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Aung San Suu Kyi

13 de novembro de 2010

"A única prisão é o medo, a única liberdade é em relação ao medo", declarou certa vez Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, libertada em Mianmar. Líderes europeus exigem libertação de demais oposicionistas no país asiático.

Apoiadores da oposicionista comemoram sua libertaçãoFoto: AP
Suu Kyi: flor nos cabelos simboliza alegriaFoto: AP

A líder oposicionista birmanesa Aung San Suu Kyi, de 65 anos, foi libertada após 15 anos de cárcere e prisão domiciliar neste sábado (13/11). Sorridente e indômita, ela se apresentou com uma flor nos cabelos aos milhares de apoiadores que acorreram à sua casa na metrópole de Yangun.

"Se trabalharmos em harmonia, alcançaremos nossa meta. Ainda temos muito para fazer", declarou a portadora do Prêmio Nobel da Paz de 1991. A multidão aclamou-a em júbilo e cantou o hino nacional.

O governo de Mianmar não se pronunciou oficialmente sobre a decisão. Antes, a junta militar reforçara drasticamente as medidas de segurança em Yangun, a fim de reprimir as reuniões oposicionistas.

Reações internacionais

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, manifestou-se feliz e aliviada pela libertação. "Aung San Suu Kyi é uma figura-símbolo da luta mundial pela concretização dos direitos humanos. Seu pacifismo e perseverança a transformaram num exemplo admirável", disse a chefe de governo. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, advertiu a junta militar em Naypyidaw de que não volte a constranger a liberdade de expressão e de ir e vir da oposicionista.

Falando em nome da União Europeia, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e a encarregada da política exterior Catherine Ashton exigiram também que a oposicionista esteja livre para participar da política do país. "Apelo para que todos os demais cidadãos [birmaneses] detidos por suas convicções políticas sejam incondicionalmente libertados", declarou Barroso.

Para o primeiro-ministro britânico, David Cameron, a libertação já se fizera esperar demais. O chefe de Estado norte-americano, Barack Obama, classificou Suu Kyi como uma heroína. A comunidade dos países do Sudeste Asiático Asean, da qual Mianmar faz parte, igualmente saudou o acontecimento.

Apoiadores da NLD reunidos diante da sede do partido em YangunFoto: picture-alliance/dpa

Pronta para a luta

Nas últimas eleições birmanesas, em 1990, o partido de Aung San Suu Kyi, Liga Nacional pela Democracia (NLD), venceu com grande vantagem, porém os governantes militares jamais reconheceram essa vitória.

No dia 7 de novembro de 2010 realizou-se o primeiro pleito parlamentar em 20 anos no país. O partido União Solidariedade e Desenvolvimento (USDP) foi declarado vencedor, tendo – segundo noticiou os veículos estatais na última quinta-feira – alcançado maioria em ambas as câmaras do parlamento.

Por estar presa, Suu Kyi não pôde participar do pleito. Assim, a NLD conclamou ao boicote, sendo consequentemente dissolvido pela junta. A líder prometera que, sendo solta, auxiliaria seu partido a investigar as acusações de fraude eleitoral.

Libertando-se do medo

Casa de Aung San Suu Kyi vista do lagoFoto: picture-alliance/dpa

Aung San Suu Kyi passou mais de 15 dos últimos 21 anos ou na cadeia ou em prisão domiciliar. Para muitos, ela é o símbolo da luta para libertar o país da junta que o governa desde 1962.

Originalmente, a oposicionista deveria ter deixado a prisão domiciliar no final de maio de 2009. Porém recebeu mais 18 meses por suposta infração da pena. Depois que o norte-americano John Yettaw invadira sua propriedade, afirmando ter sido enviado de Deus para alertá-la de um atentado, ela permitiu que ele descansasse por dois dias, antes de voltar a atravessar a nado o lago por onde viera.

A nova condenação não impediu a heroína libertária de continuar enfrentando os militares. "A única prisão é o medo, a única liberdade é a liberdade em relação ao medo", declarou Aung San Suu Kyi certa vez.

AV/dpa/rtr/ap
Revisão: Carlos Albuquerque

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