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Lembranças palpáveis

Andreas Tzortzis / (ms)30 de julho de 2004

Estudantes da Universidade Bauhaus, em Weimar, estão envolvidos com um assunto nunca antes abordado. Que tipo de lembrancinha pode ser comercializada em um antigo campo de concentração?

Memorial de BuchenwaldFoto: AP

Além de alguns livros sobre o tema, cartões postais e a lembrança na memória do que foi visto no cinzento e isolado local, não há mais nada que o turista possa levar para casa depois de visitar o antigo campo de concentração Buchenwald.

Isto, entretanto, irá mudar a partir de 2005. Ao completar 60 anos de sua extinção como campo de extermínio, o hoje Memorial Buchenwald colocará à venda lembrancinhas criadas por estudantes da Universidade Bauhaus.

O projeto de desenvolvimento destas lembranças é resultado de um trabalho conjunto entre a associação que administra o memorial e a universidade. O dinheiro arrecadado com a comercialização destas peças será revertido para a associação, que carece de recursos.

Os participantes sabem que tal iniciativa não passará despercebida e, com certeza, será alvo de críticas e discussões. Olaf Theuerkauf, presidente da associação, garante que nenhum outro campo de concentração faz algo parecido. "Provavelmente eles não se atrevem."

Não é bem assim

"Os visitantes levam as lembranças em suas mentes ou talvez em fotos", atestou Jarek Mansfeld, do Museu Auschwitz-Birkenau, em entrevista à DW-WORLD. "Nós não temos nenhuma caneta com a palavra 'Auschwitz' impressa ou qualquer coisa semelhante. E também não queremos isso. Não pretendemos comercializar o museu."

Os responsáveis pelo Memorial de Buchenwald também pensavam assim até que os visitantes passaram a questionar o fato de não ter lembrancinhas à venda. Isto acabou desencadeando um debate entre a associação e a universidade e resultou em um seminário de doze semanas.

Será possível?

"Eu tinha minhas dúvidas de que seria realmente possível fazer algo como um souvenir. Para mim, tudo o que pudesse ferir o indivíduo era tabu", revelou a universitária Sabine Hipp, 21 anos, durante a exposição dos objetos criados para a futura comercialização. É de sua autoria um folheto com uma foto em preto-e-branco de uma das vítimas no período anterior ao holocausto, onde consta ainda uma pequena biografia desta pessoa.

Souvenir criado por Tom Hanke

Tom Hanke, 23 anos, plantou pequenas mudas de árvores da região em vasinhos. Outros colegas se inspiraram, por exemplo, na constituição alemã pós-guerra, copiando frases sobre direitos humanos e imprimindo-as em pulseiras ou plaquetas.

Peso da responsabilidade

Para chegar a este resultado, a turma conheceu em detalhes as instalações de Buchenwald, teve acesso aos arquivos, participou de palestras e discutiu intensamente o tema.

Esta geração talvez seja a mais adequada para encarar um projeto como este, de acordo com os organizadores. O passado e o peso da responsabilidade de não esquecer o holocausto ainda estão presentes nos jovens de hoje, mas não tanto que os impossibilite de manter a devida distância para executar um trabalho pragmático como este, afirmou Theuerkauf.

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