Líder polonês defende que UE seja potência nuclear
Barbara Wesel
9 de fevereiro de 2017
Jaroslaw Kaczynski, líder do partido governista da Polônia, quebra tabu e declara ser favorável à ideia de uma "superpotência Europa". Analistas dizem que projeto é impraticável e criaria cenário global aterrorizante.
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O presidente do partido governistas polonês Lei e Justiça (PiS), Jaroslaw Kaczynski, iniciou um debate que até então ocorria de forma tímida na Europa. Em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, Kaczynski afirmou que apoia a ideia de que a União Europeia (UE) se transformasse numa superpotência e pudesse fazer frente à Rússia como potência nuclear. Mas ele também reconheceu que isso implicaria despesas gigantescas – e disse não ver disposição para isso.
Seja como for, Kaczynski tocou num tabu. Até então, poucas pessoas se manifestaram sobre esse tema. O eurodeputado do partido alemão União Democrata Cristã (CDU) Roderich Kiesewetter disse recentemente à agência de notícias Reuters que a Europa precisa de "uma proteção nuclear para dissuasão" caso os Estados Unidos deixem de colocar seu aparato de defesa à disposição.
"Não é surpreendente que tal debate venha à tona neste momento", comenta Nick Witney, ex-chefe da Agência Europeia de Defesa (AED). O debate sobre a política de defesa acompanha a situação política, que mudou rapidamente.
Mas qual a viabilidade de um sistema nuclear europeu? Há cerca de 30 anos, Londres e Paris teriam ficado lisonjeados se os europeus os elevassem à condição de defensores da Europa. "Seriam necessárias instituições que a UE não possui", diz Witney. E, depois da saída do Reino Unido, apenas a França, com suas armas nucleares, teria alguma chance de encarar a Rússia. Para o especialista, a discussão está marginalizada, mas não completamente fora de questão.
Ideia impraticável
"Infelizmente há uma ameaça real", afirma o especialista Ulrich Kühn, da Fundação Carnegie para a Paz Internacional. Os argumentos para o debate existem, considerando que Donald Trump está na Casa Branca. Ainda assim, Kühn afirma que esse debate "não ajuda", pois existe a Otan e, sob comando americano, armas convencionais estão sendo estacionadas na Polônia e nos países bálticos. Enquanto houver a Otan, os europeus deveriam conter ambições nucleares, afirma.
Além disso, Kühn considera a ideia impraticável. "A Rússia possui entre duas mil e três mil armas nucleares táticas", argumenta. Contrapor uma proteção adequada a isso implicaria despesas enormes para a Europa. E o mais importante: quem teria o poder de apertar o botão vermelho? Outro argumento é que a maioria dos cidadãos europeus, inclusive na Polônia, seria contra tal corrida armamentista.
Perigoso também, segundo Kühn, seria a extinção, na prática, do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares de 1968, já que ele teria de ser rescindido pelos europeus. "Isso teria implicações globais. Poderiam surgir 55 a 60 países nucleares. Um cenário aterrorizante", diz.
Em vez disso, os europeus deveriam finalmente implementar aquilo que discutem há tempos: levar adiante a cooperação na área de defesa e criar sistemas bélicos comuns para se tornarem mais eficazes e credíveis na defesa convencional.
Não à corrida armamentista nuclear
O porta-voz da Comissão de Defesa do Parlamento Europeu, Michael Gahler, também é a favor do fortalecimento da cooperação na área defesa. "Temos de fazer o que o Tratado de Lisboa permite – implementar uma cooperação estruturada." Dos 203 bilhões de euros gastos em defesa pela UE, cerca de 26 bilhões de euros poderiam ser economizados ou utilizados de outra forma se os Estados-membros trabalhassem em conjunto, segundo o Parlamento Europeu.
Uma corrida armamentista nuclear não é o caminho correto, afirma Gahler. No entanto, ele também enxerga uma ameaça real nas armas nucleares táticas dos russos, estacionadas, por exemplo, em Kaliningrado. "Mas, em geral, prevalece o equilíbrio [na dissuasão nuclear]. Não queremos reviver o velho debate armamentista dos anos 80", afirma Gahler. Mesmo que tanto Rússia como Estados Unidos estejam imprevisíveis no momento, "não devemos recomeçar esse debate".
Dez invenções genuinamente alemãs
A Alemanha é conhecida por grandes invenções – do automóvel à aspirina e à fissão nuclear. Mas você sabia que o país também deu à luz uma série de outros itens do dia a dia, como perfurador de papel e o taxímetro?
Foto: picture-alliance/dpa/I. Langsdon
Perfurador de papel
Antigamente, ele costumava ser o rei do escritório. Mas com a chegada da era digital, o perfurador de papel acabou perdendo o trono. Inventado por Matthias Theel, o objeto foi patenteado, em 14 de novembro de 1886, por Friedrich Soennecken – este, por sua vez, inventor dos fichários. Por muito tempo, as duas invenções fizeram parte, com seus cliques, da paisagem sonora de repartições mundo afora.
Foto: Colourbox
MP3
Hoje quase imperceptível de tão onipresente, o MP3 existe em parte graças ao matemático alemão Karlheiz Brandenburg, um dos desenvolvedores da tecnologia, no início dos anos 1980. O também chamado MPEG-2 Audio Layer III permitiu que canções fossem facilmente comprimidas e armazenadas. A invenção transformou a indústria fonográfica e abriu espaço para programas de compartilhamento como o Napster.
Foto: Fotolia/Aaron Amat
Furadeira elétrica
É quase impossível imaginar uma oficina sem a presença dela. Na verdade, a furadeira foi inventada na Austrália, em 1889. Contudo, foi o alemão Wilhelm Emil Fein, natural de Ludwigsburg, quem a transformou numa ferramenta portátil, em 1895. Sem ela, os reparos domésticos seriam bem mais trabalhosos.
Foto: DW
Fanta
Durante a Segunda Guerra, os EUA instauraram um embargo que impedia a exportação de Coca-Cola à Alemanha. Max Keith, presidente da filial alemã da bebida, não se deixou intimidar e desenvolveu um novo produto para o mercado interno. Utilizando ingredientes locais, como soro de leite e polpa de maçã, Keith concebeu a Fanta em 1941, que se tornaria um dos refrigerantes mais populares do mundo.
Foto: imago/Steinach
Filtro de café
Em cada um de nós, mora um inventor em potencial. Em 1908, foi a vez da dona de casa Melitta Bentz dar vazão à sua veia criativa ao tentar diminuir a amargura do café. Ao tentar filtrá-lo com papel, Melitta se surpreendeu com o novo aroma. A ideia foi patenteada, e, hoje, 3.300 funcionários trabalham na empresa familiar Melitta Group KG.
Foto: imago/Florian Schuh
Fita adesiva
Como se não bastasse ser o pai do creme Nivea e do batom Labello, o farmacêutico alemão Oscar Troplowitz ainda queria conceber algo que fizesse com que seu nome ficasse para sempre na história das invenções. Assim, nasceu a fita adesiva, e os pequenos consertos nunca mais foram os mesmos. Por fim, em 1901, Troplowitz inventou o esparadrapo adesivo – que, desde então, enfeita joelhos infantis.
Foto: picture-alliance/dpa
Acordeão
Mesmo que o imaginário popular costume associá-lo à chanson francesa ou ao forró nordestino, na verdade, o acordeão foi inventado em 1822 pelo alemão Christian Friedrich Ludwig Buschmann. Natural da Turíngia, o fabricante de instrumentos também concebeu a gaita de boca. O acordeão acabou tomando não só as ruas, mas também as salas de concerto mundo afora.
Foto: Axel Lauer - Fotolia.com
Árvore de Natal
O Papai Noel é finlandês, mas a árvore de Natal vem da Alemanha. Os pinheiros ornamentados começaram a virar moda por volta de 1800, nas casas de famílias ricas do país. A partir do fim do século 19, ela passou a estar por toda parte na noite de Natal. No começo decoradas apenas com frutas, nozes e velas, hoje as árvores de Natal abrigam todos os tipos de penduricalhos.
Foto: picture-alliance/dpa/Thomas Winkler
Chuteira com travas
O protótipo das chuteiras de futebol é inglês, mas foi o fundador da Adidas, o alemão Adi Dassler, que criou, em 1954, o inovador modelo com travas parafusáveis. A invenção teve participação decisiva no primeiro título mundial da seleção alemã, conquistado no mesmo ano. O irmão mais velho de Adis e fundador da concorrente Puma, Rudolf Dassler, disse ter sido o verdadeiro inventor do modelo.
Foto: picture-alliance/dpa
Taxímetro
Para o bem ou para o mal, o taxímetro veio ao mundo em 1891, em Berlim, criado por Friedrich Wilhelm Gustav Bruhn, sob encomenda do pioneiro dos automóveis Gottlieb Daimler.