Premiado com sete Globos de Ouro, o filme de Damien Chazelle consegue tanto ser um musical moderno quanto uma homenagem aos clássicos do gênero – europeus e de Hollywood.
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Quem for ao cinema assistir a La La Land – Cantando estações logo vai pensar nos grandes musicais americanos. Em particular, na sequência de abertura, quando as autoestradas abarrotadas nos arredores de Los Angeles aparecem na tela e, entre centenas de carros engarrafados, o espectador vê um homem e uma mulher descendo de seus volantes para cantar e dançar entre os automóveis. A sensação é que se foi catapultado para a década de 1950, para a época de ouro dos musicais americanos.
Vêm à mente os grandes clássicos: Um americano em Paris ou Cantando na chuva e, naturalmente, Amor, sublime amor. No entanto, quanto mais a trama do filme avança, outra grande inspiração cinematográfica aparece em primeiro plano: o diretor francês Jacques Demy e seu formato de musical europeu.
Em La La Land, as apresentações de música e dança são empregadas com moderação; com exceção da sequência inicial, as cenas não são dominadas por coreografias de massa, muitas vezes são somente os dois protagonistas que dançam e cantam.
Demy (1931-1990) foi um lobo solitário entre os diretores franceses da Nouvelle Vague, movimento vanguardista dos anos 1960, porque ele foi o único a se ocupar de forma consequente com o gênero musical. Naquela década, ele rodou filmes como Os guarda-chuvas do amor ou Duas garotas românticas, em que narra histórias amorosas interpretadas por atores cantando diante das câmeras.
Uma característica marcante desses filmes foi principalmente uma forte melancolia. Demy apostava menos em dispendiosas coreografias, figurinos e efeitos espetaculares de luz e som e mais na formação de suas personagens e na interação entre estética e história.
Por esse motivo, La La Land – Cantando estações remonta mais aos musicais de Jacques Demy do que aos filmes hollywoodianos do gênero.
"Não há ninguém que tenha influenciado mais este filme ou tudo que já fiz ou ainda vou fazer do que Jacques Demy", disse o diretor do filme, Damien Chazelle: "Os guarda-chuvas do amor é o filme mais perfeito que conheço; eu o adoro acima de tudo."
Estrelado por Ryan Gosling e Emma Stone, La La Land – Cantando estações poderá ser visto antecipadamente a partir desta quinta-feira (12/01) em algumas redes brasileiras de cinema. A estreia oficial está programada para o próximo dia 19.
Os principais ganhadores do Globo de Ouro em 2017
Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood entregou em Los Angeles os prêmios às melhores produções para o cinema e a televisão. Globo de Ouro é considerado um prenúncio dos ganhadores do Oscar.
Foto: Reuters/NBC/P. Drinkwater
Pane força improvisação
Desta vez, o apresentador da cerimônia de entrega do prêmio foi o comediante Jimmy Fallon, que apresenta o talk-show "The Tonight Show". Logo de início, ele teve de improvisar, pois o teleprompter, aparelho de onde deveria ler os textos, não estava funcionando. Fallon fez então uma piada sobre a cantora Mariah Carey, que culpou o equipamento técnico por uma desastrosa apresentação no réveillon.
Foto: Reuters/NBC/P. Drinkwater
Melhor ator de comédia/musical
Ryan Gosling ganhou o prêmio de melhor ator na categoria comédia/musical por seu papel em "La La Land". No palco, ele agradeceu à esposa, Eva Mendes, que durante as gravações do filme estava grávida e teve que cuidar sozinha da filha de 2 anos e do irmão, Carlos Mendes, que tinha câncer. Gosling dedicou o prêmio ao irmão de Eva, que morreu em abril do ano passado.
Foto: Reuters/NBC/P. Drinkwater
"La La Land" leva sete estatuetas
Também a parceira de Gosling no filme, Emma Stone, levou o prêmio de melhor atriz de comédia/musical. "Este é um filme para sonhadores", disse Stone, que disse dividir o prêmio com todos os que lutam por seus sonhos. "La La Land: cantando estações" ganhou ao todo sete estatuetas: filme de comédia/musical, direção (Damien Chazelle), roteiro (Damien Chazelle), atriz, ator, canção original e trilha.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Robinette
Melhor filme estrangeiro
O Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro foi para "Elle" (França), de Paul Verhoeven. O filme enfoca uma empresária bem-sucedida que é envolvida na caça a um homem que a estuprou.
Foto: MFA+
Melhor atriz de comédia/musical na tevê
Tracee Ellis Ross ganhou o Globo de Ouro como melhor atriz de comédia/musical para a televisão por seu papel na série "black-ish", onde é uma médica que, junto com o marido, que trabalha numa gravadora, cria quatro filhos. A série tematiza a vida nos Estados Unidos do ponto de vista de famílias negras de alto poder aquisitivo.
Foto: Reuters/M. Anzuoni
Vida da rainha
Claire Foy ganhou um Globo de Ouro como melhor atriz de drama pela sua representação da rainha Elizabeth 2ª na série "The Crown", transmitida pela Netflix e que apresenta a vida da rainha desde os anos 1940. "The Crown" também levou o prêmio de melhor série televisiva dramática.
Os comediantes Kristen Wiig e Steve Carrell apresentaram o prêmio ao melhor filme de animação. Carrell recordou que o primeiro filme de animação que viu foi "Fantasia" e que, logo depois, seus pais se separaram. O primeiro filme de animação de Wiig foi "Bambi", a que ela teria assistido depois da morte do avô e após seus dois cães terem sido sacrificados. O prêmio foi para "Zootopia".
Foto: picture-alliance/AP Photo/NBC/P. Drinkwater
Meryl Streep ganha prêmio pela carreira
Meryl Streep recebeu o prêmio Cecil B. DeMille pela sua carreira. A atriz, que apoiou Hillary Clinton na recente campanha eleitoral nos Estados Unidos, aproveitou para fazer um discurso crítico contra Donald Trump. Além disso, citou sua amiga falecida recentemente, Carrie Fisher, que ficou famosa no papel de Leia em "Guerra nas Estrelas": " Pegue seu coração partido e o transforme em arte".