Líderes da UE aprovam neutralidade climática até 2050
13 de dezembro de 2019
Objetivo de zerar as emissões líquidas de carbono em 30 anos foi acordado com ressalvas. Polônia é único país a não aprovar medida, enquanto húngaros e tchecos dão aval após receber permissão para uso de energia nuclear.
Anúncio
Os líderes da União Europeia (UE) aprovaram nesta sexta-feira (13/12) a meta de implementar a neutralidade climática até 2050, com o objetivo de zerar o nível de emissões líquidas de carbono até a metade do século.
Os países conseguiram chegar a um acordo na madrugada desta sexta-feira após várias horas de negociações para tentar convencer três dos Estados-membros menos favorecidos que exigiam maior apoio financeiro para a transição energética, além do direito à utilização da energia nuclear.
O debate veio no dia seguinte ao lançamento do Acordo Verde Europeu, uma estratégia de políticas em prol do meio ambiente lançada pela presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen.
Ela propôs disponibilizar 100 bilhões de euros para os Estados-membros que ainda são significativamente dependentes dos combustíveis fósseis para que possam realizar a transição para as energias verdes.
Uma declaração conjunta dos líderes europeus afirma que as metas climáticas foram acordadas "à luz das evidências científicas mais recentes e com base na necessidade de reforçar as ações climáticas globais".
A República Tcheca e a Hungria removeram suas objeções após obter garantias de que a energia nuclear será reconhecida pelos Estados-membros como um dos meios de reduzir a dependência da energia do carvão e reduzir as emissões de CO2.
Apenas a Polônia se manteve reticente e conseguiu manter uma "reprimenda temporária" ao acordo sobre a neutralidade climática até 2050. O país, que também depende fortemente do carvão, recebeu prazo até o mês de junho para se decidir sobre a questão.
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, disse que as negociações foram bastante complicadas. "A Polônia atingirá as metas climáticas dentro do seu próprio ritmo", declarou. O país exigiu garantias mais específicas em relação à escala e o alcance dos financiamentos para a diminuição escalonada dos combustíveis fósseis.
A questão, porém, está diretamente associada a outro complicado debate sobre o orçamento do bloco para o período 2021-2027. Na cúpula em Bruxelas, os líderes conseguiram concordar apenas em empurrar a discussão para 2020.
A República Tcheca e a Hungria ganharam uma disputa com outros países do bloco ao conseguir o reconhecimento do direito de investir em energia nuclear, apesar da oposição de Áustria, Luxemburgo e Alemanha.
"Foi uma luta prolongada e difícil", disse a chanceler federal da Áustria, Brigitte Bierlein, ressaltando que, a partir de agora, "cada país poderá decidir sobre sua mistura energética". "Para a Áustria, a energia nuclear não é uma fonte de energia segura e sustentável", observou.
Por sua vez, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, negou que houvesse um racha entre os países do bloco, afirmando que "há apenas um Estado-membro que necessita de mais tempo" para se adaptar às metas de neutralidade climática. Ela se disse satisfeita com o resultado do acordo.
"Sabemos que a transição representa um grande desafio para a Polônia", observou, por sua vez, Von der Leyen. "Eles precisam de mais tempo para avaliar os detalhes, mas isso não muda os nossos prazos." A presidente da Comissão Europeia avalia que o acordo atingido na cúpula dos líderes em Bruxelas já é suficiente para que o Executivo do bloco inicie a preparação de projetos de lei com base na estratégia climática.
A ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, comemorou a aprovação da meta, que considera um importante sinal para as negociações em andamento na Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP25), em Madri. Segundo ela, esse avanço era algo impensável há apenas um ano.
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.