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Líder opositor russo pode ter sido envenenado, diz médica

29 de julho de 2019

Hospital afirma que Navalny teve uma reação alérgica, mas médica pessoal do ativista atribui problema a agente tóxico. Preso, ele foi hospitalizado um dia após mais de mil manifestantes terem sido detidos em Moscou.

Líder oposicionista russo Alexei Navalny
Alexei Navalny é um dos principais opositores do presidente Vladimir PutinFoto: Reuters/T. Makeyeva

O líder opositor russo Alexei Navalny pode ter sido alvo de um "agente tóxico", afirmou sua médica nesta segunda-feira (29/07), enquanto o Kremlin luta para conter uma nova crise política após protestos em massa em Moscou terem sido reprimidos por forças de segurança.

A saúde do principal opositor do presidente Vladimir Putin se deteriorou um dia após mais de 1.300 pessoas terem sido presas durante uma manifestação não autorizada no sábado, na maior repressão policial a manifestações nos últimos anos. 

Navalny está preso desde 24 de julho, enquanto cumpre uma sentença de 30 dias de prisão por ter feito apelos à população para participar da manifestação do sábado, que exigiu eleições locais livres e justas.

No domingo, o ativista, de 43 anos, foi levado às pressas a um hospital devido a uma "reação alérgica aguda", após reclamar de dores nos olhos e mudanças na pele. Ele retornou à prisão nesta segunda-feira.

A médica pessoal de Navalny, Anastasia Vasilyeva, que o visitou rapidamente, disse discordar do diagnóstico oficial e alegou que ele não estava em condições de deixar o hospital e retornar à penitenciária. 

"Alguns agentes tóxicos podem ser o motivo da 'doença' de Alexei Navalny", disse a oftalmologista, acrescentando que os médicos do hospital nº 64 de Moscou, que o trataram, se comportaram de maneira estranha e estavam "visivelmente nervosos".

Navalny foi oficialmente diagnosticado com uma "dermatite de contato" sem ter sido examinado por um toxicologista, de acordo com Vasilyeva. "Não houve uma consulta com um toxicologista. Não houve resultados toxicológicos", ressaltou.

"Ele foi envenenado por algum tipo de substância química desconhecida, não está claro se o que ele tem é dermatite de contato ou não, mas ele estava em condição de ameaça à vida", afirmou a médica a jornalistas. "E agora eles estão enviando-o de volta ao mesmo lugar onde o mesmo tóxico, a mesma substância química pode estar novamente."

A advogada de Navalny, Olga Mikhailova, também afirmou a jornalistas que seu cliente foi envenenado por um agente químico não identificado. "Nunca houve uma alergia", declarou.

Vasilyeva e outro médico visitaram Navalny no domingo, mas não foram autorizados a examinar adequadamente o ativista, que tinha as pálpebras inchadas, secreção nos olhos e erupções cutâneas na parte superior do corpo. Vasilyeva disse que ele parecia estar sofrendo de conjuntivite aguda tóxica e dermatite.

Ela tratou Navalny em 2017, quando ele quase perdeu a visão de um olho após ser atacado com um corante químico pulverizado em seu rosto. Vasilyeva disse estar preocupada com a condição do olho danificado.

Protestos no sábado

A polícia reprimiu brutalmente uma manifestação pacífica no sábado, não autorizada oficialmente, depois que milhares tomaram as ruas de Moscou exigindo eleições livres e transparentes. O ato foi convocado após autoridades terem invalidado o registro de dezenas de candidatos, muitos deles opositores, para o pleito parlamentar de Moscou, agendado para setembro.

Antes da manifestação, a polícia deteve vários políticos da oposição, que tentaram participar das eleições mas tiveram suas candidaturas barradas, promovendo batidas em suas casas e escritórios de campanha.

Apesar da repressão, milhares de manifestantes – muitos na faixa dos 20 e 30 anos – ainda apareceram no centro de Moscou e entraram em confronto com a polícia. A mídia russa liberal estimou a participação entre 10 mil e 15 mil manifestantes. Mais de 1.300 pessoas foram presas.

O governo alemão criticou nesta segunda-feira a violência "desproporcionada" da polícia russa contra o protesto da oposição em Moscou e exigiu a "rápida libertação" de todos os manifestantes detidos.

Ulrike Demmer, vice-porta-voz do Executivo de Berlim, disse que o governo alemão segue com "grande preocupação" os acontecimentos de sábado na capital russa. Demmer sublinhou que se tratou de uma manifestação "pacífica" e que, por isso, Moscou deve respeitar o direito dos cidadãos à reunião e à liberdade de expressão.

MD/lusa/afp/rtr/dpa

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