Comandante do grupo insurgente Jaish al-Islam, Zahran Alloush, é alvejado durante bombardeio nas proximidades de Damasco. Oposição síria lamenta morte.
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O líder do grupo rebelde sírio Jaish al-Islam, Zahran Alloush, foi morto num ataque aéreo que alvejou a sede secreta dos insurgentes nas proximidades de Damasco, afirmaram um grupo de monitoramento da Síria e um líder oposicionista nesta sexta-feira (25/12). Além de Alloush, outros cinco rebeldes morreram no ataque.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos disse que um caça militar bombardeou o local, na área controlada pelos rebeldes na periferia da capital síria, quando ocorria uma reunião entre Alloush e outros líderes do Jaish al-Islam (O Exército Islâmico). Os rebeldes estavam discutindo os preparativos para um ataque contra as forças do regime sírio e combatentes aliados do grupo xiita libanês Hisbolá.
"Zahran Alloush, chefe do Jaish al-Islam, e cinco outros dirigentes do grupo foram mortos", afirmou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma ONG baseada em Londres. "Ainda não está claro se os aviões militares eram russos ou sírios."
A morte de Alloush, que tinha 44 anos, foi confirmada via mensagem no Twitter pelo chefe do grupo oposicionista Coalizão Nacional Síria, Khaled Khoja, que postou uma mensagem de condolências.
A mídia estatal da Síria também confirmou a morte do líder rebelde. Segundo a emissora Al-Mayadeen, baseada no Líbano, um total de 13 ataques aéreos atingiram a região leste da capital síria nesta sexta-feira.
Alloush, que era apoiado pela Arábia Saudita, era um dos mais poderosos comandantes rebeldes na Síria. Sua morte ocorreu depois de o Exército sírio ter anunciado uma grande operação militar para retomar o controle do subúrbio de Ghouta Oriental, onde ocorreu o bombardeio. O regime sírio tem sido apoiado por ataques aéreos russos desde 30 de setembro.
O Jaish al-Islam, que controla vastas áreas nas proximidades de Damasco, é conhecido por ter adotado posições extremistas e por ter apoiado a criação de um Estado islâmico antes de, recentemente, ter se voltado para uma postura mais moderada. O governo sírio regularmente se refere ao grupo rebelde como sendo terrorista.
PV/ap/lusa/afp/rtr/dpa
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.