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Lenine comemora 30 anos de carreira: “Sou raiz, mas também sou antena”

Fernanda Azzolini25 de agosto de 2013

Recifense-carioca, Lenine não gosta de rótulos e define o que faz apenas como música. Sem perder raízes pernambucanas, compositor, cantor e produtor afirma que a música o levou a conhecer o mundo.

Foto: DW/R. Göpfert

Fincado no Chão – título do décimo e mais recente disco de Lenine – e ao mesmo tempo por aí, atravessando A ponte – nome do projeto com o maestro holandês Martin Fondse e orquestra – o músico comemora em 2013 o trigésimo ano de sua carreira sem demonstrar muito saudosismo, mas bem satisfeito.

"Não sou de olhar para trás, mas desta vez, eu olhei e gostei do que vi", disse durante sua passagem pela cidade alemã de Frankfurt do Meno, onde se apresentou neste sábado (24/08). Lenine concedeu entrevista à DW Brasil entre as guitarras e violões de uma das lojas musicais mais antigas da cidade, em funcionamento desde 1904. No local onde Elvis Presley, John Lennon e Rolling Stones já compraram instrumentos, ele falou sobre sua vida e carreira.

Do Recife para o Rio de Janeiro

Osvaldo Lenine Macedo Pimentel deve seu nome a uma homenagem do pai socialista ao líder soviético Vladimir Lênin. No início de sua história está o gosto pelo rock e uma faculdade de Engenharia Química, interrompida aos 20 anos para viver o sonho de ser músico. Foi quando Lenine se mudou para onde a cena da música popular brasileira borbulhava: o Rio de Janeiro.

A discografia de Lenine inclui até agora dez álbuns, e começou em 1983 com Baque solto, LP em parceria com Lula Queiroga. Dez anos depois, o lançamento do segundo disco Olho de peixe – considerado por Lenine o mais importante de sua carreira – foi a ponte para a carreira internacional.

30 anos de carreira, com 10 discos lançados, 5 prêmios Grammy Latino e inúmeras parcerias musicaisFoto: DW/R. Göpfert

Lenine se define mais como compositor: cantar e produzir vieram como consequência da composição, que em 30 anos também preenche uma longa lista de trabalhos para novelas, filmes e seriados. Como acontece com muitos músicos, ele nem sempre canta o que compõe. "Mais de 50% do que componho eu não canto. Isso é porque algumas não consigo cantar", brinca.

Entre os artistas que já gravaram as músicas de Lenine estão Gilberto Gil, Milton Nascimento, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, O Rappa e Zélia Duncan. Em 2007, um ano depois de ganhar com Acústico MTV o Grammy Latino na categoria de Melhor CD Pop Contemporâneo, Lenine criou a trilha sonora para um espetáculo do Grupo Corpo, companhia brasileira de dança contemporânea conhecida internacionalmente.

Sem rótulos

Lenine prefere que seu trabalho não seja rotulado, e diz que não faz pop, nem rock, e sim música. Ele é dado a experimentações, como mostra o último disco lançado, Chão. Montado num cenário especial, ele é embalado com sons do cotidiano do músico, como o ruído agudo das cigarras, o canto do canário da sua sogra, barulho de carros e de uma moto-serra derrubando árvores. "Sou raiz, mas também sou antena", comentou.

The bridge(A ponte) – título original de um dos 30 projetos que fazem parte da comemoração de sua carreira – teve como deixa um dos marcos da relação histórica entre Brasil e Holanda, a Ponte Maurício de Nassau, em Recife, réplica de uma ponte de Amsterdã. Depois de uma turnê pela Europa em maio deste ano, Lenine se encontrou novamente em Frankfurt com o maestro holandês Martin Fondse e orquestra, para cantar os principais sucessos da carreira do brasileiro, como Paciência, Jack Soul Brasileiro e, é claro, A ponte.

A apresentação, gratuita e open air, fez parte do programa paralelo da Feira do Livro de Frankfurt, que transcorre em outubro e tem o Brasil como país homenageado. A programação teve início na sexta-feira em Frankfurt, e engloba a arte brasileira nas mais diversas formas, sejam apresentações musicais, exposições, espetáculos de teatro e dança, ou projetos de performance, instalações e videoarte.

Lenine e orquestra do maestro holandês Martin Fondse, em FrankfurtFoto: DW/R. Göpfert
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