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Líderes e ativistas ecoam grave alerta do IPCC sobre o clima

Alex Berry
10 de agosto de 2021

Em reação a alerta do painel da ONU sobre efeitos irreversíveis do aquecimento global, nomes como Greta Thunberg e António Guterres reforçam que é preciso agir com urgência para evitar crise climática ainda mais grave.

Especialista russo de proteção florestal analisa uma área atingida por um incêndio na região russa de Iacútia
Incêndio florestas na Rússia: mudanças climáticas tornam ondas de calor e incêndios mais intensos e frequentesFoto: ROMAN KUTUKOV/REUTERS

Ativistas, líderes mundiais e a sociedade civil reagiram ao novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que alertou nesta segunda-feira (10/08) que o mundo está a caminho de descumprir, já nos próximos 15 anos, a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C até o final do século, com impactos irreversíveis.

O relatório salientou ser inegável que as emissões de gases do efeito estufa provocadas pelo homem são a causa do aumento da temperatura global, que já desencadeou catástrofes ambientais em todo o mundo.

O planeta já aqueceu 1,1 °C desde a segunda metade do século 19, apontou o IPCC, e apenas um punhado de países está em vias de reduzir suas emissões a um nível suficiente.

Greta Thunberg: "Estamos em uma emergência"

Para a ativista climática Greta Thunberg, o relatório do IPCC "não contém verdadeiras surpresas".

"O relatório confirma o que já sabemos a partir de milhares de estudos e relatórios anteriores – que estamos em uma emergência", escreveu a jovem de 18 anos em sua conta no Twitter.

"Cabe a nós sermos corajosos e tomar decisões baseadas nas evidências específicas fornecidas por esses relatórios. Ainda podemos evitar as piores consequências, mas não se continuarmos como atualmente, e não sem tratar a crise como uma crise", afirmou.

Após a divulgação do relatório do IPCC, Greta disse à agência de notícias Reuters que mudou de ideia e agora planeja participar da próxima conferência climática da ONU (COP 26), que será realizada na Escócia entre 31 de outubro e 12 de novembro. Ela havia dito anteriormente que boicotaria a conferência devido à distribuição desigual de vacinas para covid-19 em todo o mundo.

A ativista nigeriana Oladosu Adenike teve uma reação semelhante à de Greta ao relatório do IPCC. A nigeriana escreveu em seu Twitter que "os compromissos dos líderes mundiais não são suficientes para enfrentar as projeções atuais do impacto".

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"Sentença de morte" para combustíveis fósseis

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou o relatório como "código vermelho" para a humanidade e acrescentou que o documento "deve soar como uma sentença de morte para o carvão e os combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta".

O enviado especial do governo dos EUA para o clima, John Kerry, afirmou que o relatório do IPCC mostra que "não podemos nos dar ao luxo de mais atrasos" e acrescentou que "a mudança climática está transformando nosso planeta de maneiras sem precedentes, com efeitos de amplo alcance que já estamos vendo – criando ondas de calor, chuvas extremas, climas propícios para incêndios e secas mais frequentes e severas".

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que enfrenta pressão para impedir a planejada abertura de uma mina de carvão, também reagiu ao relatório do IPCC. "Nós sabemos o que deve ser feito para limitar o aquecimento global – deixar o carvão no passado e mudar para fontes de energia limpa, proteger a natureza e fornecer financiamento climático para países na linha de frente", afirmou.

O chefe da União Europeia para o Acordo Verde Europeu, Frans Timmermann, juntou-se ao coro no Twitter, afirmando que "não é tarde demais [...] se agirmos de forma decisiva agora".

Políticos alemães também pediram por uma maior cooperação para enfrentar a crise, incluindo um acordo verde global para expandir as energias renováveis.

Mais condições extremas por vir

A climatologista alemã Friederike Otto, coautora do relatório do IPCC, conversou com a DW sobre as conclusões do painel da ONU e afirmou: "É um fato: não há dúvida de que as emissões humanas de gases de efeito estufa são a causa do aquecimento que observamos."

Otto explicou que podemos esperar eventos meteorológicos e climáticos mais extremos, como ondas de calor, inundações e secas, que já têm ocorrido.

"Além disso, também iremos continuar a observar, não importa em que nível restringirmos o aumento da temperatura média global, o aumento do nível do mar por décadas e séculos, e também o derretimento glacial", afirmou.

A climatologista alemã também enfatizou que o relatório do IPCC é sobre a ciência do clima, que fornece aos governos os dados de que precisam para decisões políticas, mas não faz recomendações de políticas climáticas. Mas, segundo Otto, se a humanidade quiser limitar o aquecimento a apenas 1,5 °C, é preciso "atingir a neutralidade climática até metade do século".

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Aquecimento por trás de recentes incêndios florestais

O departamento para o clima da Agência Espacial Europeia (ESA) conversou com a DW sobre o relatório do IPCC e os recentes incêndios florestais no sul da Europa.

O especialista em clima Clement Albergel afirmou que o novo relatório do IPCC "ecoa as descobertas anteriores que conectam as atividades humanas, em particular as emissões de gases de efeito estufa e as mudanças climáticas".

Em referência aos incêndios que devastaram grandes áreas de Grécia, Turquia e Itália nos últimos dias, Albergel foi enfático: "Quando altas temperaturas são combinadas com baixa umidade, pouca chuva e/ou ventos fortes, aumenta o risco de incêndios florestais. Esta combinação de condições tem sido observada por um longo período de tempo em grande parte do mundo, e está ligada às mudanças climáticas".

"Com um clima mais quente, eventos extremos, como ondas de calor prolongadas e secas, provavelmente aumentarão em intensidade e frequência. Este é um fato comprovado", acrescentou

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