De todo o continente e também do Brasil vieram cumprimentos pelo triunfo da política extremista nas eleições italianas. Políticos moderados pediram cautela em relação aos próximos passos.
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Os resultados que indicam a vitória de um partido de extrema direita na Itália, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial levaram líderes europeus nacionalistas a saudarem a candidata Giorgia Meloni, do Irmãos da Itália (FdI). Os números finais do pleito, realizado neste domingo (25/09), devem ser confirmados nesta segunda-feira.
O triunfo de Meloni representa uma mudança significativa para a Itália, membro fundador da União Europeia e a terceira maior economia da zona do euro, e também para a UE, apenas algumas semanas depois de a ultradireita ganhar as eleições na Suécia.
Membros de partidos extremistas de direita não demoraram a parabenizar a provável futura primeira-ministra italiana.
Um dos primeiros a se manifestarem foi Balázs Orbán, deputado e diretor político do governo húngaro chefiado por Viktor Orbán. No Twitter, ele escreveu que "nesses momentos difíceis, precisamos mais do que nunca de aliados que compartilhem uma visão e uma abordagem comum dos desafios da Europa".
Orbán aproveitara as eleições da Itália e a vitória iminente do FdI para criticar as sanções impostas pela UE à Rússia devido à invasão da Ucrânia, alegando que isso elevou os preços da energia, deixando os eleitores irritados.
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, foi mais contido em seus cumprimentos, tuitando apenas: "Parabéns a Giorgia Meloni". Por sua vez, o líder do partido ultranacionalista espanhol Vox, Santiago Abascal, escreveu: "Meloni mostrou o caminho para uma Europa orgulhosa, livre e de nações soberanas, capazes de cooperar para a segurança e a prosperidade de todos".
O parlamentar francês Jordan Bardella, do partido Reagrupamento Nacional (RN) de espectro ultranacionalista, comentou que os eleitores italianos deram uma lição de humildade na presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que na semana anterior dissera que a Europa contava com "as ferramentas" para possíveis respostas à Itália, caso o país tomasse uma "direção complicada".
"Os povos da Europa levantam a cabeça e tomam seu destino em suas próprias mãos", publicou Bardella.
Líder por dez anos do RN, Marine Le Pen também escreveu no Twitter: "O povo italiano decidiu pegar seu destino nas mãos elegendo um governo patriótico e soberano. Felicitações a Giorgia Meloni e a Matteo Salvini por terem resistido às ameaças de uma União Europeia antidemocrática e arrogante, conquistando essa grande vitória". O ex-ministro do Interior italiano Salvini é o chefe da sigla populista de direita Liga.
Do Brasil, o recado veio do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro. Em post no Twitter, ele disse que Meloni é "Deus, pátria e família". Em outro, ironizou o feminismo e as mulheres pelo fato de a candidata italiana representar a direita.
Ultradireita alemã também celebra resultado
Na Alemanha, a deputada Beatrix von Storch, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), publicou no Twitter: "Celebramos com a Itália! Suécia no Norte, Itália no Sul: os partidos de esquerda são notícias do passado".
Em comunicado no qual parabeniza Meloni e seu partido pelo resultado na eleição, a AfD faz também uma crítica aberta à presidente da Comissão Europeia: "Apesar de todas as sinalizações antidemocráticas da presidente da Comissão, Von der Leyen, e de outros políticos, os italianos, como os democratas suecos antes deles, decidiram a favor de uma mudança política."
A nota também frisa que a escolha por Meloni "é completamente direito democrático" dos eleitores italianos: "O sucesso eleitoral do Irmãos da Itália é, além disso, uma vitória do senso comum. A Alemanha, com sua coalizão [de social-democratas, verdes e liberais], parece bastante solitária na Europa neste momento", afirmou a AfD.
Líderes moderados pedem cautela
As políticas anunciadas por Meloni também receberam críticas. Na Espanha, o ministro do Exterior, José Manuel Albares, disse que o país vai buscar a melhor relação possível com o novo governo italiano. Mas advertiu que "soluções milagrosas" de líderes populistas sempre "acabam da mesma maneira: em catástrofe".
Falando na Rádio RMC e no canal de televisão BFM, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, pediu cautela, advertindo que a vitória de Meloni significa que a França vai monitorar questões relacionadas aos direitos humanos e ao aborto: "Na Europa, temos certos valores e, obviamente, estaremos vigilantes."
O FdI afirma defender valores "judaico-cristãos" na Europa, o que preocupa grupos minoritários. Além disso, em sua campanha Meloni prometeu manter a atual lei de aborto no país, que permite a interrupção da gravidez, mas também que os médicos se recusem a realizá-la.
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Meloni pode ser a primeira mulher a governar a Itália
Caso se confirme a vitória do FdI, que tem raízes neofascistas, Giorgia Meloni possivelmente se tornará a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra da Itália.
A formação da próxima coalizão de governo ainda pode levar semanas, mas deve contar com o apoio de aliados de direita. Seus prováveis parceiros de coalizão são o líder da sigla anti-imigração Liga, Matteo Salvini, e o ex-primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi, líder do também ultradireitista Força Italia (FI).
"Se formos chamados a governar esta nação, faremos isso por todos os italianos e com o objetivo de unir o povo", disse Meloni durante discurso na sede do seu partido, em Roma. "A Itália nos escolheu. Nós não vamos traí-la, como nunca fizemos."
gb/av (AP, AFP, DPA, ots)
Cronologia da Segunda Guerra Mundial
Em 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia, sob ordens de Hitler. A guerra que então começava duraria até 8 de maio de 1945, deixando um saldo até hoje sem paralelo de morte e destruição.
Foto: U.S. Army Air Forces/AP/picture alliance
1939
No dia 1° de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs atacaram a Polônia sob ordens de Adolf Hitler – supostamente em represália a atentados poloneses, embora isso tenha sido uma mentira de guerra. No dia 3 de setembro, França e Reino Unido, que eram aliadas da Polônia, declararam guerra à Alemanha, mas não intervieram logo no conflito.
1939
A Polônia mal pôde oferecer resistência às bem equipadas tropas alemãs – em cinco semanas, os soldados poloneses foram derrotados. No dia 17 de setembro, o Exército Vermelho ocupou o leste da Polônia – em conformidade com um acordo secreto fechado entre o Império Alemão e a União Soviética apenas uma semana antes da invasão.
Foto: AP
1940
Em abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e usou o país como base até a Noruega. De lá vinham as matérias-primas vitais para a indústria bélica alemã. No intuito de interromper o fornecimento desses produtos, o Reino Unido enviou soldados ao território norueguês. Porém, em junho, os aliados capitularam na Noruega. Nesse meio tempo, a Campanha Ocidental já havia começado.
1940
Durante oito meses, soldados alemães e franceses se enfrentaram no oeste, protegidos por trincheiras. Até que, em 10 de maio, a Alemanha atacou Holanda, Luxemburgo e Bélgica, que estavam neutros. Esses territórios foram ocupados em poucos dias e, assim, os alemães contornaram a defesa francesa.
Foto: picture alliance/akg-images
1940
Os alemães pegaram as tropas francesas de surpresa e avançaram rapidamente até Paris, que foi ocupada em meados de junho. No dia 22, a França se rendeu e foi dividida: uma parte ocupada pela Alemanha de Hitler e a outra, a "França de Vichy", administrada por um governo fantoche de influência nazista e sob a liderança do general Pétain.
Foto: ullstein bild/SZ Photo
1940
Hitler decide voltar suas ambições para o Reino Unido. Seus bombardeios transformaram cidades como Coventry em cinzas e ruínas. Ao mesmo tempo, aviões de caça travavam uma batalha aérea sobre o Canal da Mancha, entre o norte da França e o sul da Inglaterra. Os britânicos venceram e, na primavera europeia de 1941, a ofensiva alemã estava consideravelmente enfraquecida.
Foto: Getty Images
1941
Após a derrota na "Batalha aérea pela Inglaterra", Hitler se voltou para o sul e posteriormente para o leste. Ele mandou invadir o norte da África, os Bálcãs e a União Soviética. Enquanto isso, outros Estados entravam na liga das Potências do Eixo, formada por Alemanha, Itália e Japão.
1941
Na primavera europeia, depois de ter abandonado novamente o Pacto Tripartite, Hitler mandou invadir a Iugoslávia. Nem a Grécia, onde unidades inglesas estavam estacionadas, foi poupada pelas Forças Armadas alemãs. Até então, uma das maiores operações aeroterrestres tinha sido o ataque de paraquedistas alemães a Creta em maio de 1941.
Foto: picture-alliance/akg-images
1941
O ataque dos alemães à União Soviética no dia 22 de junho de 1941 ficou conhecido como Operação Barbarossa. Nas palavras da propaganda alemã, o objetivo da campanha de invasão da União Soviética era uma "ampliação do espaço vital no Oriente". Na verdade, tratava-se de uma campanha de extermínio, na qual os soldados alemães cometeram uma série de crimes de guerra.
Foto: Getty Images
1942
No começo, o Exército Vermelho apresentou pouca resistência. Aos poucos, no entanto, o avanço das tropas alemãs chegou a um impasse na Rússia. Fortes perdas e rotas inseguras de abastecimento enfraqueceram o ataque alemão. Hitler dominava quase toda a Europa, parte do norte da África e da União Soviética. Mas no ano de 1942 houve uma virada.
1942
A Itália havia entrado na guerra em junho de 1940, como aliada da Alemanha, e atacado tropas britânicas no norte da África. Na primavera de 1941, Hitler enviou o Afrikakorps como reforço. Por muito tempo, os britânicos recuaram – até a segunda Batalha de El Alamein, no outono de 1942. Ali a situação mudou, e os alemães bateram em retirada. O Afrikakorps se rendeu no dia 13 de maio de 1943.
Foto: Getty Images
1942
Atrás do fronte leste, o regime de Hitler construiu campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau. Mais de seis milhões de pessoas foram vítimas do fanatismo racial dos nazistas. Elas foram fuziladas, mortas com gás, morreram de fome ou de doenças. Milhares de soldados alemães e da SS estiveram envolvidos nestes crimes contra a humanidade.
Foto: Yad Vashem Photo Archives
1943
Já em seu quarto ano, a guerra sofreu uma virada. No leste, o Exército Vermelho partiu para o contra-ataque. Vindos do sul, os aliados desembarcaram na Itália. A Alemanha e seus parceiros do Eixo começaram a perder terreno.
1943
Stalingrado virou o símbolo da virada. Desde julho de 1942, o Sexto Exército alemão tentava capturar a cidade russa. Em fevereiro, quando os comandantes desistiram da luta inútil, cerca de 700 mil pessoas já haviam morrido nesta única batalha – na maioria soldados do Exército Vermelho. Essa derrota abalou a moral de muitos alemães.
Foto: picture-alliance/dpa
1943
Após a rendição das tropas alemãs e italianas na África, o caminho ficou livre para que os Aliados lutassem contra as potências do Eixo no continente europeu. No dia 10 de julho, aconteceu o desembarque na Sicília. No grupo dos Aliados estavam também os Estados Unidos, a quem Hitler havia declarado guerra em 1941.
Foto: picture alliance/akg
1943
Em setembro, os Aliados desembarcaram na Península Itálica. O governo em Roma acertou um armistício com os Aliados, o que levou Hitler a ocupar a Itália. Enquanto os Aliados travavam uma lenta batalha no sul, as tropas de Hitler espalhavam medo pelo resto do país.
No leste, o Exército Vermelho expulsou os invasores cada vez mais para longe da Alemanha. Iugoslávia, Romênia, Bulgária, Polônia... uma nação após a outra caía nas mãos dos soviéticos. Os Aliados ocidentais intensificaram a ofensiva e desembarcaram na França, primeiramente no norte e logo em seguida no sul.
1944
Nas primeiras horas da manhã do dia 6 de junho, as tropas de Estados Unidos,Reino Unido, Canadá e outros países desembarcaram nas praias da Normandia, no norte da França. A liderança militar alemã tinha previsto que haveria um desembarque – mas um pouco mais a leste. Os Aliados ocidentais puderam expandir a penetração nas fileiras inimigas e forçar a rendição de Hitler a partir do oeste.
Foto: Getty Images
1944
No dia 15 de agosto, os Aliados deram início a mais um contra-ataque no sul da França e desembarcaram na Provença. As tropas no norte e no sul avançaram rapidamente e, no dia 25 de agosto, Paris foi libertada da ocupação alemã. No final de outubro, Aachen se tornou a primeira grande cidade alemã a ser ocupada pelos Aliados.
Foto: Getty Images
1944
No inverno europeu de 1944/45, as Forças Armadas alemãs reuniram suas tropas no oeste e passaram para a contra-ofensiva em Ardenne. Mas, após contratempos no oeste, os Aliados puderam vencer a resistência e avançar inexoravelmente até o "Grande Império Alemão" – a partir do leste e do oeste.
Foto: imago/United Archives
1945
No dia 8 de maio de 1945, os nazistas se renderam incondicionalmente. Para escapar da captura, Hitler se suicidou com um tiro no dia 30 de abril. Após seis anos de guerra, grande parte da Europa estava sob entulhos. Quase 50 milhões de pessoas morreram no continente durante a Segunda Guerra Mundial. Em maio de 1945, o marechal de campo Wilhelm Keitel assinava a ratificação da rendição em Berlim.