Kim Jong-un e seu pai, o ex-ditador da Coreia do Norte Kim Jong-il, teriam falsificado documentos para solicitar vistos de viagem a países ocidentais na década de 1990. Agência revela cópias dos passaportes.
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O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, e seu pai, Kim Jong-il, morto em 2011, usaram passaportes brasileiros falsos para solicitar vistos para visitar países ocidentais na década de 1990, afirmou nesta terça-feira (27/02) a agência de notícias Reuters, que cita especialistas em segurança como fontes.
O veículo teve acesso às cópias dos documentos, que trazem as fotos de Kim Jong-un e Kim Jong-il, mas estão em nome de Josef Pwag e Ijong Tchoi, alegadamente nascidos em São Paulo. Segundo as fontes, tecnologias de reconhecimento facial confirmaram que as fotos pertencem aos Kim.
Os passaportes, segundo as cópias divulgadas pela agência, tem data de emissão de 26 de fevereiro de 1996, na Embaixada do Brasil em Praga, na República Tcheca.
Não é a primeira vez que a família é acusada de usar documentos de viagem falsificados para tentar sair da Coreia do Norte. As cópias dos passaportes brasileiros, no entanto, nunca haviam sido divulgadas anteriormente, afirmou a Reuters.
"Eles usaram passaportes brasileiros, que claramente mostram as fotos de Kim Jong-un e Kim Jong-il, para tentar obter vistos em embaixadas estrangeiras", disse uma das fontes, sob anonimato. "Isso mostra o desejo de viajar e aponta para tentativas da família de criar uma possível rota de fuga."
De acordo com uma fonte brasileira, que também falou com a Reuters sob condição de anonimato, os dois passaportes em questão eram documentos legítimos quando foram enviados em branco para os consulados.
Quatro fontes de segurança europeias afirmaram que os documentos foram usados para solicitar vistos em ao menos dois países ocidentais. Não ficou claro se os norte-coreanos tiveram, de fato, permissão de viagem concedida. Segundo as fontes, os passaportes podem ter sido usados para viagens ao Brasil, Japão e Hong Kong.
A Embaixada da Coreia do Norte no Brasil se recusou a comentar o assunto. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro, por sua vez, disse que está investigando o caso.
Em 2011, o jornal japonês Yomiuri Shimbun revelou que Kim Jong-un chegou a usar um passaporte brasileiro para visitar o Japão ainda criança, em 1991 – período anterior à expedição do documento divulgado nesta terça-feira pela Reuters. Ele e seu irmão Kim Jong-chul teriam passado uma semana no país, tendo visitado secretamente a Disneylândia de Tóquio.
A família Kim governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete decádas. Kim Jong-il liderou de 1994 até sua morte, em 2011, quando assumiu seu filho mais novo, Kim Jong-un.
EK/rtr/ots
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Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.