubro, houve batidas em massa nos escritórios da fundação em todo o país, bem como nas casas dos funcionários da FBK. O grupo foi declarado como "agente estrangeiro" pelas autoridades russas em outubro.

A batida mais recente também ocorre depois que um dos aliados de Navalny, Ruslan Shaveddinov, foi recrutado à força pelas forças armadas e enviado para um posto militar remoto no arquipélago de Novaya Zemlya, no Oceano Ártico, 2 mil quilômetros ao norte de Moscou. 

Shaveddinov, de 23 anos, atuava na fundação de Navalny e foi apresentador de um programa online que fez parte da campanha barrada do político à Presidência nas eleicoes de 2018. Na segunda-feira, ele foi detido em sua casa. No dia seguinte, já estava na base no Ártico. 

Na Rússia, homens entre 18 e 27 anos são elegíveis para recrutamento e normalmente servem um ano de serviço militar. No caso Shaveddinov, as autoridades justicaram a medida afirmando que ele vinha evitando cumprir a obrigação.

Já Yarmysh disse que a detenção e recrumentando forçado de Shaveddinov constituem uma "pressão pessoal contra o ativista". Em um publicação em seu blog, Navlny chamou o jovem ativista de "prisioneiro político".

Nos últimos anos, as autoridades russas aumentaram a pressão sobre Navalny e seus aliados.

O político de 43 anos  se tornou conhecido na Rússia e no exterior a partir de 2011, quando passou a criticar o governo russo em seu blog. Nos anos seguintes, passou a organizar protestos contra Putin. Em 2013, se candidatou a prefeito de Moscou e conseguiu 27% dos votos, ficando apenas atrás de um apadrinhado de Putin.

Em 2016, ele anunciou que pretendia se candidatar  à Presidência nas eleições de 2018, mas seu registro foi negado pelas autoridades eleitorais.

No último verão russo, ele organizou protestos para pedir eleições transparentes. Ele foi preso diversas vezes nos últimos anos.

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