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Líderes das Coreias reúnem-se em Pyongyang

18 de setembro de 2018

Kim Jong-un recebe presidente Moon Jae-in para visita oficial de três dias à Coreia do Norte, onde devem tratar dos avanços do processo de desnuclearização da península coreana e das relações com os EUA.

Moon Jae-in (esq.) é recebido por Kim Jong-un no aeroporto de Pyongyang
Moon Jae-in (esq.) é recebido por Kim Jong-un no aeroporto de PyongyangFoto: Reuters/Pyeongyang Press Corps

Os líderes da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e da Coreia do Sul, Moon Jae-in, iniciaram nesta terça-feira (18/09) uma reunião de cúpula de três dias em Pyongyang, onde ambos devem trabalhar para reativar o processo de desnuclearização da península coreana e retomar as relações do país isolado politicamente com os Estados Unidos.

Moon foi recebido por Kim no aeroporto com abraços efusivos e uma cerimônia com honras militares. Ambos desfilaram, então, pelas ruas da capital norte-coreana em carro aberto, onde foram saudados por cerca de 100 mil pessoas. 

Kim declarou que deseja obter "resultados maiores em ritmo mais rápido" do que os dois líderes atingiram até o momento.

"O senhor, presidente [Moon], viaja por todo o mundo, mas nosso país é humilde em comparação às nações desenvolvidas", disse o norte-coreano. "Esperei muito por esse dia. O nível das acomodações e da programação que fornecemos pode ser baixo, mas é da nossa maior sinceridade e coração", afirmou.

Moon destacou que chegou o momento de "gerar frutos" das novas relações bilaterais e agradeceu Kim pela hospitalidade.

Durante o desfile dos dois líderes pela rua Ryomyong, em um novo distrito residencial lançado por Kim no ano passado com o intuito de modernizar a capital, Kim e Moon chegaram a sair da limusine que os transportava para cumprimentar algumas pessoas na multidão.

Kim e Moon devem comparecer a um espetáculo musical e um jantar no salão Mokrankwan, onde o líder norte-coreano recebeu no ano passado os cientistas e autoridades responsáveis por testes de mísseis balísticos de longo alcance capazes de atingir o território americano.

Os dois últimos encontros dos dois líderes, em abril e maio, possibilitaram a realização da reunião de cúpula entre Kim e o presidente americano, Donald Trump, em Cingapura, no mês de junho. Na ocasião, Trump e Kim concordaram em trabalhar para a desnuclearização da Coreia do Norte, em troca da concessão de garantias à sobrevivência do regime de Pyongyang.

Moon como "negociador-chefe" de Trump

Segundo assessores do presidente sul-coreano, Trump pediu a Moon para agir como "negociador-chefe" entre seu governo e Kim, após o americano cancelar uma visita de seu secretário de Estado, Mike Pompeo, ao país, marcada para o mês passado.

Washington quer medidas concretas do regime norte-coreano rumo à desnuclearização antes de aceitar uma declaração oficial do fim da Guerra da Coreia (1950-1953), um dos maiores objetivos de Pyongyang. O conflito que dividiu a Península Coreana terminou apenas com um armistício.

“Quatro dias se tornaram 70 anos”

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Moon afirmou que a cúpula das Coreias ganhará significado ainda maior se possibilitar o reinício dos diálogos entre Pyongyang e Washington.

O jornal estatal norte-coresano Rodong Sinmun afirmou nesta terça-feira que a responsabilidade pela estagnação das negociações entre os dois países "recai por completo sobre os Estados Unidos".

"É devido a uma teimosia irracional e sem sentido que outros temas poderão ser tratados apenas após nosso país desmantelar por completo, de modo verificável e irreversível, nossas capacidades nucleares", diz o editorial do jornal, acusando os EUA de não ter intenções de "construir a confiança, incluindo a declaração do fim da guerra".

A delegação de Seul que visita Pyongyang inclui o diretor do Escritório de Segurança Nacional, Chung Eui-yong, e o chefe do Serviço de Inteligência, Suh Hoon.

Também integram a comitiva líderes empresariais, incluindo o vice-presidente da Samsung, Jay Y. Lee, e diretores da LG e do grupo SK, que deverão se reunir com o vice-primeiro-ministro norte-coreano, Ri Ryong Nam.

Entretanto, autoridades sul-coreanas descartaram a possibilidade de avanços em projetos econômicos conjuntos em razão das sanções internacionais a Pyongyang.

Pelo lado norte-coreano, participam da cúpula o diretor de inteligência, Kim Yong-chol, que viajou aos Estados Unidos recentemente, e a vice-diretora de propaganda e irmã do líder, Kim Yo-jong, considerada o braço direito do líder norte-coreano.

Moon é o terceiro presidente sul-coreano a visitar a Coreia do Norte. Ele ficará hospedado na residência de visitas de Estado Paekhwawon, que já recebeu os presidentes sul-coreanos Kim Dae-jung e Roh Moo-hyun durante reuniões de cúpula com Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, em 2000 e 2007, respectivamente.

RC/efe/rtr/ap

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