Líder populista de direita minimiza impacto do nazismo
2 de junho de 2018
Para Alexander Gauland, da AfD, ditadura de Adolf Hitler foi “um cocô de pássaro” em mais de mil anos de história do país. Declaração causou indignação no meio político alemão.
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O líder do partido populista de direita AfD, Alexander Gauland, minimizou neste sábado (02/06) o passado nazista da Alemanha apontando que Adolf Hitler e os nazistas não foram mais do que um "cocô de pássaro" na história alemã.
"Hitler e os nacional-socialistas não foram mais do que um cocô de pássaro em mil anos de uma história alemã de sucesso", afirmou o político, que também lidera a bancada do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) no Bundestag (Parlamento alemão).
"Reconhecemos a nossa responsabilidade por esses 12 anos”, disse ele, em referência à duração da ditadura nazista, "mas nós temos uma história gloriosa, e ela, meus amigos, é bem mais longa que esses malditos 12 anos”.
As declarações foram feitas durante um encontro da juventude do partido em Seebach, no leste da Alemanha.
A fala de Gauland causou repercussão imediata no meio político alemão, tradicionalmente sensível em relação ao passado nazista do país.
Annegret Kramp-Karrenbauer, a secretária-geral da União Democrata-Cristã (CDU), o partido da chanceler Angela Merkel, condenou as declarações em entrevista ao jornal Die Welt. "Cinquenta milhões de mortos na Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, a Guerra Total. Chamar isso "cocô de pássaro” é uma bofetada na cara das vítimas e uma relativização do que foi feito em nome da Alemanha”, disse. "É simplesmente chocante que isso possa ser dito por um líder um partido supostamente cívico.”
Já o deputado do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) Marco Bushmann disse à cadeia de jornais do grupo Funke que "qualquer político que deliberadamente tenta minimizar a ditadura nazista e o Holocausto dá uma indicação de quão sinistra é sua visão para a Alemanha”.
Polêmicas
Esta não foi a primeira vez que Gauland, o político de 77 anos que há foi filiado à CDU e que passou para a AfD, faz comentários controversos que causaram indignação no meio político. Em setembro, durante a campanha eleitoral, ele disse que os alemães deveriam ter orgulho dos soldados que lutaram nas duas guerras mundiais.
"Se os franceses, e com razão, têm orgulho de seus imperadores, e os britânicos, do (almirante) Nelson e Churchill, então nós temos o direito de ter orgulho do desempenho de nossos soldados nas duas guerras mundiais", disse.
Em 2016, ele também provocou indignação ao atacar o zagueiro da seleção alemã Jérôme Boateng, que é de origem africana. Ele declarou que "as pessoas o acham um bom jogador de futebol, mas não querem um Boateng como vizinho".
Outros políticos do partido também ganham destaque regularmente por causa de declarações na mesma linha. Em janeiro de 2017, Björn Höcke, deputado da AfD no parlamento estadual da Turíngia, chamou o memorial do Holocausto em Berlim de "monumento da vergonha.
Em março, o então presidente da AFD no estado da Saxônia-Anhalt, André Poggenburg, se referiu a imigrantes turcos como "pastores de camelos" e "vendedores de cominho". Ele renunciou ao cargo pouco depois.
Criado em 2013 inicialmente como um partido eurocético, a AfD se metamorfoseou em uma sigla de direita populista após a crise dos refugiados de 2015, passando a adotar uma retórica antimigratória. No ano passado, o partido conseguiu entrar pela primeira vez no Bundestag ao levar 12,6% dos votos nas eleições federais. Hoje é a principal força de oposição ao governo Merkel e conta com 94 deputados.
JPS/ots
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Memoriais do Terror Nazista
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.