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Israel

18 de outubro de 2011

Enquanto autoridades árabes e europeias falam em avanços no processo de paz, grupo radical islâmico Hamas ameaça com novos sequestros para tentar libertar mais palestinos das prisões de Israel.

O soldado Shalit foi trocado por 1.027 presos palestinos
Soldado Shalit foi trocado por mais de mil presos palestinosFoto: dapd

A libertação nesta terça-feira (18/10) do soldado israelense Gilad Shalit, capturado há mais de cinco anos pelo grupo radical islâmico Hamas, foi vista por líderes mundiais como uma esperança de que o processo de paz no Oriente Médio avance, reduzindo a tensão na região.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, declarou que a libertação do soldado de 24 anos traz um "grande alívio para a França". Ele afirmou que Shalid – que também tem nacionalidade francesa, herdada de sua avó – em breve virá ao país. "Acredito que o fato de ter sido reconhecido como francês desde o início contribuiu enormemente para que ele fosse mantido vivo", declarou Sarkozy em Nice.

Na semana passada, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, aplaudiu os esforços do presidente francês para obter a soltura de Shalit. Abbas pediu ainda o empenho de Paris nas negociações para a libertação do franco-palestino Salah Hamouri, preso em Israel desde 2005 sob alegação de conspiração para assassinar um rabino – o que Hamouri nega.

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, disse estar contente com o fato de a Alemanha ter ajudado na libertação do soldado. Egito e Alemanha vinham, há anos, intermediando as negociações. Esta é a primeira vez, em 26 anos, que um soldado israelense é libertado vivo e nunca antes Israel pagou um preço tão alto por um único soldado. Em maio de 1985, 1.150 palestinos haviam sido trocados por três soldados de Israel.

Pedidos de paz

Líderes mundiais apoiaram Israel na negociçãoFoto: dapd

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, elogiou o colega de pasta israelense por aceitar um acordo no qual alguns assassinos condenados saíram livres depois de cumprirem apenas uma fração de suas sentenças.

"Eu parabenizo o primeiro-ministro Netanyahu e todos os envolvidos em trazer Shalit de volta para casa em segurança, e espero que esta troca de prisioneiros seja um passo a mais pela paz", disse Cameron.

"Permanecemos fortemente compromissados com a causa da paz no Oriente Médio. Continuaremos trabalhando com negociações diretas para alcançar este objetivo", afirmou o primeiro-ministro britânico.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, declarou que este foi o final de "uma enorme provação". O presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzet, disse em Bruxelas que o caso de Shalit mostra que "nós não devemos perder a fé na busca por uma reconciliação".

Além de felicitar a libertação dos 477 prisioneiros palestinos nesta terça-feira, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, também pediu em um comunicado a libertação de todos os prisioneiros palestinos e árabes que ainda estão sob custódia das forças de ocupação israelenses. Al-Arabi ressaltou que "alguns estão detidos há mais de 30 anos e vivendo sob condições desumanas". Os outros 550 prisioneiros cuja liberdade foi negociada pela soltura de Shalit serão libertados nos próximos dois meses.

Relações tensas

Palestinos querem a libertação de mais presosFoto: dapd

Em Berlim, a chanceler federal Angela Merkel afirmou esperar que o papel "crucial" desempenhado pelo Cairo nas negociações para a libertação do israelense ajude a melhorar as relações entre Israel e o Egito. Este é um dos apenas dois vizinhos árabes que têm relações diplomáticas com o país.

Estes laços, no entanto, ficaram extremamente estremecidos nas últimas semanas, após o ataque à embaixada israelense no Cairo, em retaliação à morte de seis policiais de fronteira, em agosto passado.

A Turquia, que assim como o Egito também viu sua relação com Israel passar por forte tensão recentemente, afirmou que o país fez uma grande jogada, garantindo que Shalit saísse vivo.

Os turcos já foram um dos maiores aliados dos israelenses no mundo islâmico, mas cortaram relações com seu antigo aliado desde que forças israelenses mataram nove turcos em um ataque a uma frota que levava ajuda para Gaza.

No entanto, o vice-primeiro-ministro da Turquia, Bulent Arinc, disse esperar que a libertação de Shalit ponha um fim no derramamento de sangue na região. "A Turquia contribuiu de maneira significante nesta troca e na proteção da vida de Shalit", disse Arinc à agência de notícias Anatólia.

Já o Irã, arqui-inimigo de Israel, comemorou a libertação em massa de prisioneiros palestinos. "O Irã parabeniza a nação palestina pela libertação dos prisioneiros que estavam cativos pelo ilegítimo regime sionista", afirmou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast.

Hamas ameaça com novos sequestrosFoto: AP

"Novo Gilad"

Depois de receber Gilad Shalid em uma base aérea em Israel, o primeiro-ministro  Benjamin Netanyahu afirmou que entende a dor das famílias israelenses, mas que a libertação dos prisioneiros palestinos era necessária para trazer seu soldado para casa. Ele também fez um alerta para os militantes palestinos libertados.

"Continuaremos lutando contra o terrorismo e todo terrorista que realizar tais atos será responsabilizado", afirmou. O grupo radical islâmico Hamas, que domina a Faixa de Gaza, já ameaçou Israel com o sequestro de "novos Shalits" enquanto ainda houver palestinos nas prisões israelenses.

Manifestações do lado palestino agora pedem por novos sequestros de soldados israelenses, para que possam ser usados na troca por prisioneiros. "O povo quer um novo Gilad", gritou nesta terça-feira uma multidão em Gaza.

MSB/afp/dpa/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer

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