Líderes mundiais assinam Acordo de Paris em Nova York
22 de abril de 2016
Representantes de 175 países reúnem-se na ONU para assinatura histórica de acordo internacional, aderindo à luta contra mudanças climáticas. "Estamos numa corrida contra o tempo", afirma Ban Ki-moon.
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Líderes de 175 países assinaram nesta sexta-feira (22/04) o Acordo Climático de Paris, em cerimônia realizada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. "Este é um momento histórico", afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O número é recorde para um acordo internacional em seu primeiro dia de assinaturas – os Estados têm um ano para fazê-lo, a partir desta sexta. "Estamos numa corrida contra o tempo. A era do consumo sem consequências chegou ao fim", declarou Ban.
Realizada no Dia da Terra, a cerimônia ocorreu quatro meses depois da conclusão do Acordo de Paris, marcando o primeiro passo no processo de vinculação dos países às promessas que fizeram para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Após a assinatura, os Estados devem agora aprovar o acordo formalmente por meio de seus procedimentos internos. Segundo a ONU, 15 países – incluindo pequenas ilhas ameaçadas pela elevação dos mares – já encaminharam a ratificação nesta sexta-feira.
O acordo entra em vigor quando for ratificado por pelo menos 55 países, responsáveis por cerca de 55% das emissões globais. A data prevista é 2020, mas diversos dirigentes manifestaram a intenção de realizar a ratificação rapidamente para antecipar essa previsão.
A presidente Dilma Rousseff esteve pessoalmente em Nova York para a assinatura do acordo. Em nota, o governo afirma que "iniciará imediatamente o processo doméstico para a pronta ratificação, de modo a contribuir para sua entrada em vigor".
Os dois maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa, China e Estados Unidos – que não estiveram representados por seus presidentes – afirmaram que ratificarão o acordo em seus países até o final deste ano, e pediram que outras nações também o façam.
"Não há como voltar atrás"
O presidente da França, François Hollande – o primeiro a assinar o acordo e anfitrião da cúpula em Paris no ano passado –, também afirmou o compromisso de ratificar a questão ainda em 2016. "Não há como voltar atrás agora", declarou o líder nesta sexta-feira.
Em discurso durante a cerimônia, o ator americano Leonardo DiCaprio, embaixador das Nações Unidas para questões do clima, clamou por uma ação sem precedentes a fim de frear as mudanças climáticas e abandonar o uso de combustíveis fósseis.
"Não é possível salvar o planeta a menos que deixemos os combustíveis fósseis debaixo da terra, aonde eles pertencem", disse o ator. "É necessária uma transformação profunda. As ferramentas estão em nossas mãos se as aplicarmos antes que seja tarde demais."
Fechado por 195 países em dezembro de 2015, o Acordo de Paris define como objetivo a limitação do aquecimento global a 2ºC em relação à era pré-industrial. Para isso, os Estados fizeram promessas de reduzir suas emissões nos próximos anos.
EK/afp/ap/dpa/lusa
Dez ações contra as mudanças climáticas
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.