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Líderes internacionais culpam Rússia por morte de Navalny

16 de fevereiro de 2024

"Que ninguém se engane: Putin é o responsável", disse o presidente dos EUA, Joe Biden, após anúncio da morte de líder opositor russo que estava preso em colônia penal russa.

Foto de Alexei Navalny
Pelas redes sociais, opositores russos acusam Putin de matar NavalnyFoto: Pavel Golovkin/AP Photo/picture alliance

Autoridades internacionais lamentaram nesta sexta-feira (16/02) a morte repentina do líder opositor russo Alexei Navalny de 47 anos, que estava preso numa colônia penal russa na região do Ártico e culparam Moscou pelo ocorrido. Muitos atribuíram a responsabilidade pela morte do dissidente ao seu maior desafeto, o presidente russo, Vladimir Putin.

"Que ninguém se engane: Putin é o responsável pela morte de Navalny", disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.O americano afirmou estar "chocado, mas não surpreso" com a notícia e exaltou a luta de Navalny contra o regime de Putin. 

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, disse que a morte de Navalny é mais um sinal da "brutalidade" de Putin. "Qualquer que seja a história que contem, vamos deixar claro que a Rússia é responsável", declarou Harris no início do seu discurso na Conferência de Segurança de Munique.

"Durante mais de uma década, o governo russo, Putin, perseguiu, envenenou e prendeu Alexei Navalny, e agora sua morte é noticiada. Sua morte em uma prisão russa e a fixação e o medo de um homem apenas sublinham a fraqueza e a podridão no coração do sistema que Putin construiu", ressaltou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que também está em Munique.

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, descreveu como terrível a informação sobre a morte de Navalny e disse que o líder opositor russo pagou com a vida pela sua bravura quando regressou à Rússia depois de se recuperar em Berlim de um envenenamento. "É algo muito desconcertante. Conheci Navalny em Berlim quando ele tentava se recuperando", afirmou Scholz.

"Ele provavelmente pagou com a vida pela sua bravura", comentou Scholz, que disse estar pensando na esposa e nos dois filhos de Navalny. "Sabemos que regime é este", acrescentou Scholz em referência ao governo de Putin, frisando que a morte do opositor é um sinal de quanto a Rússia mudou para pior. "Faz muito tempo que não é uma democracia", enfatizou.

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, afirmou que considera que o regime russo é o "único responsável pela morte trágica" de Navalny. "Alexei Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia e, pelos seus ideais, fez o derradeiro sacrifício. A UE considera o regime russo o único responsável por esta morte trágica", escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter).

Pelas redes sociais, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse estar "profundamente perturbada e triste" com a notícia. "Putin não teme nada mais do que a dissidência do seu próprio povo. [E esta notícia é] um lembrete sombrio do que são Putin e o seu regime", escreveu.

Choque e indignação

Em Berlim, para um encontro com Scholz, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou que Putin deve "responder pelos seus crimes". "É óbvio para mim que Navalny foi morto como milhares de outros que foram torturados até a morte por causa de uma pessoa, Putin, que não se importa com quem morre, desde que mantenha a sua posição", declarou.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, disse estar "chocado" com o ocorrido. "Minhas condolências a sua família e amigos e a todos aqueles na Rússia que defendem os valores democráticos e pagam por isso o preço mais alto", acrescentou.

O presidente da França, Emmanuel Macron, expressou sua "raiva e indignação" pela morte do líder opositor russo. "Na Rússia de hoje, os espíritos livres são colocados no gulag e condenados à morte", escreveu rede social X. Macron elogiou ainda o "compromisso" e a "coragem" de Navalny e enviou suas condolências a sua família, aos seus entes queridos e ao povo russo.

Masis tarde, ao receber Zelenski em Paris, Macron, disse que a morte de Navalny serve como demonstração da fraqueza do Kremlin e do temor das autoridades russas em relação aos opositores.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a Rússia tem "questões muito sérias a responder" sobre a morte de Navalny. Ele disse ainda não ter informações sobre as causas da morte, razão pela qual insistiu na importância do esclarecimento de todos os fatos.

"Embora a Rússia tenha algumas questões muito sérias a responder, o que temos visto é que a Rússia se tornou uma potência cada vez mais autoritária, que tem usado a opressão contra a oposição durante muitos anos", comentou.

Stoltenberg ressaltou que Navalny era um prisioneiro e que esta condição "torna extremamente importante que a Rússia responda agora a todas as perguntas que serão feitas sobre a causa da morte".

Opositores russos também se manifestam

Em meio à Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, Yulia Navalnaya, a esposa de Alexei Navalny, pediu ainda para que Putin seja considerado "pessoalmente responsável por todas as atrocidades cometidas" e disse que os envolvidos pagarão pela morte do seu marido.

"Se isto for verdade, gostaria que Putin, toda a sua equipe, toda a sua comitiva, todo o seu governo e os seus amigos soubessem que serão punidos pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. Serão levados à justiça e esse dia chegará em breve", declarou.

Dmitri Muratov, Prêmio Nobel da Paz de 2021, disse que a morte de Navalny foi uma "notícia assustadora" e a classificou como resultado de um assassinato.

O ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov também acusou o presidente da Rússia nas redes sociais: "Putin não conseguiu matar Navalny rápida e secretamente ao envenená-lo. Agora, assassinou-o lenta e publicamente na prisão".

O escritor Boris Akunin disse que Navalny se "tornou imortal" e que o seu desaparecimento do mundo dos vivos será uma ameaça para o Kremlin.

"Um Alexei Navalny assassinado será uma ameaça maior para o ditador do que um Alexei Navalny vivo. O ditador não pode mais fazer nada contra ele. Navalny está morto e tornou-se imortal", disse o escritor que vive no exílio desde 2014. 

enk/cn/le (lusa, efe)

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