Políticos alemães e estrangeiros, bem como entidades internacionais, reagem à morte do ex-chanceler federal alemão, conhecido como o pai da Reunificação. "Um importante alemão e um importante europeu", afirma Merkel.
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A comunidade internacional reagiu com pesar à morte do ex-chanceler federal alemão Helmut Kohl, aos 87 anos, nesta quinta-feira (16/06). Conhecido como o pai da Reunificação, ele governou o país por 16 anos, sendo o mais longevo chefe de governo alemão do pós-guerra.
Kohl estava há anos com a saúde debilitada e morreu em sua na cidade de Ludwigshafen, no oeste alemão. Desde 2008, quando afastou-se da atividade pública, vivia dependente de uma cadeira de rodas para se locomover, após cair de uma escada e sofrer um traumatismo cranioencefálico.
Veja as mensagens de condolências enviadas por líderes e entidades alemãs e internacionais:
Angela Merkel
"Helmut Kohl foi um importante alemão e um importante europeu", afirmou a chanceler federal da Alemanha. Em pronunciamento em Roma, Merkel disse que o ex-chefe de governo foi "o homem certo no momento certo", que soube aproveitar a "chance histórica" de superar a divisão alemã e garantir uma reunificação pacífica. "Ele mudou minha vida de forma decisiva", acrescentou a líder, que cresceu na Alemanha Oriental.
Partidos alemães
A União Democrata Cristã (CDU), partido de Merkel e Kohl, foi quem confirmou a morte do ex-chanceler federal nesta sexta-feira. "A CDU está de luto por um grande europeu alemão. Obrigado, Helmut Kohl. Pela Reunificação. Pela Europa", disse Peter Tauber, secretário-geral do partido.
A União Social-Cristã (CSU), ramificação bávara da CDU, também prestou condolências em mensagem publicada no Twitter: "Estamos de luto pelo ex-chanceler Helmut Kohl. Kohl era um grande estadista. As suas conquistas para o nosso país são incalculáveis."
Sigmar Gabriel
Para o ministro alemão do Exterior, Kohl "foi um grande estadista, um grande político alemão e, acima de tudo, um grande europeu". Em comunicado, Gabriel declarou que o ex-chanceler federal "trabalhou muito não só pela Reunificação alemã, mas também pela integração europeia".
Emmanuel Macron
O presidente da França lamentou a morte do ex-chefe de governo alemão que, em aliança com o então líder francês François Mitterrand, pressionou por uma maior integração europeia. "Arquiteto da Alemanha unificada e da amizade franco-alemã: com Helmut Kohl, perdemos um grande europeu", escreveu Macron no Twitter.
Donald Trump
"Kohl foi um amigo e aliado dos Estados Unidos durante sua liderança da República Federal da Alemanha por 16 anos", disse o presidente americano, em um comunicado emitido pela Casa Branca. "Ele não foi apenas o pai da Reunificação alemã, mas também um defensor da Europa e da relação transatlântica. O mundo se beneficiou de sua visão e esforços. Seu legado persistirá."
Vladimir Putin
Em mensagem de condolências enviada ao presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e à chanceler federal, Angela Merkel, o presidente da Rússia afirmou que sempre "admirou a sabedoria e capacidade [de Kohl] de tomar decisões equilibradas nas mais difíceis situações". "Na Rússia, ele será lembrado como um defensor persistente das relações amigáveis entre os nossos países; um homem que contribuiu de forma tremenda para a consolidação de uma parceria bilateral mutualmente benéfica", acrescentou Putin.
Líderes em Bruxelas
"Muito entristecido pela morte de Helmut Kohl, meu grande amigo. Ele me guiou e me acompanhou em todos os caminhos europeus", afirmou Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, em postagem no Twitter.
Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, se pronunciou sobre a morte na mesma rede social: "Sempre vou me lembrar de Helmut Kohl. Um amigo e estadista que ajudou a reunir a Europa."
Nações Unidas
"É claro para todo mundo o papel histórico de Kohl na Reunificação da Alemanha somente um ano depois da queda do Muro de Berlim, e o caminho histórico em que ele levou a Europa ao dirigir tão bem essa reunificação", afirmou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
Papa Francisco
Em nota, o pontífice declarou que Kohl foi "um grande estadista e um europeu convicto" que trabalhou incansavelmente pela unidade de sua nação e continente. Francisco, que recebeu Merkel no Vaticano neste sábado (17/06), disse ainda estar rezando para que o ex-chanceler federal receba "o dom da alegria e vida eterna no céu".
Otan
"Helmut Kohl foi a encarnação de uma Alemanha unificada em uma Europa também unida. Quando caiu o Muro de Berlim, ele aproveitou a oportunidade. Um verdadeiro europeu", disse o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg.
Israel
Em comunicado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também lamentou a morte do político e prestou condolências à família e ao povo alemão. "Entre os grandes amigos do Estado de Israel, ele era completamente dedicado a nossa segurança. Kohl foi o líder que unificou a Alemanha com mão firme e determinada. Sua admiração por Israel e pelo sionismo foi expressa em minhas muitas reuniões com ele e por meio de sua posição resoluta a favor de Israel", declarou.
EK/afp/ap/dpa/efe/lusa/ots
A trajetória política de Helmut Kohl
Ele governou a Alemanha ao longo de 16 anos, mais do que qualquer outro chanceler federal. A queda do Muro de Berlim e a Reunificação são os pontos altos da carreira política de Helmut Kohl, que completa 85 anos.
Foto: picture-alliance/dpa
O pai da Reunificação
Ele governou a Alemanha de 1982 a 1998, mais tempo do que qualquer outro chanceler federal. A queda do Muro de Berlim e a Reunificação são os pontos altos da carreira política de Helmut Kohl.
Foto: dapd
Nos passos de Adenauer
Kohl entrou para a União Democrata Cristã (CDU) em 1946, quando era um estudante secundarista de 16 anos. Foi eleito deputado estadual da Renânia-Palatinado em 1959, aos 29 anos, e virou líder da bancada aos 33. Em 1966, tornou-se presidente estadual da CDU. A foto de 5 de janeiro de 1967 mostra Kohl e o primeiro chanceler federal do pós-Guerra, Konrad Adenauer, na festa de seus 91 anos, em Bonn.
Foto: picture alliance / dpa
Governador aos 39 anos
Em 1969, com a renúncia do então governador da Renânia-Palatinado, Peter Altmeier, Kohl foi eleito seu sucessor. Ele comandaria o estado até dezembro de 1976, e o cargo não seria o auge de sua carreira política. A foto é de 1971, ano em que a CDU obteve a maioria absoluta no parlamento regional.
Foto: Imago
Em família
A família foi muito importante para a formação da imagem pública de Kohl. Ele costumava passar suas férias de verão com a esposa e os filhos sempre no mesmo lugar, no lago Wolfgangsee, na Áustria. Esta foto é de 1974, e mostra Kohl ao lado da esposa Hannelore e dos filhos Peter (d) e Walter (e) na residência da família, em Oggersheim.
Foto: imago/Sven Simon
Kohl na chancelaria federal
Em 1973, Kohl se tornaria presidente nacional da CDU. Mas ele ainda não tinha atingido sua grande meta: a chancelaria federal. Foi só em 1982, quando divergências entre social-democratas e liberais levaram ao fim da coalizão que sustentava o então chanceler federal Helmut Schmidt, que Kohl finalmente conseguiu alcançar seu objetivo. Na foto, de 1º de outubro de 1982, Schmidt parabeniza o sucessor.
Foto: picture-alliance/dpa
Chanceler federal por 16 anos
Kohl foi três vezes reeleito para a chancelaria federal, ocupando o cargo ao longo de 16 anos, de 1982 a 1998. Ele permaneceu na presidência da CDU, para a qual havia sido eleito em 1973, até 1998. A partir de 2000, passou a ser o presidente de honra do partido. A foto é de 11 de setembro de 1989, quando Kohl foi reeleito para a presidência da CDU.
Foto: picture alliance/Martin Athenstädt
Gesto de reconciliação
Esta foto, que mostra Kohl ao lado do primeiro-ministro da França, François Mitterrand, correu mundo. Ela foi tirada em 22 de setembro de 1984, durante um evento para celebrar a reconciliação franco-alemã, perto do cemitério de Verdun, onde estão enterrados soldados que morreram na batalha de 1916. Ao se darem as mãos, os dois líderes criaram uma forte imagem de unidade e reconciliação.
Foto: ullstein bild/Sven Simon
Queda do Muro
Kohl foi literalmente surpreendido pela queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. Ele estava em viagem pela Polônia quando os cidadãos da Alemanha Oriental invadiram a fronteira interna alemã, com a anuência dos guardas do lado oriental. Kohl interrompeu imediatamente sua visita à Polônia. Na foto, de 10 de novembro de 1989, ele é cercado por berlinenses na avenida Kurfürstendamm.
Foto: picture-alliance/dpa
Negociações com a União Soviética
Na foto Kohl (d) aparece junto com Mikhail Gorbatchov (centro), e o ministro alemão do Exterior, Hans-Dietrich Genscher (e), durante uma visita ao Cáucaso, em 15 de julho de 1990, para discutir a reunificação alemã. Durante uma caminhada com Gorbatchov, Kohl obtivera do então chefe do Kremlin a aprovação da reunificação do país e da retirada das tropas soviéticas da Alemanha Oriental.
Foto: picture-alliance/dpa
Acordo entre as Alemanhas
Na presença do chanceler da Alemanha Oriental, Lothar de Maizière (esq. atrás) e do chanceler federal Helmut Kohl (centro atrás), os ministros da Finanças da Alemanha Ocidental e Oriental, Theo Waigel (dir.) e Walter Romberg (esq.), assinam, em 18 de maio de 1990, o acordo que abriria caminho para a Reunificação.
Foto: picture-alliance/dpa
Chanceler da Reunificação
A Reunificação alemã, em 3 de outubro de 1990, foi o ponto alto da carreira de Helmut Kohl. Ele entraria para a história como o "chanceler da Reunificação". Na foto, Kohl aparece ao lado da esposa Hannelore, do ministro do Exterior Hans-Dietrich Genscher (e) e do presidente Richard von Weizsäcker (d).
Foto: picture-alliance/dpa
Paisagens florescentes
No início dos anos 1990, Kohl é festejado pelos alemães-orientais como promotor da Reunificação. É dessa época a famosa expressão "paisagens florescentes", que ele usou para se referir ao futuro imediato da antiga Alemanha Oriental. A foto mostra o então chanceler cercado por admiradores em Leipzig, durante uma campanha eleitoral, em 14 de março de 1990.
Foto: picture-alliance/dpa
Mentor da primeira chanceler
Sem Kohl, o sucesso da atual chanceler federal alemã, Angela Merkel, é praticamente inconcebível. Foi ele que apoiou a política oriunda da Alemanha Oriental no início da sua carreira nacional, escolhendo-a para ser ministra da Família e, mais tarde, do Meio Ambiente. A foto é de 16 de dezembro de 1991, quando Merkel era ministra da Família.
Foto: picture-alliance/dpa
Fim de uma era
Em setembro de 1998, a CDU perdeu as eleições parlamentares, o que abriu caminho para o primeiro governo de uma coalizão entre social-democratas e verdes. A foto mostra uma cerimônia de despedida para Kohl, em Berlim, com honras militares.
Foto: picture-alliance/dpa
Escândalo de caixa dois
Em 1999, a imagem de Kohl é duramente atingida por um escândalo de doações ilegais para campanhas eleitorais da CDU ao longo dos anos 1990. O partido vira as costas para Kohl, e a primeira a fazê-lo é Merkel, sua protegida. Na foto, de dezembro de 1999, Kohl deixa mais cedo uma entrevista coletiva sobre o caso. Ao fundo, o presidente da CDU, Wolfgang Schäuble, e a secretária-geral Angela Merkel.
Foto: picture-alliance/dpa
Relação rompida
Kohl acabou admitindo que sabia das doações, mas se recusou a dar o nome dos doadores, anônimos até hoje. O processo contra Kohl foi arquivado em troca de uma multa milionária, e ele se afastou da política. Merkel tentou várias vezes se reconciliar com seu antigo mentor, que rejeitou todas as tentativas de aproximação. A foto mostra os dois na festa de 75 anos de Kohl, em Berlim, em 2005.