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Lúcio fala em deixar o Bayern

Daniel Martínez (as)19 de dezembro de 2007

O zagueiro brasileiro fala de sua vontade de deixar a Alemanha, diz que aceitaria ser capitão do Bayern de Munique e afirma ser quase impossível que estrelas como Kaká e Ronaldinho venham para a Bundesliga.

Lúcio com a braçadeira de capitão do Bayern de MuniqueFoto: Picture-Alliance / ASA

O jogador brasileiro Lúcio afirmou que poderá deixar o Bayern de Munique antes mesmo do final do seu contrato, em 2010. Ele disse que, para realizar o seu sonho de jogar na Itália ou na Espanha, bastaria um acerto entre ele e o clube alemão. "Quando saí do Bayer Leverkusen também faltava cumprir dois anos de contrato", lembra.

Lúcio também disse que gostaria de assumir o posto de capitão do Bayern de Munique. "Isso não é um objetivo de vida para mim nem mesmo vou lutar para obter essa posição, mas também não quero mentir: claro que gostaria de ser capitão", afirmou.

Ele também afirma que craques como Kaká e Ronaldinho dificilmente virão jogar em clubes alemães. "Quando converso com eles sobre nossas experiências, me dou conta de que é mais fácil eles me convencerem a deixar a Alemanha do que eu convencê-los a vir para cá", disse numa entrevista exclusiva à DW-WORLD.

DW-WORLD: Em relação à posição de capitão do Bayern de Munique, uma grande discussão se iniciou na semana passada por causa da sanção imposta a Oliver Kahn, em cuja liderança a direção do clube parece não confiar mais. Willy Sagnol, que poderia receber essa responsabilidade, se desqualificou para o cargo ao anunciar que quer deixar a equipe. Tudo indica que você pode aspirar a essa honra.

Lúcio: Não sonho em me tornar o capitão do Bayern de Munique. Isso não é um objetivo de vida para mim nem mesmo vou lutar para obter essa posição. Não vou fazer nada nem vou criar uma competição para obter essa honra. A decisão é do técnico. Mas também não quero mentir: claro que gostaria de ser capitão caso o clube decida que eu assuma essa responsabilidade. Mas não pelo status que ela tem, isso não me move.

Mas há apenas algumas semanas você teve essa honra. Não foi uma bela experiência?

Zagueiro é titular na seleção brasileiraFoto: picture-alliance / dpa

Sem dúvida foi uma bela experiência, mas ela não me mudou como pessoa nem a forma como eu trabalho para a equipe. O melhor foi poder sentir a confiança que o treinador tem em mim e perceber que os meus companheiros confiam em mim. No tempo em que conduzi a braçadeira de capitão, reinou um ambiente bom e relaxado. Até os funcionários e os massagistas estavam de bom humor e brincavam comigo.

Soa divertido e ao mesmo tempo contraditório, levando em conta que, para os diretores do Bayern, a prioridade é fazer da disciplina o mandamento máximo. E eles querem um capitão que personifique esse valor.

Claro que a disciplina é importante, mas um capitão também tem que ter outras características: tem que ser um exemplo, alguém que trabalhe duro, que respeite o treinador e os seu companheiros, um jogador que sempre dá o melhor de si para o clube. No Bayern, eu sempre representei essas características e por isso me designaram durante algum tempo como capitão.

Alguém poderia pensar que, por você ser capitão da seleção brasileira, tem o direito de aspirar ao cargo também no Bayern.

Nunca fiz nada para ser o capitão da seleção, as coisas se deram dessa forma e estou muito honrado em poder carregar essa responsabilidade. Até agora tudo foi bem, meus companheiros gostam de mim e nos entendemos perfeitamente.

Para você não deve ser nenhum problema se entender com jogadores como Klose, Ribéry ou Luca Toni quando se é líder de um grupo de superestrelas, como Kaká, Ronaldinho e Robinho, entre outros.

Com estrelas como Kaká e Ronaldinho tenho há muito tempo uma excelente relação tanto profissional como privada, eles sempre me escutaram e atenderam aos meus conselhos, mesmo antes de ser capitão. Da mesma forma, quando eles têm algo para me dizer ou me dão sugestões para melhorar, eu os ouço com muita atenção. Por essas razões, cumprir com a minha tarefa na seleção não é nenhum problema.

A propósito de superestrelas, os torcedores do Bayern sonham com nomes como Kaká ou Ronaldinho. Quando os veremos jogando em Munique e na Bundesliga?

Não acredito que algum dia eles jogarão em Munique ou na Alemanha.

Lucio e companheiros comemoram a Copa da Alemanha de 2005Foto: dpa

Como?

É quase impossível conseguir que estrelas do Brasil que joguem na Espanha ou na Itália venham para a Alemanha. Não é um problema do Bayern de Munique como clube, mas tem a ver com o país; na Itália e na Espanha a cultura, os costumes, o idioma e o clima são muito parecidos com os do Brasil. Nem o Bayern nem a Bundesliga podem competir com isso.

Dizem que Luca Toni tenta convencer seus companheiros da seleção italiana para virem a Munique. Você também tenta "vender" o produto Bayern de Munique na seleção brasileira?

Como já disse, as razões que mencionei fazem do Bayern um produto com problemas de mercado. Para mim é muito difícil tentar vender ao Kaká, ao Ronaldinho o ao Robinho a idéia de vir jogar na Alemanha quando eles já jogam em clubes importantes, em países com uma grande liga e boas condições de vida. De qualquer maneira, na seleção há um ou outro que se poderia convencer a vir a Munique, aqueles que já estão na Bundesliga e se acostumaram com a cultura e o futebol alemão, por exemplo Diego, Naldo, Gilberto, Mineiro ou Josué.

Mas nunca Kaká ou Ronaldinho?

Quando converso com eles sobre nossas experiências, me dou conta de que é mais fácil eles me convencerem a deixar a Alemanha do que eu convencê-los a vir para cá.

Mas eles também não conseguiram convencê-lo a ir embora. Você continua aqui.

E meu objetivo é cumprir o meu contrato, que termina em 2010. Claro que eu sigo sonhando com a Itália e a Espanha, ainda quero jogar e viver num desses países. Posso realizar esse sonho antes do previsto se o clube e eu entrarmos num acordo. Quando saí do Bayer Leverkusen também faltava cumprir dois anos de contrato. No futebol se pode conversar sobre tudo quando as oportunidades e o desejo estão presentes.

Então você se despediria da Bundesliga em direção ao sul da Europa?

A única coisa certa é que, tão logo acabe meu vínculo com o Bayern de Munique, eu deixarei definitivamente a Alemanha.

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