Líderes da UE fazem cúpula de emergência sobre refugiados
23 de setembro de 2015
Reunião deve ratificar realocação de 120 mil migrantes, medida criticada por Estados do Leste Europeu. Encontro ocorre em meio a relatos de processos judiciais contra 19 países por violação da legislação de asilo.
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Os líderes da União Europeia (EU) participam, nesta quarta-feira (23/09), de uma cúpula emergencial sobre a crise migratória na Europa, um dia após a maioria dos ministros do Interior do bloco ter aprovado a realocação de 120 mil refugiados entre os 28 Estados-membros.
Em Bruxelas, chefes de governo e de Estado devem discutir o reforço das fronteiras externa da UE e um aumento na ajuda para Turquia, Jordânia, Líbano e agências humanitárias. O encontro ocorre em meio a relatos de processos judiciais contra 19 países por violarem a legislação de asilo da UE.
República Tcheca, Eslováquia, Romênia e Hungria votaram contra a proposta, e a Finlândia se absteve. Na prática, no entanto, o resultado da votação significa que os países que votaram contra o sistema de cotas também terão que acolher mais refugiados.
A organização não governamental VoteWatch Europe, que acompanha a presença e o comportamento em votações dos membros do Parlamento Europeu, publicou um gráfico que mostra quantos migrantes cada país receberá caso o Conselho Europeu adote o plano.
Após a decisão de terça-feira, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, disse que preferiria correr o risco de infringir regras da UE do que implementar cotas adotadas pelo bloco. "Eu preferiria cometer uma infração a respeitar o ditado pela maioria, que não foi capaz de impor sua opinião usando argumentos racionais para alcançar um consenso na UE", disse Fico.
Já o ministro do Interior da República Tcheca, Milan Chovanec, chamou a decisão de "um gesto político vazio" – tom seguido pelo premiê tcheco, Bohuslav Sobotka: "É uma decisão ruim, e a República Tcheca fez de tudo para bloqueá-la."
Violação da legislação de asilo
Em publicação desta quarta-feira, o jornal alemão Die Welt afirmou que a Comissão Europeia abrirá 40 processos contra 19 países por violação da legislação de asilo da UE. Os países, que incluem Alemanha, França, Itália, Áustria e Hungria, são acusados de não terem "aplicado de modo adequado" os procedimentos de asilo.
As violações incluem falha na manutenção das normas mínimas relativas aos procedimentos de asilo e recepção inadequada de refugiados. Dinamarca, Irlanda e Reino Unido foram isentados dos processos judiciais, uma vez que eles não seguem a legislação de asilo da UE.
Um relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que a UE registre 1 milhão de pedidos de asilo em 2015 e que até 450 mil pessoas recebam o status de refugiado. A Alemanha estima a chegada de 800 mil refugiados em 2015.
PV/afp/dpa/ap/rtr
Estações da fuga em imagens
Cerca de 3,7 mil quilômetros separam a Alemanha da Síria. Para os refugiados da guerra civil, essa viagem dura semanas até meses. E ela é perigosa, também na rota dos Bálcãs.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer
Últimas forças
Duma é uma cidade síria a nordeste de Damasco. Mesmo ferido, um homem procura por sobreviventes nos escombros. Pouco antes, a região foi atacada por bombardeios das forças armadas sírias. Desde o início da guerra civil, em 2011, mais de 250 mil pessoas morreram no país, segundo as Nações Unidas.
Foto: picture-alliance/A.A./M. Rashed
Terror ao alcance dos olhos
No campo de refugiados em Suruc, na Turquia, cerca de 40 mil sírios procuraram refúgio da guerra civil. A poucos quilômetros dali, em Kobane, o conflito continua. O campo é organizado como uma pequena cidade, com mesquita, escola e ruas. Ninguém quer permanecer aqui por muito tempo.
Foto: Getty Images/C. Court
Marcas da guerra
Abdurrahman Yaser al-Saad conseguiu chegar à cidade portuária turca de Izmir. O sírio de 16 anos mostra aos outros refugiados uma cicatriz enorme na barriga. Ele estava na escola quando as forças armadas sírias bombardearam o local e ele ficou gravemente ferido.
Foto: picture-alliance/AA/E. Menguarslan
Esperança de uma vida melhor
Na viagem em direção à Europa, muitos refugiados acabam em Izmir. Daqui eles desejam ir para a Grécia. Coletes salva-vidas são fundamentais, pois muitos não sabem nadas, e os barcos dos atravessadores ficam superlotados. Enquanto aguardam a partida, muitos dormem ao ar livre, porque não podem pagar um hotel.
Foto: picture-alliance/AA/E. Atalay
Jogado de volta
Com suas últimas forças, esse refugiado conseguiu nadar de volta até a praia de Bodrum, na Turquia. Pouco antes ele havia tentado alcançar um barco de atravessadores, que, por muito dinheiro, levam as pessoas ilegalmente até a Grécia. As embarcações estão sempre superlotadas.
Foto: Getty Images/AFP/B. Kilic
Desamparo
Na praia de Kos, uma ilha grega, turistas observam como refugiados tentam chegar à costa com um barco inflável. A viagem ilegal de Bodrum até aqui custa cerca de mil euros por pessoa. São apenas quatro quilômetros de distância, mas muitos não sabem nadar e acabam morrendo afogados.
Foto: picture-alliance/dpa/Y. Kolesidis
Realidade incômoda
No caminho para o hotel ou para a praia, turistas passam por muitos refugiados. Devem olhar? Devem ajudar?
Foto: picture-alliance/AA/G. Balci
Com braços e pernas
Da Grécia, muitos refugiados tentam chegar à Europa ocidental pelos Bálcãs. Uma estação importante é a cidade de Gevgelija, na Macedônia. Depois de dias de espera, todos desejam conseguir um lugar em um trem para a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Passo a passo
Já nas primeiras horas do dia, centenas de refugiados caminham ao longo da linha do trem, da Sérvia para a Hungria. De lá, muitos desejam ir para a Áustria ou Alemanha. A caminhada de quilômetros exige de muitos suas últimas forças.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
Desespero
Com medo de ser levado para um campo de refugiados na Hungria, o pai sírio se joga, com sua mulher e filho, nos trilhos da estação de Bicske. Eles achavam que o trem os levaria de Budapeste até Viena. Em vez disso, eles devem ser registrados pelas autoridades húngaras.
Foto: Reuters/L. Balogh
Quase lá
Centenas de refugiados do Iraque, da Síria e do Afeganistão decidiram ir a pé até a Áustria, caminhando pela rodovia. Eles esperaram durante dias por um trem na estação de Budapeste. A polícia, porém, bloqueia o trecho com frequência.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Finalmente a chegada
Estação central de Munique: a esperança de muitos refugiados está na chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. Diferente de outros países europeus, eles se sentem bem-vindos na Alemanha.