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Líderes da Áustria e Hungria pedem fim da imigração ilegal

31 de janeiro de 2018

Contrários à política migratória europeia, Kurz e Orbán defendem maior proteção das fronteiras externas da Europa e criticam sistema de realocação de refugiados da UE. "Não funciona", diz chefe de governo austríaco.

O premiê húngaro, Viktor Orbán (à esq.), e o chanceler federal austríaco, Sebastian Kurz, em encontro em Viena
O premiê húngaro, Viktor Orbán (à esq.), e o chanceler federal austríaco, Sebastian Kurz, em encontro em VienaFoto: picture-alliance/picturedesk.com/APA/R. Schlager

O chanceler federal da Áustria, Sebastian Kurz, e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, concordaram nesta terça-feira (30/01), durante um encontro em Viena, sobre a necessidade de frear a imigração ilegal para a Europa e de proteger as fronteiras externas da União Europeia (UE).

"Como países membros da UE, nossa missão deve ser parar a imigração ilegal para a Europa e aumentar a ajuda aos países de origem [dos migrantes]", declarou Kurz ao lado de Orbán. "O sistema baseado na simples repartição [de refugiados] não funciona. Temos que deter a imigração ilegal, também para garantir a segurança na Europa."

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O chefe de governo austríaco fez do combate à imigração um tema central de sua campanha eleitoral, sendo eleito em outubro do ano passado para liderar um país que recebeu mais de 120 mil requerentes de refúgio entre 2015 e 2016.

Com seu discurso, Kurz se aproxima da postura crítica à política migratória europeia já adotada pelos países do Grupo de Visegrad – que além da Hungria inclui Polônia, República Tcheca e Eslováquia. "Não são os traficantes de pessoas que devem decidir quem migra para a Europa, e sim os Estados", defendeu o chanceler federal austríaco.

Mesmo com tal aproximação, Kurz assegurou que não está nos planos de Viena entrar para o Grupo de Visegrad, mas se propôs a atuar como "ponte" entre essas nações e Bruxelas na discussão da crise migratória. "Nosso objetivo deve ser reduzir as tensões na UE, para que voltemos a ser fortes juntos", completou o líder.

O premiê húngaro, por sua vez, já é uma das principais vozes contrárias ao sistema de realocação de refugiados acordado pela UE em 2015. Em pronunciamento nesta terça-feira, Orbán reiterou que a Hungria vai continuar não aceitando nenhum requerente de refúgio, porque, para ele, "os migrantes não devem ser repartidos, mas devolvidos ao lugar de onde vieram".

Em meio a citações polêmicas, o líder húngaro afirmou que "a maior ameaça para o futuro da Europa Central" é o êxodo migratório, porque ele "enfraquece a cultura cristã".

Orbán ainda defendeu a necessidade de reforçar a defesa das fronteiras externas da UE, pois, caso contrário, a livre circulação de pessoas dentro do bloco estaria em perigo. "Eu apoio a proteção das fronteiras em sua forma mais radical, como fez a Hungria com a construção de uma cerca" para impedir a entrada de refugiados. Kurz disse estar de acordo com o colega húngaro nessa questão.

Crise migratória

Em 2015, no auge da onda migratória para a Europa, os países-membros do bloco europeu se comprometeram a realocar 160 mil refugiados que se encontravam na Itália e na Grécia. O tema expôs divisões profundas entre os Estados-membros.

Naquele ano, mais de 1 milhão de migrantes chegaram à Europa, a maioria partindo da Turquia para a Grécia e chegando, após cruzar o Mediterrâneo, até a Itália, fugindo da crise ou de conflitos em países como Síria, Afeganistão e Iraque.

O plano, que enfrentou a resistência dos países do Leste Europeu, nunca chegou a funcionar como previsto. Até novembro do ano passado, apenas 32 mil refugiados teriam sido realocados.

Segundo o acordo, Hungria, Polônia e República Tcheca, que compõem o Grupo de Visegrad, deveriam acolher em conjunto cerca de 10 mil pessoas. Os governos húngaro e polonês não acolheram nenhum dos refugiados, e o tcheco, apenas 12.

Em dezembro passado, a UE entrou com ações contra os três países no Tribunal de Justiça do bloco, em razão de eles "não terem cumprido com suas obrigações legais no que diz respeito à realocação de refugiados".

EK/afp/dpa/rtr/lusa/dw

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