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Lance Armstrong admite doping, afirma imprensa dos EUA

15 de janeiro de 2013

Ciclista, que sempre negou categoricamente o uso de substâncias proibidas, admite ter conquistado sete Voltas da França dopado, afirmam jornais e agências de notícias.

Foto: dapd

O ciclista Lance Armstrong quebrou o silêncio. Em entrevista à apresentadora Oprah Winfrey, Armstrong admitiu o uso de substâncias proibidas, afirmam agências de notícias e jornais norte-americanos, baseados em fontes ligadas ao programa da apresentadora.

O ciclista e Oprah gravaram a entrevista num hotel na cidade de Austin, no Texas, na noite desta segunda-feira (14/01). Armstrong, outrora considerado o maior ciclista de todos os tempos, teria admitido na entrevista que competiu dopado desde a metade da década de 90, incluindo todas as sete etapas da Volta da França que ele conquistou. Armstrong teria melhorado o seu rendimento usando testosterona, cortisona e eritropoietina, mais conhecida por EPO.

Assim que terminou a gravação, Oprah publicou em sua conta do Twitter: "Acabei de passar duas horas e meia com @lancearmstrong. Ele estava preparado!" O jornal americano The New York Times publicou que Armstrong pretende testemunhar contra "várias pessoas poderosas do ciclismo". Suspeita-se que a União Ciclística Internacional (UCI) tinha conhecimento e acobertava o sistema de dopagem que envolvia a equipe em torno de Armstrong.

Segundo a imprensa, a estratégia do ciclista é se colocar à disposição da Justiça americana e colaborar com as investigações na tentativa de diminuir a punição de exclusão do esporte e de prováveis julgamentos que estão por vir.

Armstrong corre o risco de ser preso por falso testemunho perante os inquéritos feitos pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada, em inglês). Caso semelhante levou a ex-pentacampeã olímpica Marion Jones a seis meses de prisão e 400 horas de trabalhos comunitários, em 2008.  

Nem Armstrong nem Oprah quiseram comentar o que foi dito na entrevista que vai ao ar nesta quinta-feira (17/01), no canal OWN, nos Estados Unidos.

Armstrong conquistou sete vezes a Volta da França. Vitórias foram cassadas pela UCI no final de 2012Foto: picture-alliance/dpa

Carreira vencedora e fim trágico

A carreira de Armstrong alcançou patamares antes inimagináveis. Em 1992, ele fica em 14º lugar nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Após os Jogos, torna-se ciclista profissional e em sua primeira corrida, La Clasica de San Sebastian, termina em último lugar. Um ano mais tarde é campeão mundial e vence pela primeira vez uma etapa da Volta da França.

Porém, em 1996, o primeiro choque na vida do ciclista. Armstrong é diagnosticado com câncer nos testículos e que se espalhou pelos pulmões e cérebro. Ele é submetido a sessões de quimioterapia. No ano seguinte recomeça os treinamentos e funda a instituição Livestrong, que fornece apoio a vítimas de câncer.

Em 1999 começa a escalada espetacular do atleta. O americano conquista a Volta da França por sete anos consecutivos e é festejado como o maior ciclista de todos os tempos.

Em 2004 começaram os rumores de que Armstrong pudesse estar tomando substâncias dopantes.

Em 2005, no mesmo ano que Armstrong anuncia sua aposentadoria, o jornal esportivo francês L'Equipe divulga que foram encontradas amostras de EPO em seis testes de urina do ciclista, feitos em 1999. Armstrong nega e a UCI declara o ciclista inocente porque as contraprovas não foram tiradas nos padrões científicos exigidos. A Agência Mundial Antidoping (Wada) chama o relatório da UCI de ridículo.

Armstrong voltaria a competir em 2008. Em 2009 a Agência Francesa de Luta contra o Doping (AFLD, em francês) acusou o americano de não cooperar nos controles de dopagem. Em 2010 é a vez de um colega de equipe, Floyd Landis, acusar o heptacampeão de usar componentes dopantes.

A partir de 2011 a situação começa a ficar apertada para Armstrong. Os ex-colegas Stephen Swart e Tyler Hamilton relatam o uso de EPO nas Voltas da França de 1999 até 2001. O ciclista anuncia a sua aposentadoria definitiva.

No ano passado a Usada fecha o cerco, acusa Armstrong de uso de substâncias proibidas e o suspende de todas as competições para o resto da vida. Armstrong, que até este ponto havia sempre negado categoricamente o uso de doping, abdica do procedimento jurídico. No relatório final da Usada consta que Armstrong e sua equipe haviam "praticado o sistema de doping mais inteligente, bem-sucedido e profissional da história do esporte".

No dia 22 de outubro, a UCI cassa os sete títulos da Volta da França, aniquilando de vez a carreira mais vitoriosa da história do ciclismo.

Armstrong parece estar agora tentando um recomeço. O primeiro passo já foi dado. Momentos antes da sua confissão à Oprah, ele foi à sede de sua instituição Livestrong e, com a voz embargada, pediu perdão. Alguns empregados teriam chorado e o clima teria sido digno do enterro de uma estrela mundial.

PV/sid/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

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