Líderes europeus defendem mudança na política de refugiados
28 de agosto de 2017
Em minicúpula, França, Alemanha, Itália e Espanha propõem que requerentes de asilo em países europeus possam solicitar o pedido na África. Medida quer evitar que milhares façam travessia ilegal até Europa.
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Os líderes da França, Alemanha, Itália e Espanha apoiaram nesta segunda-feira (28/08) uma mudança na política de asilo para que migrantes possam solicitar ainda na África o pedido de refúgio em países da União Europeia (UE). A medida visa reduzir a imigração ilegal e evitar que milhares se arrisquem na travessia pelo Mar Mediterrâneo para tentar chegar à Europa.
Na minicúpula em Paris, que também reuniu os líderes do Níger, Chade e Líbia, os europeus se comprometeram a ajudar os países africanos no combate ao contrabando de pessoas e na contenção do fluxo migratório.
"Todos precisamos agir juntos para ser eficiente, partido dos países de origem e passando pelos países de trânsito, especialmente a Líbia", afirmou o presidente da França, Emmanuel Macron.
O presidente sugeriu a criação de "aéreas seguras" no Níger e no Chade, países centrais no trânsito de migrantes, onde requerentes de asilo fariam a solicitação. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) ficaria responsável pela análise dos pedidos.
Macron destacou que a medida ajudaria a evitar que milhares se arrisquem no Mar Mediterrâneo para tentar pedir asilo na Europa. "Traficantes de pessoas, armas e drogas transformaram o Mediterrâneo num cemitério", ressaltou.
Desde 2014, mais de 14 mil pessoas morrem tentando chegar à Europa, muitos fugindo de conflitos no Sudão, Eritreia e Etiópia. Somente neste ano, cerca de 125 mil migrantes se arriscaram em travessias pelo Mediterrâneo.
Um roteiro sobre essas proposta foi assinado pelos líderes que participaram da cúpula. Ainda não há detalhes de como a medida funcionaria. No entanto, ela deve criar um caminho para refugiados entrarem legalmente na Europa, após a análise dos pedidos.
"O centro da proposta é o combate à imigração ilegal", ressaltou a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel. "O fim do tráfico de humanos só pode ser alcançando com ajuda para o desenvolvimento", acrescentou.
Os quatro países europeus se mostraram dispostos a oferecer ajuda financeira aos países africanos em troca de um controle maior para evitar o fluxo migratório. Os líderes africanos destacaram que o combate à pobreza precisa fazer parte da estratégia para solucionar essa questão.
Os setes países também concordaram que a crise na Líbia – principal país de saída para migrantes em direção à Europa – precisa ser resolvida para que uma solução definitiva para diminuir o fluxo migratório seja alcançada. O país enfrenta o caos e a guerra civil desde a morte do ditador Muammar Kadafi, em 2011, com diversas milícias lutando pelo poder.
CN/rtr/ap/afp
As imagens que marcaram a crise migratória
Fotos impressionantes do enorme fluxo de migrantes para a Europa em 2015 e 2016 circularam pelo mundo. No Dia Mundial do Refugiado, vale lembrar a perseverança dos que foram forçadas a deixar seus países.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A meta: sobreviver
Uma jornada combinada com sofrimento e perigo para corpo e alma: para fugir da guerra e da miséria, centenas de milhares de pessoas, principalmente da Síria, viajaram pela Turquia para a Grécia em 2015 e 2016. Ainda há cerca de 10 mil pessoas nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos. De janeiro a maio deste ano, chegaram mais de 6 mil novos refugiados.
Foto: Getty Images/AFP/A. Messinis
A pé até a Europa
Em 2015 e 2016, milhões de pessoas tentaram, a pé, chegar à Europa Ocidental através da Turquia ou da Grécia até a Macedônia, Sérvia e Hungria. Este fluxo não parou mesmo depois de a chamada rota dos Bálcãs ter sido fechada e muitos países terem bloqueado suas fronteiras. Hoje, a maioria dos refugiados vai para a Europa usando a perigosa rota pelo Mediterrâneo através da Líbia.
Foto: Getty Images/J. Mitchell
Consternação mundial
Esta foto chocou o mundo em setembro de 2015: numa praia da Turquia foi encontrado o corpo do menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos. A imagem se espalhou rapidamente pelas redes sociais e se tornou um símbolo da crise dos refugiados. Depois dela, a Europa não podia mais se omitir.
Foto: picture-alliance/AP Photo/DHA
Caos e desespero
Sabendo que a rota de fuga para a Europa seria fechada, milhares de refugiados tentaram desesperadamente entrar em trens e ônibus na Croácia. Alguns dias depois, em outubro de 2015, a Hungria fechou a fronteira e criou campos com contêineres, onde os refugiados seriam mantidos durante a análise de seu pedido de asilo político.
Foto: Getty Images/J. J. Mitchell
Hostilidades
A indignação foi grande quando uma repórter cinematográfica húngara deu uma rasteira num refugiado sírio que corria com um menino no colo. Ele tentava passar por uma barreira policial na fronteira húngara em setembro de 2015. No auge da crise de refugiados aumentavam as hostilidades contra imigrantes, com ataques xenófobos a abrigos de refugiados também na Alemanha.
Foto: Reuters/M. Djurica
Fronteiras fechadas
O fechamento oficial da rota dos Bálcãs, em março de 2016, gerou tumultos nos postos de fronteira, onde milhares de migrantes não puderam mais avançar e houve relatos de violência policial. Muitos, como estes refugiados, tentaram contornar os postos de fronteira entre a Grécia e a Macedônia.
Uma criança ensanguentada coberta de poeira: a fotografia de Omran, de 5 anos, chocou o público em 2016 e se tornou um símbolo dos horrores da guerra civil da Síria e do sofrimento de seu povo. Um ano mais tarde, novas imagens mostrando o menino bem mais feliz circularam na internet. Apoiadores do presidente sírio afirmam que a primeira imagem foi usada para fins de propaganda.
Foto: picture-alliance/dpa/Aleppo Media Center
Em busca de segurança
Um sírio carrega a filha na chuva em Idomeni, entre a Grécia e a Macedônia. Ele procura abrigo na Europa. Segundo o Regulamento de Dublin, o asilo político precisa ser solicitado no primeiro país da União Europeia a que o refugiado chegou. Por isso, muitos que prosseguem viagem são mandados de volta. Por sua localização fronteiriça, Itália e Grécia são os países onde mais chegam refugiados.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Esperança
A Alemanha continua sendo o principal destino dos migrantes, embora a política de refugiados e de asilo do país tenha se tornado mais restritiva após o grande afluxo no final de 2015. Nenhum outro país europeu acolheu tantos refugiados como a Alemanha, que recebeu 1,2 milhão de pessoas desde 2015. A chanceler federal Angela Merkel foi um ícone para muitos dos recém-chegados.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Miséria nos campos de refugiados
No norte da França, um enorme campo de refugiados, a chamada "Selva de Calais", foi fechado. Durante a evacuação, em outubro de 2016, houve um incêndio no acampamento. Cerca de 6.500 moradores foram removidos para outros abrigos na França. Meio ano depois, organizações de ajuda relataram sobre muitos refugiados menores de idade que vivem como sem-teto em volta da cidade de Calais.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Laurent
Afogamentos no Mediterrâneo
ONGs e guardas costeiras estão constantemente à procura de barcos de migrantes em perigo. Eles preferem atravessar o mar em embarcações precárias superlotadas a viver sem perspectivas na pobreza ou em meio à guerra civil. Só em 2017, a travessia já custou 1.800 vidas. Em 2016 foram registrados 5 mil mortos.
Foto: picture alliance/AP Photo/E. Morenatti
Milhares esperam na Líbia
Centenas de milhares de refugiados da África Subsaariana e do Oriente Médio esperam em campos líbios para atravessar o Mar Mediterrâneo. Muitos estão nas mãos de contrabandistas humanos e traficantes de pessoas. As condições nesses locais são catastróficas, dizem ONGs. Testemunhas relatam casos de escravidão e prostituição forçada. Ainda assim, continua vivo o sonho de chegar à Europa.
Foto: Narciso Contreras, courtesy by Fondation Carmignac