Ladrões levam 1 bilhão de euros em joias de museu em Dresden
25 de novembro de 2019
Sem equivalente na Europa, coleções do século 18 pertenciam a príncipe da Saxônia. Criminosos podem ter sabotado luz da área no horário do roubo.
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Ladrões realizaram um roubo bilionário na madrugada desta segunda-feira (25/11) no museu Grünes Gewölbe (Abóbada Verde), no Palácio Real em Dresden, levando, entre outros artefatos, três conjuntos de joias do século 18 consideradas de valor incalculável.
O museu possui uma das maiores coleções de tesouros barrocos na Europa e abriga em torno de 4 mil objetos de alto valor feitos de ouro, prata, pedras preciosas e marfim, entre outros materiais valiosos.
A polícia foi alertada por volta das 5 horas da manhã. Não houve prisões, mas as autoridades examinam imagens das câmeras de segurança que detectaram dois suspeitos na sala das joias. Eles entraram no local por uma janela após cortarem uma grade e quebrarem o vidro. Não está excluída a participação de outras pessoas no roubo.
O tesouro pertencia ao príncipe da Saxônia Augusto, o Forte (1670-1733). Os três conjuntos de joias barrocas roubados compunham-se de dezenas de gemas. "Não podemos estimar um valor, porque é algo impossível de ser vendido", informou a diretora de coleções de arte de Dresden, Marion Ackermann. "O valor material não reflete o significado histórico."
É possível que o abastecimento de energia elétrica do museu tenha sido sabotado antes da invasão ao local. Segundo a empresa de energia, um incêndio numa caixa de junção provocou uma interrupção no abastecimento elétrico da região. As luzes das ruas ficaram apagadas no momento do crime, o que prejudicou a iluminação em frente à janela utilizada pelos criminosos para entrar no local. A ligação entre a pane e o roubo ainda está sendo investigada.
A valiosa coleção de arte de Dresden
04:26
A imprensa alemã relatou que o valor dos artefatos roubados seria em torno de 1 bilhão de euros. De acordo com o jornal Bild, este seria, provavelmente, "o maior roubo de artes desde a Segunda Guerra Mundial".
O diretor do museu, Dirk Syndram, frisa que as coleções possuem "valor cultural inestimável", em particular se estiverem completas. "Nenhuma outra coleção na Europa possui joias ou conjuntos de joias preservadas nessa forma e quantidade. O valor está realmente no conjunto."
A polícia destacou uma equipe especial de investigadores para o caso, disse o secretário do Interior da Saxônia, Roland Woeller: "Faremos tudo ao nosso alcance não só para recuperar os tesouros culturais, mas também para capturar os criminosos."
Os agentes da lei alertaram as autoridades dos estados vizinhos e chegou a bloquear estradas em busca do veículo dos assaltantes. Um carro incendiado foi encontrado, mas ainda não há indícios de ligação com o crime.
Um dos itens mais conhecidos e preciosos do museu, o Diamante Verde de Dresden, de 41 quilates, possivelmente originário do Brasil ou da Índia, está atualmente emprestado para uma exposição no Museu Metropolitano de Arte de Nova York, juntamente com outros itens de alto valor.
Entre 1723 e 1729, Augusto, o Forte transformou a sala do tesouro do palácio num museu para as joias da coroa. No espaço – que ficou conhecido por Abóbada Verde devido à cor das paredes – o monarca reuniu uma das coleções de joias reais mais valiosas da Europa, além de peças de marfim, bronze e pedras preciosas.
O edifício, danificado nos bombardeios que devastaram a cidade durante a Segunda Guerra Mundial, foi restaurado e reaberto em setembro de 2006, logo se tornando um dos principais pontos turísticos de Dresden.
Os mais espetaculares roubos de obras de arte da história
Armados, disfarçados de policiais ou de turistas, ladrões entraram para a história ao roubar valiosas pinturas e objetos de museus – da "Mona Lisa" a uma moeda de ouro de 100 quilos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Van Weel
Quando o sorriso de Mona Lisa desapareceu
Em 1911, o retrato feminino mais famoso do mundo – "Mona Lisa", de Leonardo da Vinci – foi roubado. Um jovem italiano, Vincenzo Peruggia, furtou a imagem do Louvre depois de se vestir como um empregado do museu parisiense e esconder a obra debaixo do casaco. A pintura reapareceu em 1913, após um comerciante de arte denunciar Peruggia à polícia.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
A pintura mais roubada
O retrato de "Jacques 3º de Gheyn", de Rembrandt, foi roubado quatro vezes da Dulwich Picture Gallery, no Reino Unido, em 1966, 1973, 1981 e 1986. Por isso, a pintura também é conhecida como "o Rembrandt para viagem". Também após o último roubo, a obra de arte felizmente foi recuperada.
Foto: picture-alliance/akg-images
Misterioso roubo em Boston
Em 1990, o roubo de 13 pinturas do Museu Isabella Steward Gardner, em Boston, nos EUA, atraiu a atenção internacional. Dois homens disfarçados de policiais invadiram o prédio e roubaram, entre outras obras de arte, "Chez Tortoni", de Édouard Manet, e "O Concerto" (foto), de Jan Vermeer. Até hoje, as molduras, sem os quadros, permanecem penduradas no local.
Foto: Gemeinfrei
O roubo espetacular de pinturas de Van Gogh
Em 1991, sem ser notado, um homem se fechou num banheiro do Museu Van Gogh, em Amsterdã, e roubou 20 pinturas com a ajuda de um supervisor. Entre elas, estavam o "Autorretrato diante do cavalete" (foto). No entanto, a polícia conseguiu recuperar as obras roubadas apenas uma hora depois, no veículo usado na fuga. Depois de alguns meses, os ladrões foram presos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Van Weel
"Virgem do fuso" desaparecida
A pintura de Leonardo da Vinci, avaliada em até 70 milhões de euros, foi roubada em 2003 de um castelo na Escócia. Dois ladrões, que entraram na exposição como turistas, dominaram o guarda do Castelo de Drumlanrig e fugiram com a obra. A imagem ficou desaparecida por quatro anos. Somente em 2007 ela foi recuperada após uma batida policial realizada em Glasgow.
Foto: picture-alliance/dpa
Roubo armado no Museu Munch
Em 2004, "O grito" e "Madonna", do expressionista Edvard Munch, foram roubadas em Oslo. Dois criminosos armados invadiram o Museu Munch e furtaram as obras diante de várias testemunhas. Durante uma busca, a polícia recuperou as duas pinturas. Porém, o estado de "O grito" era tão ruim que o quadro não pôde ser totalmente restaurado.
Foto: picture-alliance/dpa/Munch Museum Oslo
Roubo milionário na Suíça
Em 2008, ladrões armados roubaram quatro pinturas no valor de 180 milhões de francos suíços do museu privado Fundação Coleção Emil G. Bührle, em Zurique: "Rapaz de colete vermelho", de Paul Cézanne; "Conde Lepic e suas filhas", de Edgar Degas; "Amendoeira em flor", de Vincent Van Gogh; e "Campo de papoulas perto de Vétheuil" (foto), de Claude Monet. Todos foram recuperados.
Foto: picture-alliance/akg-images
Moeda de ouro de 100 quilos em Berlim
Em março de 2017, uma moeda de ouro de 100 quilos, com valor nominal de 1 milhão de dólares, foi roubada do Museu Bode, em Berlim. Os ladrões provavelmente usaram uma escada para entrar no edifício. A moeda, chamada de "Big Maple Leaf", é originária do Canadá, tem 53 centímetros de diâmetro e três centímetros de espessura. Na parte frontal, ela traz o retrato da rainha Elizabeth 2ª.
Foto: picture-alliance/dpa/F.May
2019: Roubo na Abóbada Verde em Dresden
Três conjuntos de joias foram roubados no museu Grünes Gewölbe (Abóbada Verde), no Palácio Real em Dresden, em 25 de novembro de 2019. Investigações iniciais apuraram que os ladrões entraram por uma janela e quebraram as vitrines, como mostra um vídeo.