Líder trabalhista britânico perde voto de confiança
28 de junho de 2016Criticado por não ter feito o suficiente para defender a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), o líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, perdeu nesta terça-feira (28/06) o voto de confiança, após moção aberta por membros de seu partido. Um total de 172 deputados trabalhistas votou contra o político, que só recebeu apoio de 40 correligionários.
O resultado da votação não tem consequências formais e não obriga a realização de nova eleição para substituição da liderança trabalhista. Corbyn anunciou que não vai renunciar ao cargo, mesmo tendo perdido grande parte da confiança de sua legenda.
"Eu fui democraticamente eleito líder do nosso partido, para um novo tipo de política, por 60% dos trabalhistas e apoiadores. E eu não vou traí-los renunciando", declarou Corbyn em comunicado. "A votação de hoje pelos membros do Parlamento não tem legitimidade constitucional."
Corbyn foi eleito líder do partido em setembro de 2015. Desde o referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE), na semana passada, ele vem perdendo apoio entre os próprios membros de sua legenda, que o acusam de não ter feito uma campanha eficiente contra o Brexit.
As parlamentares Margaret Hodge e Ann Coffey apresentaram a moção de confiança contra o líder na última sexta-feira, horas depois do resultado do referendo, decidido por 51,9% dos eleitores britânicos.
"O referendo europeu era uma prova de sua liderança, e eu acho que Jeremy não passou nesse teste. Ele foi lento demais, pouco entusiasta na campanha e os eleitores trabalhistas simplesmente não entenderam a mensagem", argumentou Hodge.
De fato, principalmente nos velhos redutos do Partido Trabalhista no norte do Reino Unido, os eleitores não seguiram a linha partidária e votaram maciçamente pela saída do país do bloco.
No fim de semana, Corbyn afastou o ministro do Exterior do gabinete paralelo, Hilary Benn, iniciando um caos políticos no partido – no Reino Unido, forma-se uma espécie de governo paralelo, sob liderança do líder da oposição, que tem a responsabilidade de criticar o governo atual.
Em consequência à demissão de Benn, mais de 30 integrantes do gabinete paralelo anunciaram suas renúncias, aumentando a pressão pela saída de Corbyn. O último membro a se afastar foi o porta-voz de Justiça, Andy Slaughter, considerado um dos políticos mais próximos ao líder do partido.
A trabalhista Diane Abbott, nomeada porta-voz de Saúde após a enxurrada de pedidos de renúncia, defendeu pouco antes da moção de confiança que a votação desta terça-feira "não tem significado".
"Os parlamentares não elegem o líder trabalhista, quem o faz é o partido. Acredito que é muito triste que os companheiros tenham optado por representar este circo. Não querem que haja eleições para a liderança porque não têm certeza se as ganhariam", afirmou Abbott.
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